A escassez e o custo de linhas de financiamento e os problemas de cumprimento de prazos e licitação de novos projetos na área de transmissão são considerados, neste momento, dois entraves ao futuro do sistema elétrico nacional. De acordo com executivos e especialistas do setor elétrico, tais dificuldades podem não apenas barrar o investimento em novos projetos de geração de uma forma geral, como também travar o crescimento das fontes renováveis no país. Justamente em um momento no qual a energia eólica se consolida como importante alternativa às hidrelétricas, e a fonte solar começa a dar os primeiros passos no Brasil.
O presidente da CPFL Renováveis, Andre Dorf, destaca que neste momento aproximadamente três em cada quatro projetos de transmissão estão com o cronograma atrasado, uma situação que se agrava ainda mais diante da dificuldade de acesso a recursos a custos competitivos. “Hoje o apetite dos bancos está baixo. Falta disponibilidade de recursos e o custo de financiamento está bastante elevado”, afirma.
“Há uma estimativa de necessidade de investimento da ordem de R$ 20 bilhões, montante necessário apenas para que a gente possa correr atrás do atraso que já existe.”
O executivo destaca que, a despeito dos sinais de desaceleração da economia brasileira, a perspectiva de longo prazo é de aumento de demanda. Em dez anos, a demanda pode crescer aproximadamente 30 GW médios, o que indica uma necessidade de ampliação da potência instalada de 60 GW a 75 GW, ou algo como 60% em relação à atual capacidade do parque gerador nacional.
As dificuldades enfrentadas pelo setor elétrico aumentam a percepção do investidor externo de que o Brasil está “barato” e atrativo para o investimento estrangeiro. Ainda assim, as empresas adotam tom cauteloso ao analisar eventuais aportes no Brasil.
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