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Seu Joanim, apelido do ex-agricultor João Batista Arruda, bem que tentou ficar no campo. Plantador de café em Palmitópolis, distrito do município de Cafelândia do Oeste, ele insistia em continuar na lida ano após ano. Mas a geada teimava em queimar o que ele plantava. De tempos em tempos o frio destruía os 4 mil pés que ele tinha plantado em um sítio de 5 alqueires. O ano de 1975 foi a gota d'água. Com os pés de café devastados, Joanim pegou a mulher e os sete filhos. Partiu para Curitiba, onde ouvia dizer que a vida era melhor.

A história de sua família mostra bem o impacto que a geada negra de 1975 teve sobre os pequenos produtores. Muitos decidiram sair da roça para a cidade. No Norte, favelas inteiras foram criadas com a chegada de famílias saídas do campo sem nenhuma experiência em trabalho urbano. Londrina, que só tinha duas invasões de terra antes disso, ganhou pelo menos três outras favelas. Dos 64 municípios da mesorregião norte-central do estado (que inclui Londrina e Maringá), 55 tiveram perdas populacionais entre os censos de 1970 e 1991. Em compensação, Londrina cresceu 70% e Maringá, 98%.

Joanim e a família optaram por ficar em Curitiba, que sofreu uma tremenda explosão populacional com a chegada dos migrantes. Ele foi morar no lugar em que havia uma pequena invasão. "Compramos o direito de um terreno e ficamos por lá", diz. A invasão foi crescendo e tempos depois começaria a ser urbanizada, até se tornar o que é hoje a Vila das Torres. Seu João trabalhou sempre na construção civil, desde então. Pedreiro e encarregado, conseguiu criar os filhos, que moram todos na vila, como ele. Apesar de tudo, Joanim diz que não tem saudades do campo que deixou para trás. Muito menos das geadas que acabaram com a sua plantação.

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