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A reabertura de uma emissão de bônus global em dólar pelo Tesouro Nacional (com vencimento em 2037), anunciada nesta quinta-feira, levou a moeda americana para o patamar mais baixo dos últimos cinco anos. O dólar comercial caiu pela sexta vez consecutiva e encerrou a quinta-feira a R$ 2,108 na compra e R$ 2,110 na venda, com queda de 0,52% sobre o fechamento anterior. É a cotação mais baixa desde 20 de março de 2001, quando ficou em R$ 2,083 na venda. Na mínima do dia, o dólar chegou a ser vendido a R$ 2,100, com queda de 0,99% sobre o fechamento de quarta-feira.

Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o dia foi de oscilação. Às 17h16m, o Ibovespa apresentava queda de 0,48%, para 38.058 pontos e volume financeiro de R$ 1,869 bilhão. O risco-país que mede a percepção do investidor estrangeiro sobre o Brasil, também caía, mas apenas um ponto, para 223 pontos centesimais.

- O Tesouro Nacional aproveitou um momento de calmaria lá fora, de queda da rentabilidade dos treasuries e dos juros nos Estados Unidos, para anunciar a reabertura da emissão do bônus. O reflexo disso é a queda do dólar para patamares ainda menores - disse Alessandra Ribeiro, analista da Tendências, acrescentando que a perspectiva é o dólar continuar caindo e romper a barreira psicológica de R$ 2,10, com a entrada de recursos estrangeiros no país.

O Tesouro Nacional captou US$ 500 milhões na operação - os investidores compraram US$ 1 bilhão na emissão original, em janeiro. Para Vladimir Caramaschi, analista da Corretora Fator Doria Atherino, o Tesouro se aproveitou do bom momento internacional para repor suas reservas e melhorar o perfil da dívida brasileira. Ele disse que na ausência de novas medidas pelo Banco Central, a tendência é de desvalorização da moeda americana.

- O BC deixou isso em aberto e pode retomar os leilões. Pode ainda tomar outras medidas como alterar as exigências das posições vendidas dos bancos, aplicar IOF na entrada de recursos e reduzir imposto de importação para aumentar a demanda por dólar. Todas essas medidas, é claro, têm os seus prós e contras, mas são possibilidades - afirmou.

O dólar só não rompeu a barreira psicológica de R$ 2,10 porque o Banco Central voltou a comprar dólares no mercado à vista. O BC aceitou 17 propostas, com taxa de corte de R$ 2,105. Desde a semana passada, no entanto, o BC não realiza o leilão de swap cambial reverso, que vinha acontecendo desde dezembro. Para os analistas do mercado financeiro, essa é uma operação fundamental para elevar a cotação para cima novamente.

Entre os destaques desta quinta-feira estiveram também a divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos e a exposição da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil. O índice de preços ao consumidor (IPC) nos Estados Unidos ficou praticamente estável em fevereiro, com uma ligeira alta de 0,1%. Também nos Estados Unidos, o Departamento de Trabalho divulgou os dados de pedidos de seguro-desemprego. Foram cinco mil pedidos a mais em relação a semana anterior, totalizando 309 mil solicitações.

No Brasil, os investidores repercutiram a ata do Copom, que indicou redução gradual dos juros no país. Para Alexandre Santana, economista da ARX Capital Management, a ata do Copom deixou claro que o ritmo de corte de 0,75 ponto percentual da taxa Selic será mantido. Ele disse que a ata foi neutra, sem muita novidade, e que o BC reafirmou a intenção de observar dados de investimentos e demanda.

Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, disse que a ata sustenta a manutenção do gradualismo. Na avaliação dele, o Banco Central mostrou no documento um peso grande à inflação corrente e a preocupação com os preços. Ele acredita que a Selic , que está em 16,5%, deve continuar em queda e chegar ao final do ano em 14%. O BC, no entanto, poderá até fazer uma pausa na queda para avaliar as condições econômicas do momento.

- Os técnicos do BC apresentaram um quadro favorável à política monetária, mas enfatizaram que os próximos movimentos estarão condicionados ao comportamento da inflação - disse Rosa.

Os juros futuros, que estavam em queda nos últimos dias, fecharam em alta nesta quinta-feira, com a divulgação da ata. O Depósito Interfinanceiro (DI) de abril de 2006 passou de 16,48% para 16,49% (+0,06%). O contrato de julho de 2006 subiu 0,19%, passando de 15,74% para 15,77%. Para outubro a alta chegou a 0,20%, de 15,25% para 15,28%. O contrato de janeiro de 2007, o mais líquido, passou de 14,96% para 15% (+0,27%).

Os três membros que votaram pela redução maior da taxa de juro, de 1 ponto percentual, apontaram uma recuperação equilibrada da economia, mas os outros técnicos do BC destacaram o aumento progressivo dos riscos da política monetária. O que todos concordaram é que as próximos decisões sobre os juros estarão condicionadas à evolução dos indicadores de inflação.

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