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São Paulo – O vazamento de informações sobre a atuação no caso Telemar provocou o afastamento temporário do diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Sérgio Weguelin, da autarquia. Ao completar 30 anos, é a primeira vez que a autarquia se depara com um episódio desse tipo. Em carta entregue ontem ao presidente do órgão, Marcelo Trindade, o diretor conta que trocou e-mails com um investidor estrangeiro sobre a reestruturação societária da operadora de telefonia fixa e pede afastamento temporário do cargo.

No dia 17 de agosto, véspera da divulgação do parecer da CVM que modificou completamente a precificação das ações da Telemar, Weguelin recebeu uma correspondência eletrônica do gestor de um fundo americano, às 9h22. O investidor perguntava como a autarquia poderia deixar uma operação como a da operadora ocorrer. O diretor respondeu, às 10h38, dizendo que a CVM estava considerando a possibilidade de soltar um parecer sobre o tema, para ajudar o mercado entender o que o órgão pensava a respeito do assunto. Essa posição da autarquia, prossegue Weguelin, deverá "levar alguém a algum lugar". O conteúdo das mensagens está em inglês.

Às 11h06, o gestor envia novo e-mail dizendo esperar que a relação entre as ações ON e PN caia. Então pergunta quando deve ver algo sobre isso, já que a operação da Telemar está prevista para o quarto trimestre. Na última mensagem, às 11h30, Weguelin responde: "Este mês." No dia seguinte, a CVM divulgou o parecer que colocou um grande entrave para a aprovação da reorganização societária da Telemar e provocou fortes quedas nas ações ordinárias.

A desvalorização dos papéis ON ocorreu por uma mudança relevante na conjuntura ligada à operação. Antes do posicionamento da autarquia, o mercado não via dificuldades para que os controladores aprovassem a reorganização nos moldes originais – pelos quais, na etapa final, haveria aumento de participação dos detentores de ações ordinárias e diluição dos preferencialistas. Agora, no entanto, sem que os detentores de ON possam votar na assembléia, existem chances reais de que a operação seja cancelada.

Antes, o economista era chefe de mercado de capitais do BNDES e participou do lançamento do primeiro Papéis Índice Brasil Bovespa (PIBB), fundo que replica o IBX-50. Estava no banco de fomento desde 1982.

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