Curitiba O dossiê elaborado pela MTV mostra que 37% das pessoas entre 15 e 30 anos, das classes A, B e C, acreditam que a principal característica da sua geração é ser "vaidosa, preocupada demais com a aparência", enquanto 26% a definem como consumista. A vaidade dos jovens, assunto que entrou em evidência nos últimos anos, faz brilhar os olhos de quem vende roupas e cosméticos, por exemplo. Principalmente quando 60% dos entrevistados dizem acreditar que "pessoas mais bonitas têm mais oportunidades na vida".
Ciro Zadra, diretor da agência de publicidade CCZ/Elétrica, avalia que empresas ligadas à área de beleza e cuidados pessoais ainda não conseguiram desenvolver com os jovens um nível de relacionamento tão próximo quanto as operadoras de telefone celular. "Ainda é um mercado a ser desenvolvido", diz. Por outro lado, marcas de vestuário parecem estar em perfeita sintonia com o jovem consumidor, especialmente aquele das classes mais altas.
No entanto, há uma tendência interessante. De acordo com Luiz Fernando Góes, da consultoria Gouvêa de Souza & MD, na hora de comprar calçados e itens de vestuário os adolescentes da classe C mostram-se mais preocupados com a marca do que as pessoas de classes mais altas, que inicialmente avaliam outros atributos, como qualidade, conforto e design. "O jovem da classe C pode demorar mais para comprar, pode ter que parcelar. Mas ter roupa de marca é uma forma de afirmação para ele."
Apesar disso, obviamente é bem mais fácil encontrar clientes fiéis entre quem está em melhores condições financeiras. Carla Sobânia, que dirige quatro lojas de roupas importadas no ParkShopping Barigüi, coleciona consumidores assíduos. Muitos acompanham as tendências da moda de perto, e já chegam sabendo o que querem. Outros são avisados pelas vendedoras assim que as lojas recebem novidades. "E não perguntam preço: se olharem e gostarem, eles levam."
Entre eles, estão os estudantes Marlus Gonçalves, de 20 anos, e Eduardo Carbone, de 18. "Gosto de ter meu estilo, de estar bem vestido, de estar na moda", resume Marlus, que diz gastar pelo menos R$ 1,5 mil por mês com calças, camisetas e blusas. Já no orçamento de Eduardo, cerca de R$ 900 são destinados mensalmente para o item vestuário. Ambos personificam uma tendência que vem se tornando mais visível nos últimos cinco anos: os homens estão mais preocupados com a aparência. "Isso é resultado do fato de que as mulheres se tornaram mais exigentes. E hoje é muito mais natural encontrarmos homens que se cuidam; poucos ainda têm preconceito em relação a isso", diz o estilista Júnior Gabardo, da Sexxes. "Em nossas lojas, apenas 17% dos clientes eram homens há cinco anos. Hoje, eles são 40%. Não se pode chamar isso simplesmente de crescimento: o mercado é que sofreu uma forte modificação."
Gabardo avalia que, para as marcas, o maior desafio é saber se adaptar a um mercado que muda rápido demais. "Experiência não é garantia de permanência, e grandes empresas podem levar rasteiras do dia para a noite", diz. "É muito comum gerações atuais odiarem o que as anteriores gostavam. E, hoje, isso acontece entre duas irmãs, uma de 16 e outra de 13 anos." A saída seria ou envelhecer com seu público ou tentar se reposicionar o tempo todo. O estilista conta que marcas como Ellus, Zoomp e Forum, que nos anos 80 visavam o público de menos de 20 anos, hoje estão mais associadas a quem está próximo dos 30 ou seja, souberam envelhecer.
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