O dólar fechou em alta de quase 2% em relação ao real nesta sexta-feira, 16, ficando acima de R$ 3,87, pressionado pelo quadro local de incertezas políticas e econômicas.
O dólar avançou 1,92%, a R$ 3,8735 na venda. A moeda norte-americana acumulou alta de 3,05%, após despencar 4,74% na semana anterior.
“Os problemas políticos são motivos suficientes para reverter aquela tranquilidade que vimos nos últimos dias”, disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
Governo considera aumentar a Cide e outros impostos para ajustar contas
Medida é estudada diante da dificuldade de aprovação do retorno da CPMF
Leia a matéria completaElevação de impostos
Uma fonte de incerteza é a que a previsão de receita com a recriação da CPMF, vista como vital pelo governo para equilibrar as contas públicas no próximo ano, não será considerada pelo relator da proposta Orçamentária para 2016, deputado Federal Ricardo Barros (PP-PR).
Diante disso, segundo fontes oficiais disseram à Reuters, o governo considera elevar outros impostos, como a Cide, mas com potencial para pressionar a inflação.
Além disso, quatro fontes do governo informaram à Reuters que o país deve desistir da meta de superávit primário equivalente a 0,15% do PIB no orçamento deste ano e reconhecer que as contas serão deficitárias.
Turbulências políticas
As turbulências políticas no Brasil também seguem cada vez mais fortes, com indefinições sobre o eventual início do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff golpeando a credibilidade do país aos olhos dos investidores internacionais.
Especulações de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria pressionando Dilma a demitir o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, corroboraram o mau humor dos investidores nesta sessão. Levy, de formação ortodoxa, tem encabeçado a campanha de reequilíbrio das contas públicas brasileiras.
Minutos antes de o mercado à vista fechar, a coluna Radar da revista Veja trouxe em seu site a informação de que Levy teria preparado uma carta de demissão e que deveria apresentá-la à presidente nesta sexta-feira, 16, diante da insistência de Lula em fritá-lo e a falta de empenho do governo em aprovar a CPMF.
Após o fechamento do mercado à vista, o contrato do dólar para novembro chegou a ampliar o avanço para mais de 3%. A alta perdeu força, no entanto, após a Agência Estado noticiar negativa, citando a assessoria de imprensa do ministério, de que Levy não teria redigido a carta de demissão.
“A situação parece cada vez mais frágil e isso deixa o mercado desorientado”, disse mais cedo o operador de um importante banco nacional, sob condição de anonimato.
O cenário difícil que o Brasil atravessa foi sublinhado nesta semana pela decisão da agência de classificação de risco Fitch rebaixa o Brasil, ainda mantendo o selo internacional de bom pagador, mas alertando que o país pode em breve perder essa chancela diante do cenário econômico e político conturbado.
Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em novembro, vendendo a oferta total de até 10.275 contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou US$ 5,630 bilhões, ou cerca de 55% do lote total, que corresponde a US$ 10,278 bilhões.
-
Falta de transparência marca viagens, agendas e encontros de ministros do STF
-
Lula vai a evento sindical em meio a greves e promessas não cumpridas aos trabalhadores
-
A “normalidade” que Lula deseja aos venezuelanos
-
Moeda, bolsa de valores e poupança em alta, inflação em baixa: como Milei está recuperando a Argentina
Interferência de Lula no setor privado piora ambiente de negócios do país
“Dobradinha” de governo e STF por imposto na folha prejudica empresas e amplia insegurança
Contas de Lula, EUA e mais: as razões que podem fazer o BC frear a queda dos juros
Muita energia… na política: ministro ganha poder com agenda ao gosto de Lula
Deixe sua opinião