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O dólar subiu mais de 2 por cento e voltou a ser cotado acima de 1,90 real nesta quinta-feira, em meio à renovação das preocupações com o crédito de alto risco e com a liquidez global.

A moeda norte-americana avançou 2,17 por cento e fechou cotada a 1,927 real. Na véspera, o dólar havia caído 1,10 por cento, aproveitando o cenário externo mais tranquilo.

O dólar se manteve acima de 1,90 real durante toda a sessão desta quinta-feira, acompanhando de perto a forte reversão do humor no cenário externo. As bolsas de valores tiveram grandes perdas em todo o mundo, e os índices de risco dos países emergentes devolveram parte da queda dos últimos dois dias.

"O Brasil está sofrendo uma venda (de ativos) por parte dos estrangeiros e o mercado acaba acompanhando (com a alta da taxa de câmbio)", disse Daniel Gorayeb, analista de investimentos e economista da corretora Spinelli.

De acordo com Marcos Forgione, analista da Hencorp Commcor Corretora, a saída dos investidores estrangeiros correspondeu a dois movimentos: a cobertura de perdas em outros mercados, como as bolsas norte-americanas, e o abandono de ativos considerados mais arriscados em meio à turbulência das últimas semanas.

Os dois analistas, porém, concordam que os fundamentos da economia brasileira não foram afetados pela instabilidade global, e reiteraram que a tendência para a cotação da moeda norte-americana permanece a mesma.

"Quando estamos num momento de volatilidade maior nos outros mercados, como nessas últimas semanas, é natural que ocorra um movimento desse tipo. (Mas) isso não muda a tendência geral de equilíbrio para a taxa de câmbio", disse Gorayeb.

Os mercados realimentaram as preocupações com o crédito de alto risco e a liquidez global após as notícias de que o BNP Paribas, maior banco francês de capital aberto, congelou resgates em três fundos com aplicações no setor hipotecário de alto risco dos Estados Unidos.

A tensão entre os investidores forçou a alta das taxas de juros no chamado "overnight", o que fez o Banco Central Europeu (BCE) injetar um recorde de 94,8 bilhões de euros no mercado aberto da zona do euro. Outros bancos centrais realizaram operações semelhantes, mas com volume bem inferior.

Apesar do susto, Forgione disse que essa deve ser uma volatilidade passageira. "Ninguém arrisca dizer o real tamanho do rombo que teve no subprime (crédito de alto risco), mas a gente sabe que o subprime é uma pequena parcela de títulos imobiliários dos EUA, entre 5 e 10 por cento, que é a gordura com a qual eles operam. Estamos falando de 5 a 10 por cento de um mercado que não é determinante", comentou, ressalvando que é preciso esperar mais algumas sessões para reavaliar a situação.

Mesmo com a instabilidade, o Banco Central realizou um leilão de compra de dólares no mercado à vista e ajudou a acelerar a alta da moeda norte-americana. A autoridade monetária definiu corte a 1,9258 e aceitou, segundo operadores, ao menos seis propostas.

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