O dólar fechou esta terça-feira (28) em alta pelo sexto dia seguido e atingiu seu maior valor em mais de cinco meses com indicadores econômicos dos Estados Unidos ofuscando a boa recepção das medidas de bancos centrais emergentes para limitar o fluxo de saída de investimentos desses mercados. A moeda americana à vista, referência no mercado financeiro, teve alta de 0,25% sobre o real, encerrando o dia cotada em R$ 2,427. É a maior cotação desde 22 de agosto do ano passado, quando fechou em R$ 2,430, motivando o Banco Central do Brasil a adotar um programa de intervenções diárias no câmbio para conter a escalada do dólar.
Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, fechou o dia com ligeira valorização de 0,08%, a R$ 2,427. Também é o maior valor desde 22 de agosto, quando ficou em R$ 2,432. As encomendas de bens duráveis dos Estados Unidos tiveram queda inesperada em dezembro, assim como uma medida de gastos empresariais planejados em bens de capital, deixando em segundo plano uma melhora na confiança do consumidor em janeiro e o aumento nos preços de moradias em novembro.
Os dados vieram um dia antes de o Fed (banco central americano) encerrar sua primeira reunião de política monetária em 2014 e os resultados mistos aumentam a expectativa pela definição sobre o rumo do estímulo econômico naquele país.O temor é com uma aceleração da retirada no estímulo, o que diminuiria o volume de recursos disponíveis para investimento nos mercados emergentes, como o Brasil. "Continuo apostando que ele deverá manter, ao menos por ora, as compras mensais de US$ 75 bilhões em títulos", diz Elad Revi, analista-chefe da Spinelli Corretora. "Os dados do mercado de trabalho em dezembro decepcionaram e os demais números da economia americana, embora confirmem melhora, ainda não estão suficientemente firmes para que o Fed amplie a retirada do estímulo", acrescenta.
As principais moedas emergentes, inclusive o real, começaram o dia em queda, após o banco central da Índia ter elevado inesperadamente a taxa de juros do país para frear a inflação, afirmando que agora está melhor preparada para lidar com o risco de grandes saídas de capital. A taxa subiu 0,25 ponto percentual, para 8% ao ano.
Na Turquia, o presidente do banco central, Erdem Basci, elevou as expectativas de aumento emergencial de taxa de juros, negando que é refém das pressões políticas e prometendo ação decisiva para combater o avanço da inflação e a desvalorização da lira. A autoridade turca anunciará a decisão sobre a taxa de juros às 20h (de Brasília) de hoje. "As altas dos juros são positivas, mas tardias. Os juros maiores podem ajudar a amenizar a saída de recursos dos emergentes, mas não vão impedi-la. Com o corte do estímulo nos EUA, independentemente do ritmo que ele ocorra, a tendência segue de desvalorização tanto para o real quanto para as demais moedas emergentes em relação ao dólar", diz Eduardo Velho, economista-chefe da gestora Invx Global.
O Banco Central do Brasil deu continuidade hoje ao seu programa de intervenções diárias no câmbio. A autoridade brasileira promoveu a venda de 4.000 contratos de swaps, equivalentes à venda futura de dólares, por um total de US$ 197,2 milhões.
Bolsa
Na Bolsa, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, reduziu o forte ganho visto desde o início do dia após a divulgação dos indicadores americanos, mas fechou no azul. O índice teve alta de 0,29%, a 47.840 pontos. Com este desempenho, o Ibovespa deu fim a uma sequência de três perdas seguidas. A alta de 1,19% dos papéis mais negociados da Vale ajudou a Bolsa a sustentar o ganho no dia. Essas ações representam mais de 8% do Ibovespa.
Os papéis da Eletropaulo subiram 1,47%, mesmo após a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) ter negado o pedido da empresa de reconsiderar a decisão que determinou que a companhia restituísse R$ 626 milhões a consumidores.
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