Das planilhas e relatórios de papel para o meio virtual. Este foi o caminho traçado pelas três irmãs curitibanas Pamella, Giovanna e Thábata Gulin Guarinello, que, após um ano de pesquisas de mercado, decidiram investir na criação de um novo e-commerce, voltado para um público bem específico: mulheres com numeração plus size ( a partir do manequim 44). No ar desde o dia 20, a Tresur aposta no potencial de um setor que tem se mostrado mais resistente à crise do que o varejo tradicional – no primeiro semestre deste ano, o comércio eletrônico brasileiro alcançou um faturamento de R$ 18,6 bilhões, 16% maior do que o registrado no mesmo período de 2014, segundo a E-bit.
A criação da loja online envolveu a contratação de uma consultoria de São Paulo, que destrinchou o mercado paulista para ver se o investimento e o tempo gastos no negócio valeriam a pena. Das duas ideias iniciais – um e-commerce de roupas básicas e outro voltado para moda plus size –, prevaleceu a última. “Fizemos pesquisas com estes dois perfis de clientes e vimos que o público plus size era extremamente carente, havia uma demanda, mas não havia onde comprar ou encontrar variedade”, relata Thábata.
Consumidores
Segundo a consultoria E-bit, apesar do faturamento do e-commerce no primeiro semestre ter aumentado, o número de consumidores ativos diminuiu: 17,6 milhões de pessoas fizeram pelo menos uma compra no período, quantia 7% menor do que no primeiro semestre de 2014.
Para a consultoria, essa queda foi potencializada pelos compradores classificados como “light users” – muitos consumidores que costumam realizar apenas uma compra a cada seis meses na internet acabaram não fazendo nenhum pedido no período. Culpa, principalmente, da contenção de despesas e da falta de dinheiro, conforme pesquisa feita pela E-bit com os consumidores.
Por outro lado, o estudo mostra que, no caminho contrário, os “heavy users” entendem que num momento de crise, a internet torna-se o principal canal para realizar as melhores compras, devido à facilidade na comparação de preços e à maior variedade de produtos.
As três sócias decidiram investir cerca de R$ 240 mil para criar a loja – sem contar o valor das pesquisas ou do estoque inicial. Para se distanciar de outros concorrentes e garantir um retorno maior, a estratégia foi apostar em peças de alto padrão e com exclusividade na venda pela internet. No catálogo da loja, o produto mais barato é um lenço, que sai por R$ 99 – por outro lado, há vestidos que saem por até R$ 900 e biquínis e maiôs na faixa de R$ 300.
A Tresur trabalha com 11 marcas, sendo que cinco delas só são comercializadas na web pelo site curitibano (tirando as páginas oficiais das empresas): Marcia Morais, Decência, Silvânia Miranda, Engenharia da Roupa e Águia.
Ferramentas
As irmãs também investiram no desenvolvimento de recursos online para melhorar a experiência de compra. O site conta com uma ferramenta que calcula o número correto de roupa de acordo com as medidas informadas pela usuária e há uma seção específica para trazer dicas e produtos recomendados para cada tipo de corpo. Um chat online, com uma consultora de plantão para tirar dúvidas, completa o pacote.
“Na pesquisa que fizemos, percebemos que para muitas pessoas o momento da compra era um trauma, porque a roupa não servia, ficava apertada. Então nos preocupamos em transformar esse momento em algo mais gostoso. Além disso, um dos maiores custos para qualquer e-commerce é a troca e devolução de mercadorias. As ferramentas que disponibilizamos driblam esse custo”, relata Thábata, que é publicitária e responsável pela gestão direta do site – Giovanna é médica, e Pamella, engenheira.
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