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O dólar comercial abriu as operações com queda frente ao encerramento do dia anterior, a R$ 1,9710. Às 13h28, a moeda norte-americana recuava 0,76% e era vendida a R$ 1,965, menor cotação durante os negócios desde o início de 2001.

Na terça-feira, após romper a barreira dos R$ 2 logo no início do dia, o dólar acentuou a trajetória de queda e encerrou o dia na menor cotação desde 12 de fevereiro de 2001, com queda de 1,34%, negociado a R$ 1,982. Na mínima do dia, a moeda chegou a ser cotada a R$ 1,979.

Segundo analistas ouvidos ontem pelo G1, a tendência de queda vai continuar. A barreira de R$ 2 é muito mais psicológica do que real. Daqui para frente, cada vez mais caberá ao Banco Central (BC) atuar no mercado para controlar apenas a velocidade da queda. No que depender da giro da economia, o câmbio só tem uma direção: para baixo.

"A tendência de queda já está dada, o BC não vai conseguir reverter. Ele pode controlar a velocidade, entrar com um leilão de compra mais agressivo, voltar a oferecer o 'swap reverso' (operação de compra de dólares no mercado futuro)", diz o economista da MCM Consultores, Antonio Madeira.

A avaliação é compartilhada pelo economista José Luiz Rossi, professor da escola de negócios Ibmec-SP, também não crê em uma intervenção "radical" do Banco Central para mudar esse quadro. "O intuito do BC é de evitar uma queda brusca, evitar a volatilidade. Ele já percebeu a ineficiência em tentar determinar uma taxa."

Para o professor, a queda do dólar não prejudica a economia brasileira. Pelo contrário: "Eu sou um dos que acham que não é tão negativo assim. Obviamente o exportador vai ser afetado, mas são apenas alguns setores. Para a sociedade em geral pode ter um ganho." Segundo ele, o dólar mais barato melhorar a competitividade da indústria brasileira, aumentando os investimentos em máquinas e equipamentos.

Fatores

Os fatores que colaboram para a queda do dólar são muitos - e tendem a ficar cada vez mais fortes. Além da atual queda do dólar em relação a diversas moedas, a valorização do real também está relacionada ao aumento da confiança externa no país e à taxa de juros praticada atualmente.

Para o presidente da Federação Nacional dos Bancos (Febraban), Fábio Barbosa, a entrada de dólares no país, que torna a moeda mais barata em relação ao real, deve seguir aumentando no país devido à proximidade de o Brasil receber o grau de investimento das agências classificadoras de risco.

"O fato é que hoje o Brasil representa um risco muito menor na economia mundial. Portanto, vai atrair cada vez mais investimentos. Estamos entrando em um novo ciclo de crescimento muito mais 'parrudo' e muito mais estruturado do que no passado. Essa é uma boa notícia", comentou.

Setor produtivo

Até o setor produtivo, que mais sofre com o dólar barato, já se prepara para assistir a queda contínua da moeda. O diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Boris Tabacof, afirmou que os empresários já vêm buscando alternativas para compensar o câmbio desfavorável.

Segundo ele, há setores que enfrentam extrema dificuldade com o real valorizado. No entanto, argumenta Tabacof, o empresário não está parado esperando o dólar se valorizar, mas sim buscando ações como a redução nos custos e a compra de novos equipamentos como formas de compensar a queda do câmbio.

O economista destaca ainda que os empresários estão aproveitando o dólar em baixa para importar componentes e montar no Brasil, como ocorre com a indústria eletroeletrônica. "Este setor está se beneficiando pelo outro lado do câmbio", completa Tabacof, ponderando que outros setores não conseguem aproveitar o real valorizado.

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