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Outro lado

Empresário diz desconhecer ação do MP

O diretor geral da Global Network, Eberson Federezzi, diz que não tem conhecimento sobre as denúncias contra a empresa e a investigação do Ministério Público. O empresário é apontado no inquérito como o responsável pelas entrevistas e promessas de emprego.

"Não há nada que seja de conhecimento da empresa. Não tem motivo nenhum para ser notificado", afirma. Segundo ele, as denúncias contra a Global Network partem de pessoas que nunca usaram os serviços da empresa. "É uma tática da concorrência. É tudo ‘historinha’, tudo o que está sendo colocado são invenções."

Mas, segundo a promotora de Justiça do MP-PR, Cristina Corso Ruaro, Federezzi "foi notificado sobre a investigação do MP e já respondeu oficialmente a três ofícios dentro do processo". "Além disso, a empresa também é alvo de inquérito policial instaurado na Delcon por prática de estelionato."

O CNPJ da "Federezzi Consultoria e Representações Comerciais" consta como regular no site da Receita Federal. Pela descrição da natureza jurídica informada no cadastro, a Global Network desenvolve como atividade principal "consultoria em gestão empresarial, exceto consultoria técnica específica", além de "comércio varejista especializado de equipamentos e suprimentos de informática", "locação de mão de obra temporária", "administração de caixas escolares" e "atividades de apoio à educação, exceto caixas escolares".

Segundo a investigação, Federezzi trabalhou na Dow Rigth Consultoria, de São Paulo, que foi condenada pela Justiça paulista por práticas abusivas contra seus clientes, decisão da qual ainda recorre. (ACN)

Você atende o seu celular. Do outro lado da linha, uma voz feminina se identifica como representante de uma agência de recrutamento e seleção de executivos, que avaliou seu currículo e o considerou perfeito para uma vaga em uma grande multinacional. Emprego garantido para início imediato, com salários acima da média do mercado, bônus, participação nos lucros e outros benefícios indiretos. A oferta é tão boa que nem parece ser verdade. E não é. Na última sexta-feira, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) entrou com ação coletiva de consumo contra uma empresa de recursos humanos de Curitiba que prometia vagas nestas condições, cobrando em troca até R$ 5 mil pelo "serviço de colocação profissional".

A ação tem como base denúncias de consumidores contra a Global Network Consultoria Ltda. e requer, liminarmente, que a empresa fique proibida de divulgar ao consumidor a existência de vaga garantida sem que haja a possibilidade objetiva de preenchimento. A ação pede a condenação da Global Network, com multa de R$ 200 mil, por danos morais coletivos.

De acordo com a promotora de Justiça Cristina Corso Ruaro, a prática da empresa é abusiva. "O profissional é contatado pela empresa com promessa de emprego. Quando se apresenta, é induzido a assinar um contrato de adesão no qual consta cláusula de que não há garantia de vaga, ao contrário do que lhe havia sido prometido. Desempregado e sem condições psicológicas para fazer outra opção, o candidato é convencido a pagar valores altíssimos pelos serviços", diz a promotora.

A ação cita casos de profissionais de outros estados que foram alvos da prática. Um consultor que mora em Itajaí (SC) e pediu para não ter o nome revelado conta que foi convocado "com urgência" para uma entrevista. A proposta: emprego em uma multinacional, com salário de R$ 10,3 mil, participação em resultados e outros benefícios.

"O entrevistador garantiu que a vaga seria minha com '97% de certeza', afirmando que seria necessário apenas cumprir algumas formalidades", relata. Dentre essas exigências, estaria o pagamento de 25% dos dois primeiros salários e adiantamento de R$ 3,4 mil para procedimentos de avaliação. Desconfiado, o entrevistado pediu uns dias para pensar no assunto. "O entrevistador então me disse que a empresa não poderia esperar, que a contratação era imediata. A urgência e o imediatismo me chamaram a atenção", diz.

A diretora da ACTA Carreira, Transição e Talento e da DBM- PR e SC, Carla Virmond Mello, alerta que ninguém é contratado apenas com base em uma entrevista ou análise de currículo. "Um profissional não pode ser considerado finalista para uma posição sem antes ter participado de um processo seletivo", afirma. A cobrança de valores também não é a prática do mercado. "A empresa contratante é quem paga a empresa de recrutamento."

A promotora do MP diz que pelo menos dez pessoas desembolsaram valores que chegam a R$ 5 mil. Ela orienta pessoas assediadas com ofertas tentadoras a se informarem sobre a seriedade da empresa. "Uma rápida pesquisa na internet, no site do Procon, pode mostrar se a empresa responde a processos." Quem pagou por uma suposta vaga deve denunciar a empresa na Delegacia de Crimes Contra a Economia e Proteção do Consumidor (Delcon-PR). A vítima pode ainda abrir uma ação individual no Juizado Especial Cível para requerer a devolução da quantia paga, além de indenização por danos materiais e morais.

Fique esperto

Ninguém é contratado sem antes passar por um criterioso processo de seleção. Se a vaga é "quase sua" apenas depois de uma única entrevista e simples análise de currículo, fique com o pé atrás.

- Pergunte e questione o entrevistador. Se você será de fato contratado, precisa ter o máximo de informações sobre a empresa. Nesta fase do processo, é fundamental que você saiba o nome do lugar onde vai trabalhar.

- Não assine contratos com termos diferentes do que foi acordado verbalmente. Não existe "mera formalidade", vale o que está no papel.

- Desconfie de ofertas demasiadamente tentadoras, com salários acima da média do mercado e benefícios exagerados.

- Desconfie duas vezes quando a empresa de recrutamento quiser lhe cobrar alguma taxa para garantir a vaga. Essas empresas são remuneradas pelo contratante.

- Cuide dos seus dados profissionais. Preencha currículos apenas em sites confiáveis.

- Pesquise sobre a empresa que está lhe recrutando. Veja se ela responde processos na Justiça ou tem histórico de reclamações nos órgãos de defesa do consumidor.

Serviço:

Delegacia de Crimes Contra a Economia e Proteção do Consumidor (Delcon): (41) 3322-7897

Juizado Especial Civil e Criminal: (41) 3264-2008

Procuradoria Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-PR): 0800-411512

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