Após 20 anos no comando da redação do "Guardian", Alan Rusbridger vai deixar o posto de editor-chefe do prestigioso diário britânico em 2015 e substituirá Liz Forgan como presidente do Scott Trust em 2016, quando termina a gestão dela no fundo responsável por garantir a saúde financeira e a liberdade de atuação do jornal. Ainda não há uma indicação de quem será seu sucessor, informou o "Guardian" nesta quarta-feira.
Rusbridger foi editor do jornal num momento crucial, quando o "Guardian" recebeu inúmeros prêmios importantes por reportagens como os casos de perjúrio do parlamentar conservador Jonathan Aitken, dos vazamentos de informações por Edward Snowden, no caso Wikileaks, e as escutas telefônicas ilegais de autoridades por jornalistas.
O caso Wikileaks rendeu ao jornal, no início deste ano, o maior prêmio de jornalismo dos Estados Unidos, o Pulitzer. Ganhar o prêmio na categoria "serviço público" foi um alento diante das pressões que o jornal sofreu dos governos americano e britânico, que acusavam a fonte das histórias e o jornal de violar a segurança nacional. Na série de reportagens, feita pelo jornalista Glenn Greenwald, o "Guardian" descreveu o esquema de espionagem da Agência Nacional de Segurança americana (NSA, na sigla em inglês), inclusive de governos aliados dos Estados Unidos, a partir de vazamentos feitos por Snowden, ex-empregado terceirizado da agência.
O caso também rendeu ao "Guardian" o prêmio de jornal do ano, da imprensa britânica.
Jornalismo independente
Como presidente do Scott Trust, Rusbridger continuará tendo um papel importante na manutenção do jornalismo do "Guardian". O Trust foi criado em 1936 com o propósito de dar autonomia financeira ao "Guardian", para que o jornal possa fazer seu trabalho de forma independente editorialmente. Ele é o único sócio do Guardian Media Group (GMG), responsável pela publicação do jornal homônimo. Em 2008, o Trust se tornou uma companhia limitada. Segundo o site do Trust, a prioridade dos lucros do GMG, mais do que remunerar acionistas ou um proprietário, é reinvestir numa forma de "jornalismo independente de interferências comerciais ou políticas".
"Alan tem sido o editor brilhante de sua geração. Incorporando totalmente as oportunidades da era digital, ele construiu em cima das melhores tradições de seus antecessores, transformando o Guardian de um jornal nacional imprenso em um site líder mundialmente", disse Liz Forgan, segundo o "Guardian". "Estamos felizes porque o Scott Trust e o grupo como um todo continuará se beneficiando de sua experiência, como supervisor do corpo independente que garante a integridade editorial e o futuro comercial do Guardian".
Em uma nota para a redação, Rusbridger disse: "Foi um período realmente extraordinário na vida do Guardian. Em fevereiro de 1995, os sites de jornais eram, se existissem, coisa exóticas: nós estávamos a quatro anos do lançamento do Guardian Unlimited. Desde 1999, crescemos para superar todos os outros e nos tornamos o jornal digital de assuntos sérios em língua inglesa mais lido do mundo."
O processo por meio do qual o Scott Trust vai escolher o novo editor-chefe do jornal britânico ainda será anunciado. Em geral, há uma votação na redação, antes da decisão do Trust.
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Petrobras terá nova presidente; o que suas ideias indicam para o futuro da estatal
Agro gaúcho escapou de efeito ainda mais catastrófico; entenda por quê
Deixe sua opinião