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Malogros

Sim, Eike Batista já perdeu dinheiro: perto de US$ 380 milhões em mi­nas e outros ativos na Bolívia, no Canadá, nos Estados Unidos e na Rússia; em uma empresa de entregas (a EBX Express); em uma fábrica de jipes (a JPX); e na representação da cerveja canadense Labatt Blue no Brasil. Além disso, em 2006 Eike foi condenado a pagar R$ 4 milhões a empresários que investiram na fracassada franquia de cosméticos Clarity, que ele "herdou" de Luma de Oliveira.

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O sujeito é bilionário – em dólares – há uma década, mas por muito tempo foi conhecido apenas como "o marido de Luma de Oliveira", em especial a partir do carnaval de 1998, quando ela desfilou usando uma coleira com o nome dele. Mas após a separação, em 2004, o empresário Eike Batista decidiu que sua fama não ficaria limitada a colunas sociais e revistas de fofoca. E nisso, como em tantas outras empreitadas, foi muito bem-sucedido.

Hoje não passa dia sem que o homem mais rico do país seja citado no noticiário. Eike está em todas. Aparece até na lista dos livros mais vendidos, por sinal no topo, e semanas atrás seu elogio à riqueza deu à revista Veja motivo para uma insólita analogia com Deng Xiaoping, presidente chinês que "inventou" o socialismo de mercado.

Boa parte da "Eikemania" se deve, claro, à fortuna estimada em mais de US$ 30 bilhões que faz dele o oitavo homem mais rico do mundo, segundo a revista Forbes. Mas sua indisfarçada autopromoção e o anúncio quase diário de novos negócios nos mais variados ramos têm papel ainda mais importante no fenômeno. A mesma estratégia de marketing é aplicada pelas empresas da "família X". A OGX, por exemplo, faz questão de comunicar ao mercado todas as etapas de exploração de um campo, algo incomum entre petroleiras.

Anos atrás, houve quem afirmasse que Eike "inventava" negócios só para disputar a atenção da imprensa com Luma de Oliveira. Se era o caso, a disputa parece encerrada há muito tempo: a modelo é cada vez mais lembrada como "a ex-mulher de Eike".

De todo modo, as atividades de Eike ainda despertam alguma desconfiança. Como ele deu a partida na maioria de suas atuais empresas quase si­­­multaneamente, há menos de meia década, a maioria delas ainda está em fase pré-operacional. Por isso, o caixa que elas (não) geram hoje parece incompatível com o discurso megalomaníaco do empresário. Os balanços mais recentes mostram que suas cinco companhias listadas em bolsa tiveram prejuízo de R$ 353 milhões de janeiro a setembro de 2011. E apenas as ações da MPX, de energia, se valorizaram no ano passado – as demais perderam de 29% a 41% de seu valor.

Tudo mudará quando as empresas finalmente entrarem em operação, garante Eike – após vários adiamentos, a maior delas, a OGX, produziria seu "primeiro óleo" neste sábado, depois do fechamento desta edição. "A cada emissão, a cada nova oferta pública, estou imbuído da convicção de que vou gerar riqueza e compartilhá-la com quem acreditou em mim", afirma ele no já best-seller O X da questão. As frases publicadas nesta página, várias delas retiradas do livro, dão outros exemplos da inquebrantável autoconfiança do empresário, que assegura ser questão de tempo sua chegada ao topo da lista dos mais ricos do mundo.

Em 12 meses, dezenas de negócios

Confira abaixo um breve resumo do que Eike Batista e suas empresas fizeram ou anunciaram nos últimos 365 dias.

Fevereiro de 2011

- Eike cria a CCX, que herda as minas da MPX na Colômbia.

Março

- Eike diz que nos próximos anos suas empresas vão dobrar os investi­men­tos, para US$ 40 milhões por dia.

- AUX compra o controle da mine­radora canadense Ventana Gold.

Abril

- Eike anuncia o time de vôlei masculino RJX.

- Em parceria com outras empresas, a EBX (holding que reúne as empresas de Eike) lança a Brix, uma bolsa de negócios de energia elétrica.

- Decepção com os resultados da OGX faz as ações da empresa caírem 17,25% no dia 18.

- Pessoas que tiveram terras desapropriadas paralisam obras do Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), por dois dias.

Maio

- Eike anuncia que será o vendedor exclusivo de ingressos da Copa de 2014; agência da Fifa desmente.

- MMX compra a PortX Operações Portuárias por R$ 6,3 bilhões.

- OGX anuncia que começa a produzir petróleo "em setembro ou outubro".

Junho

- MPX acerta a compra de dois projetos de termelétricas do grupo Bertin.

Julho

- Justiça autoriza Rodolfo Landim, ex-presidente da OGX, a vender quase R$ 80 milhões em ações da empresa.

Agosto

- Nissan confirma que estuda construir uma fábrica no Porto do Açu.

- Eike anuncia que seu grupo terá Ebitda (geração de caixa) de US$ 15 bilhões em 2015 e o dobro disso em 2020.

- Empresário diz que planeja abrir o capital das mineradoras AUX e CCX e da incorporadora REX.

- Greenpeace protesta contra trabalhos da OGX nas proximidades do Parque Nacional dos Abrolhos, no litoral baiano.

Setembro

- OSX prevê investir US$ 3 bilhões em estaleiro no Porto do Açu.

- Eike diz estudar participação em fábrica de fertilizantes no Maranhão.

- OGX completa dois anos de exploração, período em que perfurou 60 poços. Eike garante que em novembro ela extrairá "primeiro óleo".

Outubro

- EBX compra 70% da AC Engenharia e cria a empresa de automação industrial SIX.

- Eike negocia sociedade com a taiwanesa Foxconn para fabricar iPads no Brasil.

Novembro

- EBX e IBM confirmam estudar uma parceria.

Dezembro

- EBX anuncia patrocínio aos gêmeos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro para o UFC 140, no Canadá. Dias depois, em parceria com a IMG, Eike cria a IMX, voltada para esportes e entretenimento; empresa assume as etapas brasileiras do UFC e da Volvo Ocean Race, prevê realizar 58 eventos em 2012 e promete disputar a concessão do Maracanã.

- Eike lança o livro O X da questão.

- Suspeita de que a construção de um centro de convenções na Marina da Glória viola legislação da área emperra início dos projetos de Eike no local.

- Pastoral da Terra diz ser contra desapropriações na área do Porto do Açu; 1,5 mil famílias estariam sendo pressionadas a deixar suas terras. MPF começa a investigar suposta ação truculenta na desocupação.

- Eike admite que início da produção da OGX, então previsto para o fim de dezembro, dependeria de melhores condições meteorológicas.

- O empresário anuncia a criação da NRX, do setor de refeições prontas, em joint venture com a Newrest.

Janeiro de 2012

- A REX fecha acordo para construir hotel de luxo em sede do Flamengo.

- No dia 2, OGX comunica ao mercado que sua produção começaria em 23 de janeiro; no dia 5, a empresa revê data para 28 de janeiro. Na semana seguinte, recebe licença ambiental e capta R$ 600 milhões para produzir gás natural no Maranhão.

- MPX se une à alemã E.ON, para ser "a maior empresa privada de energia do Brasil".

- Eike Batista e pool de ricaços (entre eles, o mexicano Carlos Slim, homem mais rico do mundo) bancam a pre­sença de Bruno Senna na Fórmula 1.

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