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Com a intenção de reduzir custos ou tecer uma melhor imagem frente à sociedade, muitas empresas passaram a adotar posturas ecologicamente corretas nos últimos anos. Essa evolução geralmente passa pelo melhor aproveitamento da água em processos industriais.

Na Ambev, maior cervejaria da América Latina, a redução na conta de água virou uma prioridade ambiental. Desde 2001, a empresa conseguiu baixar em 25% o consumo de água por litro de bebida produzido – isso na média anual de suas unidades em 14 países. O consumo era de 5,62 litros de água por litro de cerveja, em 2001. Hoje é de 4,08 litros, mas algumas fábricas foram além. Entre elas está a unidade de Curitiba, com 3,37 litros de água para cada de cerveja.

A idéia de melhorar os processos ganhou contornos mais concretos em 1997, quando a Ambev traçou uma política ambiental corporativa com compromissos a serem cumpridos em diversos processos – como o reaproveitamento de embalagens e resíduos sólidos e a economia de energia. As unidades fabris seguem um documento interno, chamado "Mandamentos da Água", que contém práticas como a manutenção de equipamentos para impedir vazamentos e o acompanhamento dos índices de consumo de água.

A economia abrange todos os setores, da hora de lavar o chão até regar o jardim. O resultado também foi bom para o bolso da empresa. "Os custos para reaproveitar são muito menores do que para tratar água nova", diz a gerente corporativa de meio ambiente da Ambev, Beatriz de Oliveira. "Às vezes você só precisa de um tanque para acumular água e usá-la em outros casos. Para regar o jardim não usamos água nova de jeito nenhum", exemplifica.

Um outro bom exemplo em Curitiba é o da fábrica de papel reciclado Trombini, que fica às margens do rio Barigüi, no bairro Vista Alegre. O gerente de produção, José Marcelino Gonçalves, conta que o tratamento de efluentes (água já utilizada pela empresa) para devolvê-los ao rio é um processo complicado e que exige monitoramento constante, e a cobrança quanto à qualidade da água devolvida ao rio é forte por parte de órgãos ambientais. Para evitar problemas, a Trombini adotou, em 2002, uma operação chamada de circuito fechado de água. "Hoje trabalhamos com efluente zero", diz Gonçalves.

Na prática, a água sai do Rio Barigüi, passa por um tratamento, é utilizada em diversos processos na produção do papel reciclado e depois passa por tratamento interno para continuar a ser usada. "A gente só volta a retirar do rio o que evapora ou que se perde neste processo". São 20 metros cúbicos por hora, contra 150 metros cúbicos que seria usados em um processo comum. Com isso, em duas unidades de Curitiba e uma de Canela (RS), a Trombini necessita de 2 metros cúbicos de água para cada tonelada de papel produzido, quando o índice de comparação para o setor é de 4 metros cúbicos por tonelada produzida. "Pouquíssimas fábricas conseguem fazer isso", comemora o gerente.

Quem não comemora é o departamento financeiro da Trombini. "Para nós custa mais trabalhar com o sistema de água fechada", admite Marcelino Gonçalves. E mais: "A redução do consumo foi tão agressiva que chega a trazer dificuldades ao nosso dia-a-dia. Exige, por exemplo, mais controles internos". Ainda assim, o gerente diz que a mudança valeu a pena. "Operar desta forma é um grande diferencial."

Postura que deve ser notada pelos consumidores, segundo Marilena Lavorato, diretora executiva da Mais Projetos, empresa especializada em Gestão e Capacitação Socioambiental. "Essa mudança de hábito vai alterar de forma definitiva o comportamento de consumidores e empresas."

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