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Desemprego tem menor índice desde março de 2002. Veja no gráfico |
Desemprego tem menor índice desde março de 2002. Veja no gráfico| Foto:

Entrevista

Ainda há espaço para mais quedas no desemprego ou chegamos a uma situação de pleno emprego?

Nos primeiros meses do ano, historicamente, a taxa de desemprego aumenta, devido ao fim dos empregos temporários, mas no decorrer do ano acredito, sim, na queda do desemprego abaixo do patamar atual, pois as vagas de trabalho potenciais não se esgotaram. O mercado de trabalho continua aquecido, com tendências de continuidade. Os trabalhadores estão procurando se qualificar, assim como as empresas estão dispostas a investir em seus funcionários, a partir do momento em que estão perdendo competitividade com o mercado externo, por causa da crise cambial.

Estamos também aumentando o número de vagas qualificadas?

O mercado de trabalho está em constante mudança. No Brasil, hoje, temos, sim, um cenário conjuntural favorável, mas o estrutural está estável. Realmente ainda não passamos por um processo de substituição da mão de obra, como já ocorreu na maioria dos países desenvolvidos. Nesses países, a tecnologia substitui as pessoas em cargos intermediários, os que não demandam força física ou os que não demandam esforço mental. No Brasil, esse fenômeno ainda não acontece em larga escala; predomina a ascensão de cargos devido à aquisição de qualificação.

A elevação dos salários constitui uma surpresa ou ainda está abaixo do crescimento da economia brasileira?

Não considero baixo; ao contrário, o crescimento da economia é consequência, entre outras coisas, da elevação dos salários. O mercado de trabalho aquecido em 2010 contribuiu muito para um maior consumo das famílias, que está sendo um dos destaques na decomposição do PIB. Mas também não encaro como uma surpresa, pois devemos lembrar que 2009 carregou ainda alguns resquícios da crise financeira mundial no mercado de trabalho, o que faz com que os números de 2010 fossem, teoricamente, esperados.

Priscilla Flori, economista da Febraban e especialista em mercado de trabalho.

São Paulo

Na maior cidade do país, menos pessoas estão buscando trabalho

A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo atingiu em novembro o nível mais baixo da série histórica apurada pelo IBGE desde 2002, passando de 5,9% em outubro para 5,5% no mês passado. Mas, ao contrário do que ocorreu na média nacional, que teve seu resultado influenciado pela maior contração temporária para o comércio, a taxa de São Paulo foi motivada pela número menor de pessoas procurando trabalho. Segundo o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego, Cimar Azeredo, ainda é cedo para avaliar o motivo dessa menor procura. Uma das possibilidades, destacou, pode ser o fato de parte dessa população já ter agendado trabalho temporário para dezembro e, por isso, ter parado de procurar em novembro.

Agência Estado

  • Confecção em Cianorte: empregos na indústria brasileira subiram 0,9%, número que, para analista, desmente temores de desindustrialização no país

A queda da taxa de desemprego para a mínima histórica de 5,7% em novembro, anunciada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que "o mercado de trabalho segue bastante aquecido e pressiona fortemente a inflação", destaca a economista do Banco Santander Luiza Rodrigues, já que há mais dinheiro circulando na economia. "Há uma discussão sobre se o Brasil estaria em um processo de desindustrialização. Os números, no entanto, não mostram isso", diz ela, acrescentando que o número de empregados da indústria cresceu 0,9% em novembro. O setor tem alegado que a competição desigual dos produtos importados, beneficiados pelo dólar baixo, levaria ao fechamento de fábricas no Brasil.

Outro ponto que chamou a atenção de Luiza foi o recuo de 0,8% do rendimento médio real e de 0,6% da massa de renda real dos trabalhadores em novembro ante outubro. "Isso pode ter ocorrido por dois fatores", explicou. "O primeiro deles é a mudança no mix de trabalhadores. Houve diminuição do emprego nos setores financeiro e público, que costumam pagar salários mais altos, e aumento no comércio varejista e em serviços domésticos", diz.

A segunda explicação possível, prossegue Luiza, é que o IBGE utiliza o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) para calcular a massa e o rendimento real. "Esse indicador é muito afetado por alimentos, que têm registrado alta de preços importante. Mas isso é temporário. Considerando a taxa de desemprego nesses níveis tão baixos, o trabalhador tem poder de barganha", afirma. Luiza calcula que a taxa de desemprego dessazonalizada tenha passado de 6,3% em outubro para 6,1% em novembro.

Para dezembro, ela projeta que a taxa, sem ajuste, recuará para 5%, sentindo o efeito das contratações temporárias típicas do mês. Já o desemprego médio mensal, estima, deve passar de 6,7% neste ano para 7,1% em 2011. "Isso seria resultado do aperto monetário e do consequente desaquecimento econômico", explica. O Santander projeta um ciclo de elevação da Selic em 2011, com início em janeiro, que deixará a taxa básica de juros em 13% em julho.

Pleno emprego

O gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, Cimar Azeredo, disse que a boa fase do mercado de trabalho no Rio de Janeiro foi a principal responsável pela taxa de desemprego do país ter atingido o menor nível da série histórica. A taxa de desocupação na região metropolitana passou de 5,7% para 4,9%. O porcentual também é o mais baixo da série e foi influenciado pelo aumento na geração de postos de trabalho no comércio. Com o número, o Rio de Janeiro passa a uma situação considerada de "pleno emprego" (quando a taxa de desemprego é inferior a 5%). A região metropolitana de Porto Alegre também tem pleno emprego, com taxa de 3,7% em novembro.

Os dados apresentados pelo IBGE mostram que, fora Recife, todos as outras cinco regiões metropolitanas pesquisas operam atualmente em seu menor patamar histórico. A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo atingiu em novembro o nível mais baixo da série histórica apurada pelo IBGE desde 2002, passando de 5,9% em outubro para 5,5% no mês passado. "Nunca o mercado de trabalho esteve tão bom quanto neste ano, não só pelo indicador de desocupação, mas também pela qualidade do emprego gerado", afirmou.

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