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Uma forma de produção pouco conhecida do público avança rápida e silenciosamente no Brasil. A chamada "economia solidária" ganha cada vez mais adeptos – o número de empresas que seguem o modelo no Brasil quase duplicou entre 2000 e 2005 – sem que muita gente sequer saiba que ela existe. O motivo desse anonimato talvez seja a adoção de uma filosofia que, de certa forma, subverte os fundamentos das empresas tradicionais.

Em vez de encarar o lucro e a expansão das atividades como fim, as empresas da economia solidária o vêem apenas como um meio para alcançar "objetivos maiores": inclusão social, combate ao desemprego e redução das desigualdades sociais. Vista dessa forma, ela lembra muito o discurso de um militante socialista – e, a bem da verdade, é mais ou menos isso mesmo.

"O capitalismo neoliberal promoveu uma reestruturação produtiva que, para reduzir os custos, eliminou grande parte da mão-de-obra, causando informalidade e desemprego estrutural", diz Serginho Athayde, vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PR) e coordenador da Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS) do Paraná. "A economia solidária é um contraponto a isso. Nela, o trabalhador sai da informalidade."

Para começar, todo empreendimento solidário que se preze tem de levar a sério a idéia de dividir igualmente os ganhos entre seus funcionários, ou melhor, cooperados – pequenas cooperativas e associações são maioria nesse negócio. E, em vez dos equipamentos e das instalações, os trabalhadores é que são considerados o maior patrimônio dessas empresas. Para elas, não adianta apenas crescer, ganhar mercado: é preciso que todos saiam ganhando com isso.

Para a economista Lucimara Inácio do Prado, representante paranaense da Unisol Brasil – uma central de empreendimentos formada pela CUT –, um dos motores da economia solidária foi o crescimento do desemprego na década de 90. Muitos trabalhadores demitidos pela indústria e outros que nem tiveram a chance de encontrar uma vaga viraram empreendedores.

No entanto, juntar colegas dispostos a se arriscar na aventura de abrir uma empresa não é tão difícil quanto os desafios que aparecem logo em seguida. E não são poucos: administrar um negócio praticamente sem patrimônio, obter financiamentos sem ter garantias a oferecer, evitar o desânimo dos cooperados ou associados, negociar com fornecedores, manter e conquistar clientes, contornar a dependência do poder público, entre outros. Há um longo caminho para que a economia solidária se mostre uma forma consistente de produção, consumo e distribuição de riquezas.

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