São Paulo - A decisão do governo de tributar depósitos da caderneta de poupança acima de R$ 50 mil a partir de 2010 abre espaço para que a taxa básica de juros da economia nacional, a Selic, continue em queda e possa atingir a marca de 9% até dezembro, prevê o economista-chefe da LCA, Braulio Borges. Segundo ele, esta queda permitiria um recuo dos juros reais em um ponto porcentual, além de colaborar para aumentar o Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas produzidas) em 0,5 ponto porcentual no horizonte de 12 meses. Para Borges, a redução terá também impacto positivo no mercado de trabalho, pois deve levar a taxa de desemprego, atualmente em torno de 9,5%, para 8,5% em meados do próximo ano.
O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao anunciar o projeto, disse que a Selic pode cair para 7,25% no médio e longo prazos. "Essa mudança abre espaço para reduções substanciais nas taxas de juros no Brasil", confirmou o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, ressaltando, porém, que não estava antecipando nenhuma decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), responsável pela fixação da taxa básica. Nenhum dos dois firmou prazo para que a Selic chegue a esse nível.
Borges, da LCA, é cético em relação à projeção oficial. Para o economista, é pouco provável que a Selic fique abaixo de 9% nos próximos trimestres. Ele explica que as previsões para a taxa de inflação, o risco país e o juro pago pelos títulos do Tesouro dos Estados Unidos são alguns componentes que impediriam cortes muito agressivos no futuro próximo. "Acredito que o Banco Central será mais cuidadoso a partir de agora com a queda dos juros, pois deve fazer cortes menores que devem se prolongar até o final do ano", comentou.
Em entrevista para explicar os detalhes técnicos da proposta, o secretário extraordinário para reformas econômico-fiscais, Bernard Appy, afirmou que as novas regras para poupança permitem que o país tenha uma Selic abaixo de 7%. Mas, ao ser confrontado com o número apresentado por Mantega, ele respondeu: "É isso. Está tudo perto. 7,25% com certeza dá."



