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O dólar fechou em alta nesta quarta-feira (29) pelo terceiro dia seguido, a caminho do patamar de R$ 2,45, com investidores sob a expectativa com o Federal Reserve, banco central norte-americano, e também testando até que ponto o BC brasileiro permitirá o fortalecimento da divisa norte-americana. O dólar avançou 0,30%, a R$ 2,4338 na venda, mas chegou a bater R$ 2,4509 na máxima do dia, com alta de pouco mais de 1%. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,5 bilhão de dólares.

O patamar de R$ 2,45 não era atingido no intradia desde agosto e alimentava expectativas de que a autoridade monetária possa atuar mais forte no câmbio para evitar mais altas do dólar, a fim de retirar pressão inflacionária. "Com as notícias fracas que vêm vindo sobre o cenário interno e somando a ansiedade com o Fed, o pessoal já se prepara para o pior cenário", afirmou o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo. "Além disso, o pessoal especula sobre em que momento o BC vai intervir (mais) para conter a alta do dólar", acrescentou.

O mercado trabalhou o dia todo sob ampla expectativa de que o Fed faria nesta quarta-feira novo corte de 10 bilhões de dólares em seus estímulos mensais, a 65 bilhões de dólares, o que reduz ainda mais a oferta global de liquidez.

Logo após o fechamento do mercado de câmbio, o banco central norte-americano anunciou exatamente isso e continuou com seu plano de manter os juros baixos por algum tempo. A decisão vem num momento de persistentes preocupações com a situação econômica brasileira e constante mau humor com mercados emergentes.

Na véspera, o banco central da Turquia elevou drasticamente suas principais taxas de juros, curvando-se à pressão do mercado para conter a queda da moeda nacional em meio ao ambiente global de desconfiança.

A tendência recente de aperto monetário também aflorou nos bancos centrais da Índia e da África do Sul, este anunciando nesta manhã aumento nos juros.

Contudo, as notícias não foram suficientes para segurar o avanço da divisa norte-americana, o que tende a contaminar a inflação por meio do encarecimento de importados. Segundo analistas, esse movimento no câmbio poderia levar a autoridade monetária a realizar intervenções adicionais no mercado. "O mercado está testando o BC. Se o dólar continuar subindo tanto, ele vai precisar entrar mais no mercado", ressaltou o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.

Pela manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes a venda futura de dólares, dando continuidade às atuações diárias. Foram 2 mil contratos com vencimento em 1º de setembro e 2 mil em 1º de dezembro deste ano. A operação teve volume financeiro equivalente a 197,2 milhões de dólares.

Segundo afirmou uma importante fonte da equipe econômica à Reuters, a atual pressão sobre o mercado cambial pode atrair vendedores, invertendo a trajetória da alta do dólar. As oscilações desta sessão foram acentuadas pela briga antes da formação da Ptax de janeiro, taxa calculada pelo BC no último pregão do mês que serve de referência para diversos contratos cambiais. "A briga pela Ptax deixa o mercado muito volátil e o quadro global já está apontando para a alta do dólar", afirmou o operador de câmbio da corretora B&T Marcos Trabbold.

Apesar disso, a forte alta do dólar vista no intradia perdeu fôlego à tarde, acompanhando o movimento de acomodação de outras moedas emergentes. Sobre o peso mexicano, a divisa dos EUA avançava cerca de 1 por cento, após subir 1,6 por cento na máxima do dia. "Os mercados deram um respiro na parte da tarde", resumiu o operador de um banco internacional.

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