• Carregando...
 | Enrique Marcarian/Reuters
| Foto: Enrique Marcarian/Reuters

R$ 2,40 foi a cotação do dólar ontem em relação ao real, o maior patamar de fechamento para a moeda norte-americana em cinco meses, desde 22 de agosto, quando o câmbio encerrou em R$ 2,4380. Com essa alta, o dólar acumulou ganhos de 2,61% em apenas três dias.

O dólar oficial voltou a disparar ontem na Argentina, subindo 12% em apenas 24 horas e fechando em 8,01 pesos, na maior alta desde março de 2002, quando o país, que começava a se recuperar da gravíssima crise econômica e social de 2001, era governado por Eduardo Duhalde (2002-2003) e a moeda norte-americana estava cotada em 3,15 pesos. O dólar paralelo, que a Casa Rosada considera ilegal e que fechara na última quarta-feira em 12,15 pesos, chegou ontem a 12,70 pesos.

Segundo a imprensa local, o Banco Central injetou cerca de US$ 80 milhões no mercado, mas a medida não conseguiu impedir a forte desvalorização do peso. Só este mês, o dólar oficial subiu 22,7%. O novo recorde de desvalorização do peso preocupa economistas, que temem um impacto negativo na inflação, que em 2013 chegou a 28,3%, segundo projeções de consultorias locais, e este ano poderia alcançar 40%.

O economista Rodrigo Alvarez, da consultoria Analytica, lembra que a megadesvalorização do peso melhora a situação comercial imediata da Argentina, por dar impulso às exportações e inibir importações, mas cria um problema enorme para a macroeconomia do país em seu conjunto. "O governo está permitindo a desvalorização sem um plano anti-inflacionário e, provavelmente, toda esta desvalorização será trasladada aos preços", disse ele.

Na quarta-feira, a presidente Cristina Kirchner terminou com 42 dias de silêncio, mas em seu discurso não fez qualquer referência à cotação da moeda norte-americana, nem à inflação, a segunda maior da América Latina. O chefe de gabinete, Jorge Capitanich, disse ontem que o governo "não está induzindo" a desvalorização do peso. "Não intervir (como em outros momentos, quando o BC injetava até US$ 300 milhões por dia no mercado) é um ato de administração. Deixamos que atuem a oferta e a demanda", afirmou Capitanich.

Divergência

Nem todo o governo, porém, estaria de acordo com essa estratégia e nos últimos dias surgiram versões sobre divergências entre o ministro da Economia, Axel Kicillof, e o presidente do Banco Central, Juan Carlos Fábrega. No ano passado, a instituição perdeu cerca de US$ 21 bilhões em reservas e hoje tem em torno de US$ 29 bilhões, bem abaixo dos US$ 52 bilhões alcançados em 2011, quando a presidente Cristina Kirchner foi reeleita.

O Clube de Paris deu prazo até 25 de março para que a Argentina responda se aceita a supervisão do Fundo Monetário Internacional (FMI) na renegociação de quase US$ 10 bilhões em dívidas do país com a entidade. Os 19 países que formam o clube insistem que esta é uma pré-condição à reabertura das negociações.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]