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Sistema do Playstation3 ficou fora do ar: hackers conseguiram informações sigilosas dos cartões de crédito dos usuários da rede da Sony | Fotos: Reuters
Sistema do Playstation3 ficou fora do ar: hackers conseguiram informações sigilosas dos cartões de crédito dos usuários da rede da Sony| Foto: Fotos: Reuters

No último dia 19, milhões de usuários do Playsta­tion 3 em todo mundo encontraram uma mensagem de erro ao tentar entrar na Playstation Network, rede on-line da Sony. Em poucas horas, os relatos se multiplicaram pela internet e ficou claro se tratar de um problema global. Em diversas outras ocasiões o sistema havia falhado, normalmente em decorrência de uma atualização. Mas dessa vez o silêncio da empresa japonesa sinalizava que algo pior teria acontecido.

Ninguém poderia imaginar que o processo movido contra o hacker conhecido como GeoHot, que disponibilizou as chaves que abriram a porta da pirataria no console, chegasse a este nível. Pode ser uma incrível coincidência, mas dias após um acordo judicial com o hacker, que prometeu nunca mais comprar um PS3, e diversas mensagens de grupos hackers, o mais ativo deles o Anonymous, a rede que possui 70 milhões de usuário caiu. Não apenas ficou off-line, o ataque pode ter conseguido acesso ao cadastro pessoal dos usuários, inclusive dos números de cartões de crédito.

Dois dias depois da queda, a Sony reconheceu que foi alvo de um ataque criminoso classificado como "intromissão externa". O porta-voz do PlayStation no ocidente, Patrick Seybold, usou o blog oficial para informar que a rede havia sido tirada do ar para que uma investigação completa pudesse ser conduzida. Em outras palavras, sem previsão para a volta do sistema. Além de não poder jogar on-line, ninguém conseguia acessar a loja de jogos.

Em 25 de abril, a Sony ainda não havia informado se os dados dos usuários, como números de cartões de crédito, haviam sido furtados. O porta-voz da Sony Japão, Satoshi Fukuoka, também veio a público para explicar que a empresa não sabia do tamanho do estrago. Ele também informou que, provavelmente, o Anonymous não estaria por trás dos ataques. O próprio grupo confirmou, em nota, que não teria participado da ação.

A queda do sistema veio num dos piores momentos para os jogadores. Mortal Kombat, SOCOM 4 e Portal 2, os principais lançamentos do ano, acabavam de chegar às lojas trazendo como um dos principais fatores de compra justamente a experiência on-line. Esse, entretanto, era o menor dos problemas. No dia 26, a Sony confirmou que os dados dos usuários haviam sido violados. Uma empresa de segurança teve que ser contrata às pressas e houve a promessa de que a infraestrutura da PSN seria reforçada para aumentar a confiabilidade das informações ali contidas. O sistema, no entanto, continuava fora do ar. Foram reveladas as possíveis informações furtadas: nomes, endereços, e-mails, datas de aniversário, login e senha da PSN.

Foi o bastante para que, completada uma semana após o primeiro ataque, as ações da Sony caíssem, segundo o jornal japonês Nikkei Keizai. No mesmo dia, a Forbes estimava perdas de US$ 24 bilhões com o incidente e a primeira ação judicial foi anunciada. Um advogado norte-americano entrou com processo coletivo alegando que a Sony não havia seguido as normas da indústria e teria prejudicado os milhões de usuários. Na ação, o episódio é classificado como "uma das maiores violações de dados na história da Internet". Segundo a agência de notícias Reuters, o FBI já estaria investigando o caso. GeoHot, que nunca perde a oportunidade de ironizar as desventuras da Sony, aproveitou para avisar que "não estava envolvido de forma alguma" com os ataques. "Prefiro não ter o FBI batendo na minha porta", escreveu em seu blog.

Os usuários da rede, como o leitor Tiago Pacheco informou a este colunista, começaram a receber um comunicado oficial um tanto quanto preocupante: "Se você forneceu dados de cartão de crédito à PlayStation Network, como medida de extrema precaução informamos que é possível que seu número de cartão de crédito (não o código de segurança) e data de expiração também tenham sido obtidos". A solução? Esperar o sistema se reestabelecer para tentar trocar a senha. Até o fechamento desta coluna, na sexta-feira, ainda não era possível realizar a operação.

O Playstation 3 foi o video game que mais resistiu à pirataria na história. O que levou a uma onda de tentativas de desbloqueios e culminou numa guerra declarada entre os executivos da Sony e os criminosos anônimos da internet. O ataque também colocou em xeque a confiabilidade de todas as lojas de distribuição digital. Se a Sony que era o paladino da luta contra a pirataria não resistiu, como ter certeza que outras lojas não sucumbirão quando estiverem na mira dos hackers? Ca­­dastrar seu cartão de crédito na Appstore, da Apple, é tão seguro quanto parece? Vale lembrar que GeoHot ficou conhecido justamente quebrando a proteção de iPhones, iPods e iPads. O caso me­­rece uma reflexão muito maior, ainda mais com as recentes descobertas de que empresas como a Apple estavam registrando todas as movimentações físicas dos proprietários de seus aparelhos sem o conhecimento dos proprietários. É informação demais rolando por aí e que, aparentemente, pode estar nas mãos de criminosos no mo­­mento em que eles quiserem.

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