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Curitiba – A queda acentuada do dólar, que desde o início da semana flutua em torno de R$ 2,25 – no menor patamar desde maio de 2001 – deverá agravar a comercialização da soja, tanto da safra 2004/2005 quanto da próxima, que já está em início de plantio no Paraná. Segundo levantamento da consultoria Safras & Mercado, sediada em Curitiba, os produtores paranaenses venderam até agora 70% da safra atual, que atingiu 9,54 milhões de toneladas. O patamar histórico nesta época seria de 80%. A venda da safra nacional está em 80%, contra a média histórica de até 90%.

A lentidão também atinge os contratos de venda futura da próxima safra. De acordo com o levantamento, essa modalidade está abaixo de 15% da produção prevista, no Brasil, e 5% no Paraná, contra médias históricas de 20% e 10%, respectivamente, para o período. "Só vende a soja quem tem absoluta necessidade", afirma Flávio Roberto de França Júnior, analista desse produto e diretor técnico da Safras & Mercado.

A soja é o produto agrícola brasileiro mais sensível ao câmbio. "Os preços internacionais estão na média histórica, de US$ 6 o bushel (medida adotada no mercado internacional, que corresponde a 27,215 quilos). O problema é que, com a queda do dólar, o produtor brasileiro ganha cada vez menos reais quando exporta", explica Gilda Bozza, economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).

Com a cotação atual do dólar, o produtor do oeste do estado, por exemplo, consegue vender a saca de 60 quilos por, no máximo, R$ 29. Neste ano, o melhor momento para a venda do produto foi em março, durante a colheita da safra. O dólar batia nos R$ 2,80 e o preço da saca naquela região chegou a R$ 38.

Na avaliação de Gilda Bozza, o baixo preço da soja no mercado doméstico se soma a dois outros fatores que comprometem a renda do produtor de soja: uma safra abaixo das expectativas e queda de produtividade, provocadas pela seca que atingiu principalmente os estados do Sul durante o desenvolvimento das lavouras.

Embora a área nacional com soja tenha sido 9% maior, a produção brasileira cresceu apenas 2,6%, para 51,1 milhões de toneladas. No Paraná, a situação foi pior: a produção caiu 4,9%, para 9,54 milhões de toneladas, em uma área de 4,14 milhões de hectares – 5,2% maior que em 2003/2004. A produtividade brasileira caiu 5,8%, de 2.329 para 2.193 quilos por hectare, em média.

Pessimismo

O reflexo dessa situação é o desânimo do produtor em relação à próxima safra. Deverá haver redução de área plantada e menor uso de tecnologia, com investimento menor na compra de tratores e colheitadeiras e baixa utilização de calcário, fertilizantes, sementes certificadas e defensivos. França Júnior prevê uma redução de até 10% da área plantada com o cereal.

A situação da soja foi decisiva para a queda de participação do agronegócio nas exportações totais do Paraná no primeiro semestre deste ano. Segundo levantamento da Faep, entre janeiro e junho o setor contribuiu com 55% dos embarques do estado, contra 70% do mesmo período do ano anterior. Em volume financeiro, as exportações do agronegócio atingiram US$ 2,59 bilhões, contra US$ 3,31 bilhões em igual período de 2004.

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