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Barros diz que planeja viajar à Europa para conhecer a empresa | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Barros diz que planeja viajar à Europa para conhecer a empresa| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Queixa

Mesmo com suspeitas, Londrina diz se sentir "desprestigiada"

O anúncio de que Maringá deve receber uma indústria de aeronaves da Avio International deixou lideranças e empresários londrinenses se sentindo desprestigiados. Segundo o presidente do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel), Bruno Veronesi, o município não ficou sabendo que havia uma empresa interessada em fabricar aviões e helicópteros no Paraná. "Eu fiquei sabendo que a Avio iria assinar o protocolo de intenções dois dias antes de isso ocorrer. Se tivéssemos ficado sabendo dessa possibilidade, poderíamos mostrar os aspectos da nossa cidade e eles [a empresa] poderiam analisar as vantagens e desvantagens de Londrina e Maringá."

Em entrevista à Gazeta do Povo na semana passada, o secretário estadual de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Ricardo Barros – que é natural de Maringá – informou que a "Cidade Canção" havia sido escolhida para ser um polo aeronáutico e de defesa no estado por diversos fatores, como a proximidade com São Paulo (maior mercado brasileiro) e a qualidade da mão de obra.

Com um protocolo de intenções assinado com o governo estadual na semana passada para a instalação de uma fábrica de aviões e helicópteros pequenos em Maringá, Norte do Paraná, a empresa suíça Avio International teve sua idoneidade questionada nos últimos dias. Ainda no fim de semana, pouco dias depois da assinatura do documento, que prevê a aplicação de R$ 174 milhões na construção da unidade, alguns blogs do Parnaá passaram a informar que o presidente da Avio, Luigino Fiocco, teria aplicado golpes na Itália.

Jornais regionais da ilha de Sardenha realmente relatam um caso de falência fraudulenta envolvendo a Aviotech, empresa de Fiocco instalada na província de Villacidro em 1999 mas que faliu logo depois, em 2002, sob fortes indícios de fraude, evasão fiscal e outros crimes. O caso se arrastou na Justiça italiana até 2011, quando Fiocco foi condenado a seis anos de prisão por falência fraudulenta (outros crimes dos quais ele era acusado prescreveram no decorrer do processo).

Explicações

Na tarde de ontem, a Avio divulgou uma nota "refutando qualquer informação que coloque em dúvida a idoneidade do empreendimento a ser estabelecido no Brasil, bem como do seu proprietário Luigino Fiocco", e disse que não há problema jurídico com a empresa que coloque em risco os investimentos programados para o Paraná. "As informações divulgadas são referentes a um processo de mais de dez anos, já resolvido na Justiça italiana", informou o comunicado assinado pelo próprio presidente da Avio.

"O que nos importa é o investimento da empresa, que é bastante positivo para o Paraná", afirmou ontem o secretário de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Ricardo Barros, que diz ter lido apenas cópias de notas de jornal sobre as suspeitas até agora. Ele diz que planeja viajar à Europa para conhecer melhor o investidor.

Um dos representantes da Avio Internacional no Brasil, que intermediou as negociações entre a empresa e o governo do estado e pediu para não ser identificado, disse que foi pego de surpresa pela polêmica. "Quando entraram em contato conosco, nos mostraram um protocolo de intenções firmado com uma grande empresa russa que fabrica helicópteros militares. Isso foi como um atestado de idoneidade para nós", diz.

Além das denúncias de fraude, a capacidade de produção anunciada pela empresa – 800 aeronaves por ano – também é questionada. Para Marcos Barbieri Ferreira, professor de Economia da Unicamp e especialista em mercado aeronáutico, é pouco provável que uma empresa pequena e pouco conhecida no mercado mundial consiga manter um volume de produção tão expressivo no Brasil. "Esse é um grande número para qualquer empresa", afirma. Em 35 anos de história, a Helibrás, única fabricante de helicópteros em atuação na América Latina, produziu cerca de 700 unidades.

Maringá promete cuidado no caso

A prefeitura de Maringá minimizou as denúncias de fraude por parte da Avio, além de ressaltar que a instalação da empresa suíça ainda depende da apresentação do plano de negócios. De acordo com o secretário de Comunicação, Milton Ravagnani, a empresa só receberá os benefícios do Programa de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Prodem) se o plano for aprovado, levando em consideração as capacidades jurídica, financeira e técnica da empresa. "Se eles tiverem a capacidade, vão se instalar. Na pior das hipóteses, fica do jeito que está", explicou.

Caso o plano receba a aprovação, a Avio deve ser instalada em uma área de 90 mil metros quadrados, ao lado do Aeroporto Silvio Name Júnior. Em entrevista concedida para a RPC TV na quinta-feira, o prefeito Carlos Roberto Pupin (PP) declarou que a área destinada para a instalação da indústria em Maringá já estava em processo de desapropriação. Ontem, porém, a assessoria do município informou que o estudo da área ainda está em fase inicial e que o terreno não será concedido, mas vendido, dentro das regras do Prodem.

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