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O dólar interrompeu série de seis altas e fechou em queda ante o real nesta terça-feira (20), após o Banco Central atuar três vezes no mercado e anunciar mais uma leilão de swap cambial para a próxima sessão, endurecendo sua postura. A moeda norte-americana perdeu 0,90%, para R$ 2,3941 na venda, após tocar, na mínima do dia, a cotação de R$ 2,3846. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,86 bilhões de dólares.

"O BC botou o mercado para baixo. Fez leilão e deu liquidez. Acredito que o mercado agora vai acalmar", afirmou o operador de câmbio da B&T Corretora Marcos Trabbold. A divisa vinha numa sequência de escalada que a fez romper o patamar 2,42 reais no intradia na véspera.

Para derrubar a cotação da moeda norte-americana, a autoridade monetária realizou dois leilões de swap cambial tradicional e um leilão de venda de dólares com compromisso de compra.

Nas duas ofertas de swap, o BC vendeu todos os 20 mil contratos. No primeiro leilão, foram oferecidos novos papéis com vencimento em 2 de janeiro do ano que vem, com volume financeiro de 993,4 milhões de dólares. No segundo, de rolagem e prazo para 1º de abril de 2014, o volume financeiro foi de 986,3 milhões de dólares.

Depois, o BC realizou leilão de linha, no qual foram ofertados 4 bilhões de dólares com compromisso de recompra. Logo após os horários finais das ofertas, a divisa manteve o ritmo de queda.

Os operadores afirmaram que o efeito na cotação do leilão de linha foi minimizado naquele momento porque os bancos compram o dólar e sabem que terão de devolvê-lo nas duas datas estipuladas pelo BC: 2 de janeiro e 1º de abril de 2014. "A exposição dos bancos fica zerada. O efeito na cotação é menor. O efeito é de prover liquidez", afirmou o operador de um banco brasileiro.

Para reforçar a atuação, o BC anunciou durante a tarde que fará mais um leilão de swap cambial tradicional na quarta-feira, com a finalidade de rolar contratos que venceriam no início de setembro. A autoridade monetária ofertará 20 mil contratos com vencimento em 1º de abril de 2014 e ocorrerá entre 10h30 e 10h40, com o resultado sendo divulgado a partir das 10h50.

Após a realização deste leilão, restará apenas 20,8 mil contratos com vencimento em 2 de setembro de 2013. O BC anunciou na semana passada que, a partir de segunda-feira, daria início à rolagem desse lote de contratos de swap.

Estratégia

Na segunda-feira, o dólar fechou com alta de 0,83 por cento, a 2,4159 reais, reforçando a maior cotação em mais de quatro anos. Após o fechamento da sessão, o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, sublinhou que aqueles que "apostam em movimentos unidirecionais da moeda" poderão ter perdas e reforçou que continuará ofertando proteção aos agentes econômicos e liquidez aos mercados.

"As cotações oscilam e a concentração de posições em uma única direção poderá trazer perdas aos que apostam em movimentos unidirecionais da moeda", disse Tombini por meio de nota.

O economista do Deutsche Bank Securities José Carlos Faria, em relatório, reforçou que a intervenção do Banco Central tem como objetivo suavizar a valorização, e não interrompê-la.

E lançou dúvidas sobre a autonomia do BC para conduzir a política monetária. "O Banco Central aparentemente teme os efeitos potenciais (do câmbio) na inflação... Uma das principais questões é saber se as autoridades do BC terão autonomia para apertar a política monetária para controlar a inflação caso a depreciação do real persista", informou o banco em nota.

Para o banco japonês Nomura, as atuações do BC levam a crer que o padrão de equilíbrio da moeda, após esse movimento de "overshooting", está ao redor de 2,30 reais. "Acreditamos que o patamar está ao redor de 2,30, um nível que o BC já defendeu", afirmou o diretor de pesquisa para mercados emergentes da instituição, Tony Volpon.

Banco CentralHoje de manhã, o BC vendeu US$ 993,4 milhões num leilão de swap cambial, que equivale à venda de dólares no mercado futuro e rolou (renovou) US$ 986,3 milhões em contratos de swap que venceriam em 2 de setembro. A autoridade monetária também promoveu um leilão de linha – venda com compromisso de recompra futura – de até US$ 4 bilhões, mas o resultado da operação só será divulgado quinta-feira (22).

Desde o fim de maio, o mercado financeiro global enfrenta turbulências devido à perspectiva de que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, reduza os estímulos monetários para a maior economia do planeta. O Fed poderá aumentar os juros e diminuir as injeções de dólares na economia global, caso o emprego e a produção nos Estados Unidos mantenham o ritmo de crescimento e afastem os sinais da crise econômica iniciada há cinco anos.

A instabilidade piorou depois de Ben Bernanke, presidente do Fed, ter declarado, em 19 de junho, que a instituição pode diminuir a compra de ativos até o fim do ano, caso a economia americana continue a se recuperar. Se a ajuda diminuir, o volume de dólares em circulação cai, aumentando o preço da moeda em todo o mundo.

Nos últimos meses, o governo brasileiro tem adotado medidas para conter a valorização do dólar. Além de vender a moeda no mercado futuro, o Banco Central retirou parte do compulsório sobre as apostas de que o dólar vai cair e eliminou restrições de prazos para que os exportadores financiem antecipações de pagamentos.

A equipe econômica também retirou barreiras à entrada de capitais estrangeiros no país. O Ministério da Fazenda zerou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para os estrangeiros que aplicam em renda fixa no Brasil. Desde outubro de 2010, a alíquota em vigor era 6%. A venda de moeda estrangeira no mercado futuro também ficou isenta de IOF.

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