O dólar permaneceu acima de R$ 1,70 pelo terceiro dia consecutivo, acompanhando ajustes no mercado internacional a uma semana da reunião do Federal Reserve (FED) que deve anunciar mais estímulos monetários à economia dos Estados Unidos.
A moeda norte-americana subiu 0,29 por cento nesta terça-feira, a 1,706 real. Enquanto o mercado local fechava, o dólar tinha alta de 0,9 por cento ante uma cesta com as principais divisas e o euro caía 1 por cento.
"(O mercado) acompanhou o movimento do dólar mais forte lá fora, só isso", disse José Carlos Amado, operador de câmbio da corretora Renascença.
A moeda norte-americana tem se desvalorizado desde setembro pela perspectiva de que o FED, para fazer frente à fraqueza da atividade econômica, irá aumentar a oferta de dólares na reunião que termina na próxima terça-feira.
O ajuste desta sessão ocorreu, de acordo com operadores, porque ainda não está clara a extensão das prováveis medidas.
O mercado local seguiu de perto a variação do dólar no exterior também por causa da ausência de novidades sobre a atuação do governo brasileiro no câmbio. Repetindo a postura do ministro da Fazenda, Guido Mantega, na véspera, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que é cedo para que novas medidas sejam tomadas .
Na semana passada, o governo elevou o imposto incidente sobre investimentos estrangeiros em renda fixa e aumentou a taxação sobre as margens de garantia depositadas por não-residentes na bolsa. Na segunda-feira, Mantega descartou a volta do IR sobre o ganho dos estrangeiros em renda fixa.
Ainda assim, a perspectiva de que uma eventual queda do dólar provoque nova ofensiva do governo mantém o mercado de sobreaviso. "Por ora, o dólar continua preso perto de 1,70 real, com o mercado um pouco nervoso", escreveu Win Thin, chefe global de estratégia para mercados emergentes do banco Brown Brothers Harriman, em Nova York.
No restante da semana, a proximidade do fim do mês acelera a rolagem de contratos futuros em vencimento, o que pode gerar alguma volatilidade. Dados da BM&FBovespa indicam que os estrangeiros mantêm 12 bilhões de dólares em posições vendidas na moeda norte-americana.



