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Rubens Rossatto Filho costuma dizer que foi o último funcionário da Puma, a mais duradoura fabricante nacional de veículos esportivos. Ele trabalhou na empresa entre 1985 e 1998, período em que a fábrica esteve instalada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Criada em Matão (SP) nos anos 60, a marca colecionou admiradores com suas carrocerias em fibra de vidro e linhas inspiradas na Ferrari e no Porsche, mas não resistiu a seguidas recessões e planos econômicos, que enterraram qualquer pretensão de vender um produto considerado supérfluo.

Criada por Rino Malzoni, um paulista aficionado por automobilismo, a Puma foi adquirida na metade dos anos 80 pela Araucária Veículos, da CIC. Em 1988, após produzir 190 unidades, a Araucária faliu, e sua estrutura passou à Alfa Metais Veículos, do empresário Nívio de Lima, também da Cidade Industrial. Mas a abertura do mercado brasileiro às importações, no governo Collor, e a morte de Lima em um acidente com seu Puma motivaram o encerramento da produção do esportivo em 1993. A Alfa Metais produziu 358 veículos – segundo os números citados por Rossato, que trabalhou na parte financeira da empresa. Entre 1964 e 1985, em Matão, foram fabricados 21.518 Puma.

A tributação sobre os esportivos foi outro grande problema, diz Rossatto. "Se fosse considerado um carro artesanal, o que de fato era, o Puma pagaria menos impostos. Mas, como esportivo, pagava 45% de IPI e 17% do antigo ICM." Com isso, um Puma AMV, modelo produzido pela Alfa Metais, chegava ao mercado custando o equivalente hoje a R$ 110 mil – mais que muito veículo importado. Mesmo hoje o carro não sai barato: os últimos modelos, produzidos há 13 anos, custam em média R$ 35 mil.

Curiosamente, a questão tributária foi o grande incentivo para a Puma produzir outro veículo, que não tem nada a ver com esportividade: um caminhão leve (4,5 toneladas), também em fibra de vidro, que durante alguns anos foi a grande vedete das licitações de prefeituras e empresas públicas de saneamento e energia elétrica. Com preços 20% abaixo de concorrentes como Ford e GM, a empresa vendeu 2,8 mil unidades do caminhão em dez anos, e outros 80 microônibus. Rossatto esteve diretamente envolvido no projeto: depois do fim da produção do esportivo, passou cinco anos coordenando o departamento de engenharia e produção do caminhão.

Proprietário da Master Fibras – também instalada na CIC, que desde 2000 faz manutenção e restauração de carros e caminhões da Puma –, Rossatto é membro do Puma Clube do Brasil, que tem 130 sócios na sede nacional, em Curitiba, e outras sete sub-sedes espalhadas pelo país.

Ele conta que as instalações da Alfa Metais estão abandonadas desde 1998, quando a empresa fechou por decisão dos herdeiros de Nívio de Lima, que não tinham interesse em manter o negócio. Do galpão de 12 mil metros quadrados, ladrões levaram todos os equipamentos que conseguiram.

Os negócios de Rossatto, no entanto, vão bem. Em breve, a empresa – que faz cerca de 25 restaurações por ano, a um custo médio de R$ 15 mil cada – vai trocar o nome Master Fibras por um bem mais apropriado: Doutor Puma. (FJ)

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