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IOF reduz entrada de dólares

Após a nova taxação sobre aplicações estrangeiras, país recebeu US$ 261 milhões na semana passada – 92% a menos que na primeira semana do mês

Saguão do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, uma das principais “portas de saída” do país: brasileiros nunca gastaram tanto lá fora | Hélvio Romero/AE
Saguão do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, uma das principais “portas de saída” do país: brasileiros nunca gastaram tanto lá fora (Foto: Hélvio Romero/AE)
Veja como está a balança de pagamentos do Brasil |

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Veja como está a balança de pagamentos do Brasil

Com a cobrança mais pesada do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o investidor estrangeiro reduziu sua atuação no Brasil na semana passada. De acordo com o Banco Central (BC), a conta financeira – por onde entram investimentos estrangeiros diretos e em ações e títulos – estava positiva em US$ 261 milhões entre os dias 18 e 21 de outubro. Em comparação ao que entrou pela mesma conta na primeira semana do mês (US$ 3,265 bilhões), houve queda de 92%.

O dado representa uma boa notícia para o governo, que vem tentando limitar a entrada de dólares e a desvalorização da moeda norte-americana. No começo do mês, ele elevou de 2% para 4% a alíquota do IOF cobrado sobre aplicações estrangeiras em renda fixa. Sem obter o efeito esperado nessa primeira tentativa, o governo voltou a elevar a alíquota na segunda-feira passada, para 6%. Também subiu, de 0,38% para 6%, o IOF que incide sobre a garantia para investimentos estrangeiros em derivativos (mercado futuro).

As medidas parecem ter funcionado. De acordo com os dados parciais divulgados ontem pelo Banco Central, referentes ao período entre 1.º e 21 de outubro, entrou bem mais dinheiro para aplicação em ações (US$ 4,3 bilhões), cujo IOF foi mantido em 2%, do que para a renda fixa (US$ 1,7 bilhão).

Mesmo assim, o volume total que entrou no país pela conta financeira nesse período – US$ 3,345 bilhões, já descontadas as saídas de dinheiro – ficou atrás apenas do registrado nos 30 dias de setembro, quando, atraídos pela capitalização da Petrobras, ingressaram US$ 13,7 bilhões.

Esse fluxo ainda elevado em outubro se deve principalmente aos investimentos estrangeiros diretos (IED), aplicações consideradas de longo prazo e que não pagam IOF. Nos dados parciais do mês, o investimento direto soma US$ 4,5 bilhões, devendo chegar a US$ 5 bilhões até dia 31, segundo o BC. Com isso, o IED acumulado desde janeiro chega a US$ 27 bilhões, próximo da projeção da instituição para todo o ano (US$ 30 bilhões).

Arsenal

Apesar da recente redução do fluxo de capital estrangeiro de curto prazo, um novo afrouxamento da política monetária dos Estados Unidos pode voltar a preocupar as autoridades brasileiras, pois vai conduzir a um novo enfraquecimento global do dólar. A próxima opção mais provável na lista do arsenal do governo brasileiro, caso tenha de tomar novas medidas para conter a valorização do real, é o uso do chamado "swap cambial reverso", operação financeira que equivale à compra de dólares no mercado futuro e costuma empurrar para cima a cotação da moeda, como se a demanda por ela houvesse aumentado. A avaliação é de Monica Baumgarten de Bolle, sócia da Galanto Consultoria e professora da PUC-Rio.

Para ela, o swap cambial reverso não tem um peso tão "negativo" para o investidor estrangeiro. Por outro lado, novas taxações – seja por meio de mais IOF ou pelo fim da isenção de Imposto de Renda (IR) sobre ganhos de estrangeiros em títulos públicos – seriam "medidas muito pouco amigáveis" ao mercado.

No momento, no entanto, Monica não vê necessidade de medidas adicionais. Ela julga que as medidas adotadas para conter o movimento de valorização do real foram "até bastante agressivas" e acrescenta que não vê o governo adotando algo mais em razão de um nível da taxa de câmbio. "O que preocupa mais o governo é o movimento. É menos provável que [o real] volte a se valorizar com estas medidas na mesma velocidade que vinha acontecendo antes da introdução delas."

Panos quentes

Preocupado com a repercussão negativa das medidas no exterior, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o governo não quer "afugentar" os investidores estrangeiros. Ele descartou mudanças no IR sobre títulos públicos, e disse que as medidas já adotadas buscam atingir apenas o capital estrangeiro voltado a aplicações de curto prazo.

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