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| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

A crise mundial e a atuação dos bancos centrais devem fomentar, nos próximos quatro anos, bolhas financeiras em série na economia global. O Brasil deve passar praticamente sem traumas pela atual turbulência e tem a chance de se destacar entre os emergentes; mas, sem reformas, ficará condenado a avançar 3% ao ano, quando teria potencial para crescer a 7%. A opinião é do economista Paulo Guedes (foto), Ph.D. pela Universidade de Chicago, diretor da BR Investimentos. Um dos fundadores do banco Pactual, ele esteve em Curitiba para ministrar uma palestra promovida pela PUCPR e HSM Educação. Em entrevista à repórter Cristina Rios, ele disse que o Brasil tem dinâmica própria no jogo global, mas está perdendo a oportunidade de avançar de maneira mais consistente e sustentável.

Como o Brasil está se saindo em meio à crise ?

O mundo parou para conserto e deve ficar assim nos próximos três anos. Mas o Brasil está dessincronizado desse movimento e desalavancado. Tem dinâmica própria no jogo global, o que lhe garante uma oportunidade de crescimento jamais vista. Está iniciando um ciclo enquanto o restante do mundo está terminando. Vivemos duas décadas de hiperinflação e ficamos de fora do crescimento global. Agora é nossa chance. A questão é que não estamos aproveitando a oportunidade como deveríamos. Teríamos potencial para crescer 7%, 8% ao ano de maneira sustentada, se fossem feitas as reformas trabalhista, fiscal e previdenciária. Sem elas, seremos condenados ao que chamo de armadilha de baixo crescimento da social democracia.

O senhor tem argumentado que a atual crise vai se desdobrar em novas crises nos próximos anos. Como isso se dará?

O Fed (banco central dos EUA) e o Banco Central da China manipulam preços para a economia mundial, de olho na criação de empregos domésticos. Os americanos, com suas taxas de juros extraordinariamente baixas por mais de uma década, criam bolhas financeiras em série. Os chineses manipulam seu câmbio, estimulam suas exportações e roubam empregos em todo o mundo. A diferença entre nós e a China é que o Brasil olha para seu mercado interno, e os chineses, para o mercado global.

Há muito dinheiro no mundo, que vem sendo direcionado para os emergentes. Há risco de bolhas?

Nos próximos cinco anos vamos assistir a uma enxurrada de crédito que vai inundar os emergentes. O problema é que uma pequena parte disso vai para investimento na produção. Alguma bolha vai ocorrer, sem dúvida, pois em algum momento esses recursos vão secar.

Como o senhor vê a atuação do governo para tentar frear a valorização do real frente ao dólar?

É como se o governo usasse cavalaria para combater uma guerra nuclear. A questão é mais ampla e passa mais uma vez pelas reformas para dar competitividade para as empresas nacionais. Hoje temos uma guerra de empregos em todo o mundo. O chinês já nasce vendendo geladeira, vendendo carro. Os brasileiros fazem fila para conseguir um emprego público.

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Patentes de menos

Os esforços feitos pelo governo nos últimos anos para incentivar a inovação tecnológica no Brasil pouco adiantaram para melhorar o desempenho do país nessa área. Estudo do escritório de advocacia Montaury Pimenta, Machado & Vieira de Mello mostra que as empresas brasileiras estão bem atrás das chinesas e das indianas quando se trata do registro de patentes.

Só em 2010, o escritório americano de patentes concedeu 175 pedidos do Brasil, contra 2.657 da China e 1.098 da Índia. Entre 2007 e 2010, o país teve 469 patentes deferidas nos Estados Unidos, contra 6.309 da China e 2.957 na Índia.

Iogurte para a Colômbia

A Yoguland, franquia curitibana de iogurterias, inaugurou em Bogotá, capital da Colômbia, a primeira loja fora do Brasil. Um empresário local tomou a iniciativa do investimento de R$ 115 mil, com a expectativa de um faturamento mensal de R$ 25 mil, de acordo com Rafael Soares, sócio da empresa. Por causa de um concorrente com o mesmo nome, a marca mudou para Frozenland.

A mudança, porém, não atrapalha os planos internacionais da iogurteria, que planeja três novas franquias na Colômbia até o fim de 2012. Para este ano, também está prevista uma loja no Paraguai. No Brasil, a Yogu­­land opera em oito estados.

Rodando Mercedes-Benz

A Rodobens Caminhões e Ônibus de Curitiba passa a oferecer, a partir deste ano, toda a linha de produtos da Mercedes-Benz. Desde 2000, quando se instalou na cidade, a empresa vendia as linhas de utilitários e caminhões leves. Com essa mudança, a expectativa é aumentar em 35% o volume de negócios na capital, em relação a 2011, informa o diretor-geral Ademir Odorício. O crescimento estimado para o país é de 10,5%.

Odorício e o presidente da Rodobens Negócios e Soluções, Eduardo Rocha, estiveram em Curitiba essa semana para um jantar com clientes. O encontro marcou a mudança do nome da concessionária de Cirasa Curitiba para Rodobens.

Planos de expansão

Pelo menos R$ 15 milhões serão investidos em cada uma das sete novas lojas de material de construção que o grupo Cassol pretende inaugurar, nos próximos dois anos, na Região Sul. O plano de desenvolvimento da empresa – que já fatura mais de R$ 1 bilhão por ano – inclui a nada modesta meta de ser o maior home center do mundo. Treinamento para os funcionários e expansão da rede de lojas são os pilares da ampliação do grupo. Até 2013, está prevista a conquista dos consumidores nos três estados do sul do país. A partir de 2014 será possível marcar presença em outras regiões do país.

ALL sairá da Argentina

A companhia logística ALL confirmou na semana a intenção de vender suas ferrovias na Argen­tina, que operam as linhas Urquiza e San Martin. Em comunicado ao mercado, a empresa confirmou conversas com potenciais investidores, entre eles a construtora Techint, mas ressalvou que as negociações são iniciais.

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