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Shopping Atuba, em Curitiba, foi gestado em 2011, mas ainda não foi dado início às obras | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Shopping Atuba, em Curitiba, foi gestado em 2011, mas ainda não foi dado início às obras| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Se o otimismo tomou conta do setor de shopping centers no início da atual década, o sentimento agora é de cautela entre os empresários. Os empreendimentos que estavam em construção serão mantidos, mas podem ter suas inaugurações adiadas em função da crise econômica e da dificuldade de fechar contratos com lojistas. Já quem tinha projetos de novos centros comerciais ainda no papel está reavaliando o melhor momento para entrar no mercado.

A mudança de humor dos empresários ocorreu a partir da desaceleração do setor. Se até 2014 as vendas do mercado de shoppings cresciam acima da inflação, apresentando taxas de dois dígitos, o cenário foi diferente em 2015. No ano passado, o faturamento atingiu R$ 151,5 bilhões, valor 6,5% maior do que em 2014, mas menor do que a inflação do período, de 10,67%.

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Foz do Iguaçu viu “casamento” de empreendedores

Na cidade, foi inaugurado em junho o Shopping Catuaí Palladium, com investimentos de R$ 350 milhões e 90 mil metros quadrados de área construída. Ele começou a ser construído pelo Grupo Tacla em janeiro de 2014 e, em agosto daquele ano o grupo Catuaí decidiu paralisar a construção de outro shopping para se unir ao projeto do Palladium . Antes, cada grupo previa construir um shopping, separados. Segundo a assessoria do empreendimento, 70% do espaço para as lojas está comercializado.

Para este ano, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) prevê que o setor vai manter o ritmo de crescimento de 2015, em 6,5%. Se confirmado esse índice, mais uma vez os shoppings vão perder para a inflação. O último Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (1º), prevê que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fecha o ano em 7,21%.

Os números impactam no andamento dos projetos de novos shoppings. Apesar de estarem previstas 28 inaugurações em 2016, no ano passado o país ganhou somente 18 novos empreendimentos, número bem abaixo do de 2013, quando 38 shoppings foram abertos.

A superintendente da Abrasce, Adriana Colloca, explica que os shoppings têm um prazo de maturação grande e que os centros que estão sendo lançados foram projetados há três ou quatro anos, quando as vendas do varejo ainda estavam aquecidas. Já novos projetos vão ficar mais tempo no papel.

Projetos curitibanos

É o caso, por exemplo, do Shopping Atuba, em Curitiba. O projeto começou a ser desenhado no fim de 2011, mas até o momento não há previsão para o início das obras.O empresário Félix Strobel Júnior, idealizador do empreendimento, afirma que, além da crise, medidas mitigatórias, como melhorias no sistema viário, estão atrasando a construção.

Jockey Plaza adiado em Curitiba

Diferente dos Shoppings Atuba e Boulevard, as obras do Jockey Plaza, também em Curitiba, começaram em 2015. Mas, em função do cenário econômico incerto, a inauguração foi adiada de 2017 para 2018. Em entrevista à Gazeta do Povo em julho, o empresário Aníbal Tacla afirmou que a alteração vai ser saudável para o negócio e que diversos empreendimentos estão seguindo o mesmo caminho.

Strobel diz que, como o projeto conta com investidores estrangeiros, precisa haver segurança antes de aportar dinheiro. “O dinheiro está mais caro. As taxas de juros estão elevadas. Isso tem influência sobre o andamento.” O Shopping Atuba terá 20 mil metros quadros de área bruta locável, com espaço para cerca de 200 lojas. Do total, 20% já estão reservadas, segundo o empresário.

O Park Shopping Boulevard, que também será construído em Curitiba, é outro caso que espera para sair do papel desde 2011. Segundo o empresário Michel Gelhorn, o lançamento deve acontecer no fim de 2017, junto com o início das obras. Já a inauguração deve ficar para 2020. “O momento não é o ideal. Também vai ter a inauguração do Jockey em 2018, então resolvemos jogar para frente”, explica.

O pedido de adiar a inauguração também partiu dos lojistas. Segundo Gelhorn, as lojas âncoras do empreendimento, que terá 80 mil metros quadrados de área construída e quase 400 lojas, julgam que o momento também não é adequado, influenciadas pela retração do consumo.

Vacância incomoda

A taxa de vacância também incomoda os empresários de shopping centers. Pesquisa do Ibope Inteligência, realizada neste ano, mostra que a dificuldade em alugar os pontos comerciais é maior entre os empreendimentos inaugurados depois de 2012, que têm uma taxa média de vacância de 45%, contra 9,1% dos projetos que estão há mais tempo no mercado.

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