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Resultados ruins são atribuidos à desaceleração da renda e à inflação | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Resultados ruins são atribuidos à desaceleração da renda e à inflação| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Empurrão

Vendas de camisas de times e tevês se multiplicam durante a Copa

Alguns setores ainda registram as perdas ou ganhos causados pelos 32 dias de Copa do Mundo no Brasil, mas dois segmentos já podem se considerar vencedores com a realização do evento: o comércio de televisores e de artigos esportivos.

Algumas lojas que vendiam as camisetas das seleções foram as maiores beneficiadas, segundo uma pesquisa da Mastercard. Conforme o levantamento, a comercialização deste tipo de artigo teve um incremento de 600% a partir da metade de junho, justamente quando o torneio teve seu início. Na loja online Netshoes, a venda de camisas nos primeiros dez dias de evento superaram os resultados dos primeiros dois meses de 2014, por exemplo. Já a Centauro viu o número de camisas da seleção brasileira vender cinco vezes mais do que nos meses anteriores ao evento.

As vendas de eletrodomésticos também registraram altas fora do comum. Segundo os dados do IBGE, as vendas destes produtos em maio de 2014 foram 15,7% superiores ao mesmo mês do ano passado – o que garantiu que maio fechasse em alta depois de um ciclo de três meses com a atividade comercial em baixa.

O primeiro semestre de 2014 não vai deixar saudade para os comerciantes brasileiros. Renda estável, inflação alta e economia andando de lado resultaram em meses de estagnação no varejo do país. O resultado só não foi pior por conta do Dia das Mães, tradicionalmente a segunda melhor data para o setor no ano, e pelas oportunidades que a Copa do Mundo gerou para alguns setores. E a segunda metade do ano não parece empolgar comerciantes e consumidores: índices de confiança do empresariado e de intenção de compra do consumidor chegaram ao pior registro dos últimos doze meses.

INFOGRÁFICO: Confira como está a confiança do empresário na intenção de consumo

INFOGRÁFICO: Confira a expectativa de vendas

Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio, realizada pelo IBGE, dos cinco primeiros meses do ano que já contam com a sondagem consolidada, três deles registraram retração no volume de vendas do varejo. Fevereiro teve uma movimentação 0,1% mais fraca em relação ao mês anterior e março e abril fecharam com queda de 0,4%.

Os resultados são atribuídos, principalmente, à desaceleração da renda e à inflação, que fechou os primeiros meses do ano muito próxima ou superior ao teto da meta de 6,5% ao ano. "O aumento dos preços fez com que o varejo ficasse estagnado por uma boa parte do ano. Com isso, as pessoas só foram às compras, basicamente, no Dia das Mães e para aproveitar as liquidações pré-Copa", afirma o economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes.

Alívio momentâneo

Maio, por outro lado, já contou com um volume de vendas um pouco melhor, amenizando o que poderia ser um semestre catastrófico. Neste mês, o comércio fechou em alta de 0,5% em relação a abril.

Para a gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Juliana Vasconcellos, o resultado positivo ainda não indica uma retomada. "Precisamos esperar mais algumas divulgações para fazer uma avaliação. O comércio é muito volátil", afirma. A média móvel trimestral, que minimiza resultados fora da curva, confirma esta sensação, já que ainda registrou queda de 0,1%.

Na opinião do diretor-geral da consultoria Gouvêa de Souza, Marcos Gouvêa de Souza, as vendas no segundo semestre devem manter um ritmo mais fraco. "Nada indica que possa haver, pelo menos até a eleição, uma reversão no nível de confiança do consumidor. O crédito se tornou bem mais restritivo e é de se imaginar que possamos ter ao longo do segundo semestre um varejo sem nenhum crescimento mais expressivo", completa.

Metade dos comerciantes prevê melhora

Metade dos comerciantes do estado prevê que o faturamento dos próximos seis meses será maior do que o registrado no segundo semestre de 2013, de acordo com a Pesquisa de Opinião do Empresário do Comércio, realizada pela Fecomércio-PR.

O índice, no entanto, é o menor já registrado pela sondagem, que teve início em 2009. Para a maior parte dos empresários, as principais dificuldades que abalam a confiança do setor no estado são o aumento da inflação, a elevada carga tributária e a clientela descapitalizada por conta do endividamento em alta.

Segundo a coordenadora de pesquisas da Fecomércio-PR, Priscila Andrade Takata, este é um ano atípico e as indefinições causadas pelo período eleitoral minam parte do otimismo dos empresários do setor. "Tradicionalmente as expectativas para o segundo semestre são mais baixas que para o começo do ano, mas com o passar dos meses e a aproximação do Natal esta percepção tende a melhorar", afirma.

Apesar do índice estar em queda, Priscila destaca que os empresários do setor não estão pessimistas, mas em estado de alerta. Exemplo disso é que 52% dos entrevistados pela pesquisa pretendem realizar investimentos até o final do ano e apenas 13% acreditam que terão que reduzir o número de postos de trabalho – enquanto 66% esperam manter o mesmo número de funcionários e 16% acreditam que poderão contratar mais colaboradores efetivos.

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