Ei, Apple, esse Iphone é meu!

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A marca Gradiente iniciou ontem as vendas de uma linha de smartphones com a denominação de Família IPHONE, alegando ter o direito exclusivo sobre a marca no Brasil. O banco de dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), órgão responsável pelo registro de marcas e de novas tecnologia no país, mostra que a Gradiente é dona de uma marca chamada "G Gradiente Iphone". O processo de registro teve início no ano 2000 e foi finalizado em 2008. De acordo com o documento, a Gradiente tem direito sobre o nome até 2018. O pedido de registro da marca "Iphone", feito pela americana Apple, ocorreu apenas em 2007, e continua em tramitação.

De acordo com o Inpi, a Apple não pode usar parte de um nome que já foi registrado. Assim, a Gradiente pode entrar com processo contra Apple no país pela utilização da marca. Em caso semelhante ocorrido na China, com o iPad, a companhia norte-americana optou por fazer um acordo com a empresa local.

Conforme comunicado divulgado pela Gradiente, a empresa visualizou, em 2000, que haveria uma revolução tecnológica no mundo dos celulares. "Naquele mesmo ano, a empresa entrou com pedido de registro da marca IPHONE [em maiúsculas no original] no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). No dia 2 de janeiro de 2008, a companhia teve seu registro concedido pelo órgão federal e passou a deter os direitos exclusivos de produção e comercialização dessa marca até 2018", disse, em comunicado, a IGB Eletrônica, detentora da marca Gradiente.

Enganando?

Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, o fundador da Gradiente, Eugênio Staub, negou que a intenção da empresa é tirar proveito do nome de telefone mais famoso do mundo. "Até porque nosso sistema operacional é diferente, é Android", afirmou. Ele também criticou a Apple: "Quando entraram no país, a marca já estava registrada. O caminho mais conveniente teria sido se eles tivessem procurado a gente. Se eu vou a outro país e verifico que alguém tem a marca Gradiente, por exemplo, como já aconteceu, eu procuro a empresa para negociar. Ninguém nos procurou. Houve, digamos assim, uma falta de respeito com o nosso registro."

Ele também afirmou que não há uma decisão da Gradiente em processar a Apple, dizendo que "teremos o maior prazer em dialogar" caso for procurado pela empresa americana.

O celular lançado ontem chama-se G Gradiente Iphone Neo One. E está bem longe de ser um iPhone da Apple. O celular roda o sistema operacional Android 2.3 (Gingerbread), uma versão já considerada velha, possui suporte para dois chips e tem conexão wi-fi e 3G. A tela é de 3,7 polegadas com resolução de 320 por 480 pixels. O preço é de R$ 600.

G Gradiente Iphone Neo One

Divulgação

Custa R$ 600. Este é o preço do smartphone que a Gradiente lançou e que vai usar a marca Iphone – ou G Gradiente Iphone, como consta no registro pedido pela companhia ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial. A solicitação de registro foi feita em 2000 e foi finalizada em 2008, de acordo com a empresa.

"Se eu vou a outro país e verifico que alguém tem a marca Gradiente, por exemplo, como já aconteceu, eu procuro a empresa para negociar. Ninguém nos procurou. Houve, digamos assim, uma falta de respeito com o nosso registro."

Eugênio Staub, fundador da Gradiente.

O iPhone da Apple

Divulgação

Custa R$ 3.099. Este é o preço de um iPhone 5 (o modelo mais recente, que chegou às lojas na sexta-feira passada), com capacidade de armazenar 64 gigabytes de dados e em um plano pré-pago. A Apple pediu o registro da marca iPhone no Brasil em 2007, logo após o seu lançamento mundial.

"Por que a companhia esperou até agora para montar um telefone com essa marca é algo que ninguém pode adivinhar, mas parece que eles estão de olho na possibilidade de ganhar dinheiro com o nome depois que a Apple fez sucesso."

Brad Sams, articulista do site americano Neowin, especializado em tecnologia.