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Um currículo invejável, experiência profissional e perfil adequado. Nem sempre estas qualidades são suficientes para se conseguir um emprego. Ter o nome sujo na praça, com impedimento em órgãos de restrição ao crédito, como Serasa e SPC, pode desclassificar o candidato, principalmente em vagas na área de finanças. Nem todas as empresas gostam de assumir mas, de acordo com consultores em recursos humanos, a prática está sendo adotada cada vez mais. O problema é que isso pode ser considerado discriminação.

O consultor Valdeci Carneiro, da Everest Gestão de Pessoas, confirma que a consulta é feita pelas empresas, principalmente em etapa de seleção para bancos, mesmo de cargos mais simples. "Tive ótimos candidatos que foram eliminados em processo seletivo e que depois nos procuraram à beira de uma crise profissional ou até mesmo em depressão", diz. Carneiro lembra do caso de uma candidata que tinha formação superior e um bom currículo mas não foi contratada para o cargo de supervisão de um call center. "Perguntei se ela tinha restrição e ela disse que sim." Após a recusa, diz o consultor, o candidato se sente desqualificado, à margem do processo, quando na verdade o que barra a contratação é uma realidade que ele desconhece.

O consultor Alex Gelinski, diretor da Chess Human Resources, também afirma que é comum as empresas consultarem o crédito de um profissional durante um processo de seleção. "É uma tendência muito forte, em todos os setores. Quase todas as instituições financeiras pedem e uma multinacional dificilmente contrata se houver restrição."

Além disso, segundo Gelinski, existem outras pesquisas que as empresas fazem que podem comprometer a contratação. "Elas estão consultando antecedentes criminais." Pela lei, no entanto, essa consulta é considerada irregular, a não ser quando a vaga é para um segurança particular ou para empregada doméstica.

O vendedor Rafael Azanor acredita que sentiu dificuldade em se recolocar por ter seu nome na Serasa. "Trabalhava em uma loja de automóveis que fechou e fiquei fora do mercado de trabalho por um ano e dois meses. Quando surgiu uma vaga em um banco, não consegui entrar", lembra. Porém, só quando questionou a empresa de seleção ele descobriu que o problema era uma dívida de R$ 1 mil. "Eu queria saber por que e coloquei o pessoal na parede, até que eles me disseram o que era." Azanor conta ainda que perdeu outra oportunidade depois, em uma indústria de alimentos, apesar de ter passado por uma seleção com um mês e meio de duração e cheia de testes, entrevistas e dinâmicas. "No fim só tinha eu e um outro rapaz menos experiente, mas não deu."

Assim, o que já dava trabalho, ficou ainda mais difícil. Antes de achar um emprego, Azanor precisava quitar suas dívidas. "Quando você fica fora do mercado é complicado. Você tenta dar um jeito, faz um trabalhinho aqui, vende um negócio de casa ali, adia um pagamento e assim vai. Eu tinha um carro financiado e deixei de pagar duas parcelas, mas comida eu não podia deixar de comprar." Quando a situação ficou insustentável, o vendedor foi em uma loja de instrumentos musicais onde também estava devendo, explicou sua situação para o proprietário e conseguiu mais do que esperava: um emprego. "Até concordo com a consulta ao crédito, porque existem profissionais sem idoneidade, mas as empresas deveriam estudar melhor o candidato, não simplesmente descartá-lo", opina.

Everest Gestão de Pessoas – (41) 3015-4740 – www.everestrh.com. Chess Human Resources – (41) 3322-8093 – www.chess-rh.com.br

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