O dólar fechou no menor valor desde agosto de 2008 frente ao real nesta quarta-feira (20), acompanhando com menor intensidade a fraqueza da moeda no exterior num dia de maior apetite por risco.
Segundo operadores, a atuação de um player na ponta compradora limitou a baixa na parte da tarde, na véspera de um feriado prolongado que fechará o mercado de câmbio na quinta e sexta-feiras. Além disso, fatores técnicos já apontam alguma limitação para quedas mais acentuadas.
A moeda norte-americana terminou cotada a 1,571 real para venda, recuo de 0,32 por cento, menor patamar desde 4 de agosto de 2008, quando a moeda fechou a 1,563 real na venda.
"Bolsas de valores em alta, dólar lá fora em queda. Essa combinação derrubou o dólar aqui também", comentou o operador de câmbio de uma corretora paulista, sob condição de anonimato.
O índice DXY, que mede o valor da moeda norte-americana contra uma cesta de divisas, recuava 0,9 por cento no final da tarde, com o euro operando na máxima em 15 meses, acima de 1,45 dólar.
Moedas de perfil semelhante ao real, como os dólares australiano e canadense, também se apreciavam, na cola dos ganhos das matérias-primas CRB.
Com o dólar nas mínimas em cerca de dois anos e meio ante o real, investidores começam a observar fatores técnicos em busca de sinais para traçar alguma tendência de curto prazo. O banco francês BNP Paribas, por exemplo, considerou em nota que "elementos técnicos não são favoráveis ao real, podendo inclusive limitar a apreciação da moeda a partir dos atuais níveis".
O salto nas taxas de juros em dólar também está no radar. Nesta sessão, o FRA (Forward Rate Agreement) de cupom cambial para três meses prosseguia com o movimento da véspera e disparava 17 por cento, para 6,26.
O avanço do cupom cambial diminui a vantagem das operações de abitragem no Brasil, reduzindo o incentivo para a compra de reais com dólares levantados em empréstimos mais baratos na moeda americana feitos no exterior.
O cupom tem firmado movimento de alta desde que as autoridades intensificaram as intervenções para conter a valorização do real. Entre as ações, o governo elevou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para empréstimos externos de até 360 dias, ampliando depois esse intervalo para até dois anos.
Na agenda do dia, o Brasil voltou a registrar entrada líquida de capitais, com saldo positivo de 605 milhões de dólares em abril até dia 15, segundo dados do Banco Central.
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