Fusões e aquisições
Modelo de concorrência fracassa 26 anos depois das privatizações
O modelo proposto na época da privatização do Sistema Telebrás, que previa um número maior de empresas competindo, ruiu ao longo do tempo com fusões e aquisições.O que era monopólio até dia 29 de julho de 1998 transformou-se em uma rede de concessão pública a operadores privados. Foram criadas três holdings de telefonia fixa (Tele Centro Sul, Tele Norte e Telesp); uma de longa distância (Embratel); e oito de telefonia celular (Tele Norter, Tele Centro Oeste, Tele Nordester, Tele Leste, Telesp, Tele Sudeste, Telemig e Tele Sul). Para cada uma das 12 companhias foram criadas empresas espelho para atuar em outra banda. A espelho da Embratel, por exemplo, era a Intelig, que mais tarde foi vendida para a TIM. Na telefonia fixa, a empresa vencedora do leilão da Tele Centro Sul foi a Brasil Telecom; da Tele Norte Leste foi a Telemar; e a Telesp foi adquirida pela Telefônica. Brasil Telecom e Telemar deram origem a Oi e a Telefônica, a Vivo.
Com o passar dos anos, restaram apenas quatro grupos América Móvil (Claro, Net e Embratel), Telefónica/Vivo, Telecom Itália (TIM) e Oi/Portugal Telecom. "O problema não é a concentração, mas a falta de mecanismos regulatórios que façam com que esses grupos concretizem investimentos em todo o país e não apenas em mercados já consolidados", afirma o professor Walter Tadahiro Shima, especialista em telecomunicações da UFPR.
Compra
Negócio vai ampliar presença da Telefónica
Cinco anos depois de ver fracassada a primeira tentativa de adquirir a GVT, a Telefónica está prestes a anunciar a compra da empresa. E, de quebra, de se livrar do impasse em relação a sua participação de 8,3% na Telco, dona da Telecom Itália que, por sua vez, é controladora da TIM Brasil. Na negociação, essa participação deve ser repassada a Vivendi. A única restrição deve ser o mercado de São Paulo, onde a atuação da Telefónica é forte e a GVT possui plano de expansão. A aquisição poderia diminuir a concorrência no estado e é fonte de preocupações para o governo. Para Lucas Marins, analista de telecomunicações da Corretora Ativa, a saída seria um desinvestimento em ativos da GVT para outra empresa. "Pelos resultados da GVT, não vai ser difícil encontrar um investidor interessado no portfólio da companhia".
Quando as negociações entre o grupo francês Vivendi e o espanhol Telefónica para a compra da GVT chegarem ao fim o que deve ocorrer nos próximos dias , o mercado de telecomunicações brasileiro terá uma nova cara e ficará, inevitavelmente, mais concentrado. Ao fim deste processo devem restar três grandes grupos fornecendo serviços de telefonia móvel, fixa, banda larga e TV por assinatura no país: o mexicano America Móvil (Claro, Embratel e Net), o espanhol Telefónica/Vivo e a Oi, em processo de fusão com a Portugal Telecom. Quem mais sentirá o impacto da consolidação desses grupos no país positiva ou negativamente é o consumidor.
INFOGRÁFICO: Veja quais são as empresas líderes de mercado dos serviços de telecom no país
Dona do segundo maior mercado de telefonia móvel, com 74,3 milhões de clientes, a TIM é um capítulo à parte. A empresa chegou a entrar na negociação pela GVT, mas a oferta da Telefónica, de R$ 21,8 bilhões, levou os franceses à mesa de negociação. Segundo analistas, a TIM deve ser o próximo alvo no movimento de consolidação do setor. A Oi demonstrou interesse em fazer uma oferta à Telecom Itália, mas, neste momento, analistas consideram que a empresa não teria fôlego financeiro para uma aquisição desse porte em julho, o valor de mercado da TIM era de R$ 29 bilhões contra R$ 12,7 bilhões da Oi. Mesmo assim, ganhou força no mercado a informação de que a TIM pode, cedo ou tarde, ser "fatiada" entre as operadoras (Oi, Claro e Vivo), evitando assim problemas regulatórios.
Receios
A movimentação das empresas é acompanhada de perto pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Enquanto o mercado vê na complementação de expertises algo positivo para a melhoria da qualidade do setor, os órgãos de defesa do consumidor acreditam que a tendência é de diminuição da oferta, aumento dos preços e manutenção de serviços ruins. Hoje, Vivo, TIM, Claro e Oi concentram 99% do mercado de celulares no país.
"Ao final dessa negociação envolvendo a GVT, vejo um mercado com três grandes grupos em escala nacional com um pacote de serviços mais completo, complementado por pequenos provedores regionais como a Algar e a Copel", afirma um analista do setor, que pediu anonimato. Segundo ele, mesmo com a compra da GVT, ainda haverá um mercado razoavelmente disperso e com um nível de concorrência saudável.
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