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Após fechar na quinta-feira cotado próximo dos R$ 2,10, o dólar aproveitou a melhora no ambiente financeiro internacional e teve nesta sexta-feira (17) a maior queda percentual em relação ao real desde maio do ano passado, devolvendo a alta registrada na véspera.

A moeda norte-americana fechou a R$ 2,024, com baixa de 3,34%. O dólar, porém, acumulou alta de 3,7% na semana e valorização de 7,5% no mês.

Análise

A saída de investidores estrangeiros, que pressionou o dólar nos dias de maior turbulência, foi interrompida nesta sexta-feira em meio à alta das bolsas de valores internacionais e à forte queda do risco-país.

Apesar da recuperação momentânea, o analista da Corretora Liquidez, Francisco Carvalho, disse ao G1 que o dólar deve se manter instável até que o mercado saiba exatamente qual o prejuízo que a economia norte-americana terá com a crise no mercado imobiliário.

"Na realidade, estamos de platéia do cenário americano. Até o mercado conseguir mensurar o tamanho desse prejuízo, o dólar tende a continuar volátil, trabalhando neste nível de R$ 2 e podendo voltar até R$ 2,10", afirmou o analista, lembrando que "será difícil" o câmbio voltar a R$ 1,90 no curto prazo.

Ele explicou que o mercado brasileiro, em períodos como este, tende a alternar quedas e altas acentuadas, dependendo do humor do investidor externo. "É fácil fazer dinheiro aqui porque o Brasil não tem restrição de entrada e saída de divisas, como quarentena. É por isso que as variações percentuais tão altas - quando cai, cai bastante; quando sobe, sobe muito", explicou.

Injeção de ânimo

A melhora do cenário externo ocorreu após a decisão inesperada do Federal Reserve de cortar em 0,5 ponto percentual a taxa cobrada em seus empréstimos aos bancos comerciais. Ou seja: ficará mais barato para os bancos emprestarem dinheiro para cobrir "buracos" financeiros temporários.

Além disso, os bancos centrais regionais dos EUA poderão a partir de agora emprestar dinheiro para as instituições financeiras norte-americanas, o que aumentará o volume de dinheiro em circulação. O objetivo é evitar uma "quebradeira" em bancos e fundos nos EUA, especialmente os que têm muito dinheiro aplicado em crédito imobiliário.

Em um comunicado, o Fed também afirmou que está monitorando a situação e está preparado para agir novamente, caso seja necessário reduzir os efeitos negativos da crise no mercado financeiro.

Origem da crise

O abalo nas bolsas de valores de todo o mundo, que resultou na seqüência de fortes quedas no mercado financeiro, tem origem no mercado imobiliário dos EUA: os americanos estão atrasando ou deixando de pagar a hipoteca da casa própria.

Há alguns anos, com a queda da taxa de juros nos EUA, houve uma corrida por refinanciamento de residências. Endividados com compras do comércio - especialmente com cartão de crédito -, muitos americanos resolveram renovar a hipoteca da casa, levando dinheiro na troca, saldando as dívidas de consumo e esticando o prazo de pagamento das casas.

Esse subterfúgio foi usado especialmente pelo grupo "subprime", reservado para os clientes que são considerados "propensos à inadimplência" por não terem renda comprovada, por comprometerem grande parte dela com as prestações ou por terem um histórico de inadimplência em outras modalidades de crédito. Ainda assim, essas pessoas conseguiram dinheiro emprestado para refinanciar a casa.

Por representarem um risco, esses clientes pagam juros mais altos, que podem chegar a 12% ao ano - o que é normal para o Brasil, mas quase inconcebível para os Estados Unidos. Porém, os juros altos, combinados ao fato de o "boom" imobiliário ter reduzido o valor dos imóveis, fizeram com que muita gente simplesmente desistisse de pagar os empréstimos da casa própria para não acabar no prejuízo.

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