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Enquanto as atenções se voltam para a greve deflagrada pelos funcionários da Volkswagen em São Bernardo do Campo, em São Paulo, em decorrência da demissão de 1,8 mil trabalhadores, um documento da montadora mostra que a empresa projeta cortar 900 postos de trabalho na unidade de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba.

Enquanto as demissões não chegam ao Paraná, os trabalhadores da montadora em São José dos Pinhais farão uma assembléia, às 14h desta quinta-feira no pátio da fábrica, para elaborar um plano de apoio aos funcionários de São Bernardo do Campo. "Tudo isso que está acontecendo é o tal de plano de reestruturação proposto por eles (Volks) há uns três meses. Vamos fazer essa assembléia em repúdio às demissões de São Bernardo e em apoio aos demitidos. Vamos tentar tirar algumas ações que possam ajudar os nossos companheiros na mobilização", afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba (Simec), Sérgio Butka.

O documento da Volks mostra que as demissões no Paraná podem acontecer ainda no final deste ano ou no início de 2007. "A Vokswagen do Brasil informa que pode reduzir seus quadros de pessoal, durante os anos de 2006 a 2008, na ordem de 4 mil a 6 mil empregados em três unidades: Anchieta, Curitiba e Taubaté", diz o ofício. "Nós não estamos preocupados ainda. Temos a planta (fábrica) com as melhores condições, melhor produtividade, melhor qualidade dos produtos e que paga menor salário. Só vamos nos preocupar se o produto produzido não vender", explicou Butka

O documento, com o timbre da montadora, é datado em 20 de junho de 2006 e assinado pelo vice-presidente de recursos humanos da Volks, Josef Senn, e por Nilton Júnior, Gerente Corporativo de Relações Trabalhistas.

De acordo com as projeções da Volks, as demissões poderão atingir 1,8 mil trabalhadores da unidade Anchieta, 900 em São José dos Pinhais, e 300 funcionários da montadora em Taubaté. Segundo Butka, atualmente são cerca de 3.000 funcionários na linha de produção da fábrica paranaense. "Eles fazem a previsão em cima do que se exporta. Na hora de fazer esse balanço e renovar os contratos, eles podem decidir por reduzir custos ou não. Se tudo der errado, ou seja, começarmos a dar prejuízos, eles podem optar por fechar um dos turnos de trabalho, que gira em torno desses 900 funcionários que eles falaram".

Na opinião do presidente do Simec, a empresa que gera mais custos é a de São Paulo. "Entendemos que a empresa precisa reduzir custos nas fabricas do Brasil e os maiores estão em São Paulo. Mas as outras fábricas do Brasil estão no mesmo nível de produtividade e custos que as outras montadoras das concorrentes na América Latina, ou seja, mais modernas, enxutas e com boa produção", disse.

Uma das soluções apontadas por Butka seria aumentar a variadade de modelos produzidos no Paraná. "Eles precisam diversificar a produção dos veículos na planta paranaense. Essa seria uma boa saída". Atualmente são produzidos os modelos Golf e Fox.

Mas esta previsão de desligamentos, atendendo à segunda fase do Plano de Reestruturação, era discutida deste 3 de maio de 2006 pela empresa, como mostra o documento. A recomendação é que "o mais apropriado é a não divulgação (das demissões) a fim de evitar interpretações equivocadas".

Cooperação

A Volkswagen, no documento, pede à cooperação das entidades de representação (dos trabalhadores) no sentido de firmarem acordos sobre a execução da segunda fase do plano de reestruturação. "A existência dos acordos colocará as unidades em condições de concorrer a novos investimentos", diz o ofício. Mas Butka avisa: "Essa reestruturação é necessária, mas não é possível sobrar nas costas dos trabalhadores".

Com as 900 demissões previstas no Paraná, a fábrica deve suspender o terceiro turno de trabalho. De acordo com reportagem da edição da Gazeta do Povo desta quarta-feira, do repórter Fernando Jasper, a redução da produção deve cair de 810 veículos por dia para 550. Atualmente já se produz 100 a menos do que se poderia produzir.

Veja o que diz o sindicato da categoria na reportagem em vídeo

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