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Os alunos que participaram do programa piloto desenvolvido pelo grupo Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef) passaram a poupar mais, de acordo com o Banco Mundial. O projeto está ensinando educação financeira a alunos da 2ª Série do Ensino Médio de seis estados brasileiros: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Tocantins e Distrito Federal.

Após um semestre de aulas, 50% dos cerca de 12 mil alunos de 439 colégios estaduais pouparam algum dinheiro todos os meses, contra 44% de outros 12 mil alunos de outras 452 escolas onde não foi realizado o projeto, e que serviram como base de comparação.

Outros resultados mostram que os estudantes que receberam aulas de alfabetização financeira aprenderam a lidar melhor com o dinheiro e qual o significado de inflação, taxa de juros entre outros conceitos da economia.

A Enef é um projeto que conta com a participação de diversos órgãos e instituições públicas e privadas, como o Banco Mundial, os ministérios da Educação e da Justiça, a Comissão de Valores Mobiliários e a Bolsa de Valores de São Paulo. "Educação financeira é um componente essencial para o currículo dos estudantes, para mudar o comportamento e aumentar a produtividade global da economia brasileira", afirmou o diretor para o Brasil do Banco Mundial, Mahktar Diop.

Educação financeira aumenta inclusão social

"Esse projeto tem um impacto na estabilidade econômica e no aumento da inclusão social", ressaltou Diop. O levantamento destaca que o índice de alfabetização financeira, após seis meses de aulas, em uma escala de 0 a 100, foi de 60,4 nas escolas onde houve o projeto, contra 56,1 nas 452 escolas onde a Enef não foi aplicada.

Após o encerramento do primeiro semestre do programa, houve aumento do conhecimento dos alunos sobre taxas de juros, empréstimos e financiamentos, pagamento mínimo de cartão de crédito, seguros e imposto de renda. "Isso não ocorreu por acaso. Foi verificado que, por causa do programa ocorreu esse aumento da alfabetização financeira", comentou Cristian Quijada Torres, especialista em desenvolvimento do setor privado do Banco Mundial.

"Conhecer a inflação é fundamental. O percentual de alunos que responderam corretamente a questões sobre a inflação foi de 36% nas escolas que participaram do projeto, contra 33% nas escolas onde não foram realizadas as aulas. É cerca de 10% a mais", destacou Rogelio Marchetti, especialista sênior do setor financeiro do Banco Mundial.

Além de alunos, projetos ajudam professores e pais

Para Miriam Bruhn, economista do Grupo de Pesquisa e de Desenvolvimento Financeiro e Setor Privado do Banco Mundial, e uma das autoras dos resultados do primeiro semestre do projeto, o estudante que participou das aulas, agora, tem uma possibilidade de estar nas decisões financeiras e de participar no orçamento do lar. "Entretanto, ele ainda não sabe das condições financeiras dos pais", observou Miriam. "O projeto teve impactos positivos. Ao final do primeiro semestre, os estudantes tinham uma capacidade maior de fazer uma lista dos gastos do mês, de poupar uma parte dos recursos e um cuidado maior em gastar o dinheiro", complementou ela.

O professor de Geografia Douglas Rosa de Souza, que dá aulas para alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual João de Abreu Junior, em Cantagalo, na Região Serrana do Rio de Janeiro, disse que houve um grande envolvimento dos estudantes. "Era uma turma com hábitos de consumo muito aflorados, com meninas vaidosas e meninos que queriam comprar tudo da moda, todos na faixa dos 17 anos", recorda ele.

"Eles absorveram muito as aulas. As meninas, que antes perturbavam as mães para comprar tudo o que vissem pela frente, estavam guardando dinheiro para comprar no fim do ano, e aproveitar as liquidações de Natal", conta Souza, de 31 anos. "Fazer poupança foi um das grandes aprendizados que ficaram na nossa escola", concluiu.

O professor lembra que os pais chegaram a ir à escola para perguntar que aulas eram aquelas que estavam transformando a realidade dos filhos na hora das compras. "Quando o programa surgiu, eu estava me preparando para comprar um carro. Eu ia acabar caindo em um parcelamento. O primeiro impacto foi segurar um pouco o dinheiro para ter o maior capital possível guardado e fazer a melhor compra, sem pagar juros", finalizou ele.

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