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Análise - Audiência sobre algodão abre novo confronto

A audiência pública sobre algodão transgênico programada para hoje transformou Brasília novamente em arena de confronto entre defensores e detratores das sementes geneticamente modificadas. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) recebeu cerca de 900 inscrições de ambientalistas, produtores e técnicos interessados em participar das discussões, mas só 500 devem participar, por falta de espaço no auditório.

O início das discussões está programado para as 9 horas. A previsão é de que a discussão se estenda durante todo o dia, como ocorreu nas audiências anteriores. Hoje o Brasil aceita o plantio de apenas um tipo de algodão transgênico, o Bollgard (Bt), da Monsanto, resistente a alguns insetos. Será debatida a liberação de mais três variedades, uma resistente a insetos, da Dow AgroSciences, e duas tolerantes a herbicidas, da Bayer CropSciense e da Monsanto.

O Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) partiu em defesa do algodão transgênico ontem. Divulgou um estudo da consultoria Céleres que mostra que o algodão Bt da Monsanto reduz em 2% o uso de óleo diesel e permite economia de 450 litros de água por hectare ao ano, com a redução no uso de herbicidas. Em vez de 18 a 22 pulverizações, quem planta o algodão transgênico faz cerca 15 aplicações, uma vez que há menos problema com pragas.

Como o produtor de algodão transgênico lucra mais que o de convencional, a proporção das lavouras de Bt, hoje em 13%, deve passar de 33% no próximo plantio, disse o sócio-diretor da Céleres, Anderson Galvão. (JR)

Três meses após a primeira liberação comercial de milho transgênico – que abriu discussão na Justiça e ainda depende de avaliação do Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) –, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou ontem uma segunda variedade do cereal geneticamente modificado. Além do Liberty Link, da Bayer, o produtor brasileiro poderá plantar também o milho Guardian, da Monsanto, ambos resistentes a insetos.

A discussão se prolongou durante o dia até que fosse definido um plano de monitoramento das lavouras transgênicas. Três representantes da sociedade civil e três do governo federal abandonaram a reunião por discordarem do plano.

Segundo a CTNBio, com o processo de monitoramento definido, tanto a semente da Bayer quanto a da Monsanto estão comercialmente liberadas. Um relatório segue para o CNBS, que não havia dado seu aval à primeira variedade para atender a decisão da Justiça Federal do Paraná, baseada na falta de avaliação e controle sobre a proliferação da transgenia em lavouras convencionais. A decisão sai em 60 dias.

Os fabricantes têm 30 dias para definir seu plano de monitoramento, a partir da aprovação de cada variedade. As empresas devem acompanhar por cinco anos o comportamento do milho transgênico, com pesquisas em áreas pré-definidas, arcando com todos os custos.

O pedido de liberação do milho Guardian – largamente cultivado na Argentina – foi protocolado em outubro de 1999 pela Monsanto. A principal vantagem anunciada aos produtores sul-americanos é a tranqüilidade no cultivo. Resistente a insetos, o milho dispensa pulverização e produz espigas mais bem formadas. Como os custos são praticamente os mesmos, o ganho apontado está na produtividade.

No Paraná, os produtores deverão fazer as contas antes de mudar de opção. Eles terão de avaliar se o mercado está disposto a pagar mais pelo milho convencional. As sementes transgênicas já estão em fase de multiplicação, mas não devem entrar no mercado antes do próximo plantio, que começa em um mês.

Para a coordenadora da campanha de engenharia genética do Greenpeace, "a CTNBio afronta a Justiça" com a aprovação de mais um milho transgênico. Ela afirma que o órgão vem atuando em defesa das multinacionais que desenvolvem as sementes modificadas.

A decisão foi bem recebida por organizações como o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB). "Agora a fila anda", disse a diretora-executiva do órgão, Alda Lerayer. Mais cinco variedades de milho transgênico aguardam liberação. A Syngenta apresentou dois tipos de semente resistentes a insetos e um tolerante a glifosato. A Monsanto tem mais um pedido para milho resistente a glifosato. O quinto protocolo é da Du Pont, variedade resistente a glufosinato.

Além dos milhos, têm liberação comercial no Brasil uma variedade de soja e uma de algodão transgênico.

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