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Perente assumiu Petrobras com  endividamento total de R$ 450 bilhões, sendo R$ 62 bilhões de dívidas com vencimento no curto prazo. | Evaristo Sá/AFP
Perente assumiu Petrobras com endividamento total de R$ 450 bilhões, sendo R$ 62 bilhões de dívidas com vencimento no curto prazo.| Foto: Evaristo Sá/AFP

Em recado direto aos investidores da Petrobras, o novo presidente da companhia, Pedro Parente, assegurou que não haverá interferência do governo na gestão de preços dos combustíveis. Em entrevista após tomar posse no Palácio do Planalto, na quarta-feira (1.º), Parente disse que a decisão sobre preços de combustíveis será de “natureza empresarial” e não política – como ocorreu durante os governos Lula e Dilma.

Parente frisou que a interferência política na estatal não existe mais. “Já acabou”, afirmou, ao responder de forma bem sucinta a uma pergunta depois da cerimônia. Segundo ele, a orientação do presidente em exercício Michel Temer é de que a empresa tenha uma gestão profissional e sem interferência do governo.

A posse do presidente da Petrobras ocorreu numa cerimônia conjunta na qual também foram empossados os novos presidentes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Maria Sílvia Bastos Marques; do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli; da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, e do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Ernesto Lozardo.

Venda de ativos

Para identificar a escolha dos novos executivos com o esforço de traçar uma agenda positiva na economia, o presidente em exercício Michel Temer recomendou aos presidentes que as instituições oficiais sejam um braço do governo para a retomada da atividade.

A posse ocorreu depois de anunciada a retração de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, que marca dois anos de recessão no País, e os executivos saíram com o discurso afinado de que os bancos oficiais continuarão agindo em apoio aos projetos do governo de reativação da economia. A meta no momento é sair da recessão e estancar o avanço do desemprego.

Enquanto o discurso dos presidentes dos bancos públicos foi em direção ao alinhamento com o governo, o da Petrobras procurou desvencilhar dos projetos da companhia a interferência do Planalto. Ao descartar uma nova capitalização, Parente deixou claro que a petrolífera terá de resolver seus problemas sem a ajuda do Tesouro. De acordo com dados divulgados pela estatal, no primeiro trimestre deste ano o endividamento total ultrapassava R$ 450 bilhões, sendo R$ 62 bilhões com vencimento no curto prazo.

Para Parente, a solução da crise passará necessariamente pela venda de ativos. “Vocês conhecem a situação do Tesouro e ouviram o presidente Temer falar que existe um déficit da ordem de R$ 170 bilhões. Como é que a empresa poderia contar com o Tesouro numa situação como essa?, argumentou. Ele evitou fazer previsões de reajuste dos preços dos combustíveis e não quis dar detalhes do plano de ação à frente da companhia.

“Não vou responder a essa pergunta. Vocês podem tentar 50 vezes que eu não vou falar especificamente sobre o que vai acontecer com os preços. Seria irresponsável da minha parte falar isso.” A forte ingerência do governo petista na gestão da empresa e nos preços dos combustíveis foi alvo recorrente das críticas de investidores e contribuiu para a perda de valor que a estatal passou a enfrentar a partir do escândalo das acusações de corrupção reveladas pela Operação Lava Jato.

Operação conjunta

Paulo Caffarelli, do BB, disse que os bancos estão juntos em busca de soluções para o momento econômico do País. “Isso se faz com estímulo à exportação e aumento do crédito para as empresas”, afirmou, em uma curta entrevista. Ele explicou que os bancos farão reestruturação, para atrair capital estrangeiro, de operações de infraestrutura com investimentos estimados em R$ 1,5 trilhão.

Já o novo presidente da Caixa, Gilberto Occhi, disse que o governo Temer busca a reversão dos números ruins da economia. “Vamos trabalhar para que sejam retomadas as ações produtivas para que o Brasil possa voltar a crescer. A Caixa vai continuar a ser grande contribuidora dessas medidas.” Segundo Occhi, a ordem é por o “pé no acelerador” para que o banco continue sendo “indutor” do crédito.

“Vamos trabalhar em equipe, acho que vai facilitar muito para conseguirmos o que todos desejam, que é retomada da economia”, disse Maria Sílvia, do BNDES. A devolução de R$ 100 bilhões do BNDES ao Tesouro, anunciada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não deve diminuir o papel do banco de fomento. Segundo ela, as parcelas foram calculadas em conformidade com a expectativa da instituição para desembolsos nos próximos anos.

Occhi disse que vai retomar “imediatamente” as obras de 80 mil unidades do Minha Casa Minha Vida que estão paradas, sendo a maioria destinada a famílias com renda mensal de até R$ 1,8 mil, e de outros projetos que estavam parados no banco com a indefinição sobre quem assumiria a presidência da instituição. Occhi pretende apresentar a Meirelles alternativas para que o banco não precise de injeção de recursos do Tesouro Nacional a curto e médio prazos.

Ele afirmou que a ideia é que a Caixa se concentre apenas na atividade bancária, ganhe eficiência e valorize seus ativos.

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