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Amauri Braz, bancário aposentado, tem ações das Lojas Americanas desde 1991 | Valterci Santos/ Gazeta do Povo
Amauri Braz, bancário aposentado, tem ações das Lojas Americanas desde 1991| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo
  • Confira o desempenho das redes de lojas na bolsa de valores

Mais do que compradores das grandes lojas de varejo, os brasileiros estão se tornando sócios delas, aproveitando a opção de investir em suas ações na bolsa de valores. Antes de comprar papéis, porém, especialistas recomendam cautela, já que o setor varejista é muito sensível a medidas macroeconômicas. Todo o esforço do governo federal para tentar conter a oferta de crédito, por exemplo, pode influenciar o desempenho das redes varejistas no mercado acionário porque os lucros delas podem ficar menores com o desaquecimento do consumo.

A última grande estreia das redes nacionais na Bovespa foi a da rede Magazine Luiza, no início de maio. "Das grandes redes nacionais, era essa que faltava. Mas a bolsa está de olho em outras redes regionais, de todos os portes. No longo prazo é um setor que deve ser observado de perto, por causa do potencial de consumo dos brasileiros", analisa o diretor da Axion Investimentos, Mario Almeida.

Nos últimos 365 dias, de acordo com o Infomoney, a maioria das empresas segue com grande valorização de suas ações. A explicação para esta alta seriam os bons números do mercado varejista no ano passado. "As empresas aproveitaram aquele boom de consumo no fim do ano passado e tiveram grandes lucros", salienta o agente de investimentos da Investflow, Gustavo Oliveira de Andrade. Quando se considera o desempenho em 2011, depois das medidas macroprudenciais, o cenário muda um pouco (veja quadro nesta página).

Experiência

Quem aproveita há tempos os bons resultados das redes varejistas no mercado acionário é o bancário aposentado Amauri Braz, investidor da bolsa há mais de 35 anos. As ações das redes varejistas despertam especial interesse: desde 1991 Braz possui ações das Lojas Americanas, por exemplo. "Eu invisto em uma quantidade grande de lojas. Devido ao alto consumo dos brasileiros, as ações das redes têm sido um ótimo negócio. Eu sempre tive bom retorno. A dica para investir no varejo é sempre estar de olho nos lucros das empresas, por meio de relatórios que elas publicam", ensina o aposentado, que diariamente vai até sua corretora para ver como andam seus investimentos.

Apesar das incertezas no mercado acionário nos últimos dias, o analista de investimentos da Omar Camargo Corretora Raphael Cordeiro afirma que as redes de varejo têm forte potencial de crescimento. "Nos últimos dois anos, as redes varejistas têm tido bons rendimentos, desbancando outras favoritas da bolsa, como a Petrobras e a Vale, por exemplo", diz o analista. "Pelo fato de os serviços estarem crescendo acima da média, é um movimento natural a entrada de mais empresas do setor na bolsa." Cordeiro acredita que outras redes menores, que faturam entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão, devem seguir o movimento daqui para a frente. "Antes, na bolsa se via apenas grandes indústrias. Agora, cada vez mais vemos lojas que encontramos nas ruas."

Freio

Apesar do entusiasmo com os investimentos, as medidas de contenção de crédito já dão sinais de que o mercado varejista pode diminuir sua taxa de crescimento. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís­tica (IBGE), nos três primeiros meses de 2011, o setor acumulou alta de 6,9%, resultado inferior à expansão de 9,6% do quarto trimestre de 2010. No terceiro trimestre do ano passado, a elevação havia sido de 11,2%. "[As medidas] já têm afetado o mercado. Um exemplo é o Magazine Luiza, que abriu o capital com o preço de base. É um sinal de mercado de que o segmento não está tão bem quanto poderia estar", diz Almeida, da Axion Inves­timentos.

Para o analista, o momento é de observação, por causa de uma possível baixa. "Quem pensa em comprar pode encontrar um bom momento. O investidor tem de perder esta ideia de que só é bom entrar na bolsa quando ela está em alta, porque quando você compra no momento de baixa, certamente vai encontrar a hora da alta. Esta é a estratégia de longo prazo", explica.

O Magazine Luiza captou R$ 925,8 milhões em sua abertura de capital. O preço por ação foi de R$ 16, o piso da faixa indicativa, que ia até R$ 21.

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