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Há cerca de R$ 3 bilhões em projetos de novos portos aguardando o aval da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Outras obras, em valor equivalente, já receberam liberação, mas ainda não estão prontas. A informação é do diretor do Centro de Estudos em Logística da Coppead, Paulo Fleury. "Nos próximos três anos, haverá o triplo de investimentos em relação à média dos últimos dez anos", estima.

O crescimento do comércio exterior brasileiro não foi acompanhado de investimentos em infra-estrutura, diz Fleury. "O que se está observando é que as grandes empresas industriais, que dependem muito das trocas com o resto do mundo, estão buscando soluções privadas." Nos primeiro nove meses deste ano, as exportações brasileiras cresceram 162% em relação ao mesmo período de 2001. Nas importações, a alta foi de 100%. Entre 2000 e 2005, diz Fleury, os Estados Unidos investiram US$ 9,5 bilhões no sistema portuário. O volume investido pelo Brasil foi de apenas US$ 371 milhões. "De repente passamos a falar de investimentos, o que é ótimo, mas isso está longe de ser suficiente", opina.

Um dos maiores investimentos previstos para os próximos anos é o Porto Brasil, em Peruíbe (SP), que deve exercer grande impacto sobre a movimentação do Porto de Paranaguá, distante apenas 240 quilômetros. O empreendimento, ambicioso, é do empresário Eike Batista, por meio da empresa LLX. Ele pretende construir uma ilha artificial a 3 quilômetros da costa, para aproveitar a profundidade do alto mar e facilitar a manobra de grandes navios.

O aporte previsto é de US$ 2 bilhões (R$ 3,54 bilhões), com previsão de inauguração até 2012 e expectativa de movimentar o mesmo volume que Santos, o maior da América Latina. Para cumprir esse prazo, a LLX terá de enfrentar uma dura batalha ambiental, já que há comunidades indígenas nas áreas próximas e vegetação de Mata Atlântica na região onde o porto será construído.

"Há lugar para todos os portos", avalia o presidente da ABTP, Wilem Manteli. Segundo ele, haverá uma forte concorrência entre os terminais em todo o Mercosul, mas ela será extremamente benéfica. "A produção nacional está crescendo em todos os setores: mineração, agricultura, siderúrgica. O volume importado e exportado pelo Brasil deve atingir 700 milhões de toneladas neste ano. Em 2012, esse número deve atingir 1 bilhão de toneladas." Mas a tendência, no longo prazo, aponta para o fechamento de alguns terminais, avalia.

Manteli e Fleury defendem maiores investimentos privados nos terminais. Para o primeiro, a Appa poderia economizar o dinheiro que investiu no terminal público de álcool (R$ 13,7 milhões), por exemplo, e destiná-lo exclusivamente para custear a dragagem no Canal da Galheta, que não é feita regularmente há dois anos.

Para o ministro-chefe da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito, se os governos conseguirem investir em infra-estrutura, naturalmente as empresas vão se interessar e vão fazer aportes na super-estrutura (novos terminais, máquinas e equipamentos).

O superintendente da Appa, Eduardo Requião, diz que a autarquia tem interesse em fazer parcerias com a iniciativa privada. "O Porto de Paranaguá é aberto a investimentos. Há diversas áreas que são arrendadas para muitas empresas, multinacionais até. O gerenciamento é público, mas claro que o porto tem de ser parceiro da iniciativa privada, até porque o porto é composto por operadores, armadores". (RF)

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