Vale, Sadia e GM enfrentam protestos
A central sindical Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) divulgou uma nota em que critica a proposta de licença remunerada feita na quinta-feira pela mineradora Vale aos seus trabalhadores de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Segundo a Conlutas, o fato de a empresa ter anunciado ontem a distribuição de remuneração mínima de US$ 2,5 bilhões aos seus acionistas para 2009 é um desrespeito aos seus funcionários.
O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação de São Paulo, por sua vez, fez ontem um protesto contra demissões em frente à Sadia, na Vila Anastácio, na capital paulista. Na terça-feira, a empresa havia informado a demissão de 350 trabalhadores de setores administrativos.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos informou que o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região, de Campinas, decidiu ontem convocar a General Motors para uma audiência de conciliação. O encontro foi marcado para a próxima quarta-feira. Em nota, o sindicato explica que a decisão é o resultado de uma ação de dissídio coletivo que foi ajuizada na quinta-feira pedindo que as 802 demissões feitas pela montadora no último dia 12 sejam revertidas. A GM comunicou um novo período de férias coletivas na unidade. De acordo com o sindicato, as férias coletivas vão ocorrer entre os dias 9 de fevereiro e 1º de março e atingem cerca de 400 funcionários.
Cerca de 8,8 mil vagas de trabalho foram eliminadas em Curitiba no mês passado, o que representa um recuo de 1,5% no total de empregados do município. Por conta de fatores como o encerramento de contratos temporários, dezembro sempre apresenta queda no emprego, mas em 2008 o cenário foi pior que o de costume. A baixa registrada no mês, equivalente a mais de cinco vezes a vista em igual período de 2007, foi a maior da série histórica, iniciada em 1999. Até então, o pior resultado era o de dezembro de 2003, quando o saldo entre contratações e demissões ficou negativo em 6,1 mil vagas. Os dados são do Ministério do Trabalho.
Por conta da crise, Curitiba não conseguiu bater seu recorde anual de geração de empregos foram criados 28,2 mil postos no ano passado, 7,8% a menos que em 2007 , e começa 2009 com a rara perspectiva de eliminar mais vagas logo nos primeiros meses do ano. "Devemos registrar novas baixas em janeiro e fevereiro. Acreditamos que em março o emprego comece a se recuperar", disse ontem o secretário municipal do Trabalho e Emprego, Jorge Bernardi, em entrevista coletiva. A última vez em que o município fechou postos de trabalho no início do ano foi em março de 2003, quando o saldo de empregos ficou negativo em 1,7 mil.
Ainda assim, Bernardi demonstrou otimismo. Amparado por análises do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PR), o secretário diz crer que 2009 chegará ao fim com novo crescimento no emprego, embora menor que o do ano passado. "Se, na pior das hipóteses, a economia brasileira crescer 2%, o saldo de empregos deve aumentar em pelo menos 12 mil em Curitiba, em relação ao total de 580 mil empregados no mês passado."
Para a economista Lenina Formaggi, do Dieese-PR, a geração de emprego terá "aumento acentuado" no segundo semestre. "Nos últimos meses, os empresários não tinham qualquer sinalização sobre o futuro, não tinham como se planejar. Mas, recentemente, o dinheiro liberado pelo governo para o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] e a queda da taxa básica de juros [Selic], deram bons sinais", explicou.
Para a economista, como o emprego deve recuar no primeiro bimestre e há expectativa de que a economia cresça, em algum momento o mercado de trabalho terá de reagir. "A retomada deve ser mais forte a partir de meados do ano, quando a baixa da Selic começa a ter influência significativa sobre a economia."
Efeito psicológico
Fábio Tadeu Araújo, economista da Brain Consultoria, atribui a forte onda de demissões em dezembro a um efeito psicológico. "As empresas ficaram assustadas e se anteciparam à crise, diminuindo violentamente a força de trabalho. A economia vinha em ritmo forte demais para a geração de empregos no país ter caído, tão rapidamente, dos 2 milhões de novas vagas previstas para menos de 1,5 milhão."
Araújo se diz "menos pessimista" que a maioria dos colegas, mas lembra que, se a ideia do governo federal é recuperar o nível de emprego, terá de anunciar novas medidas de estímulo à construção civil. "É o setor que mais gera empregos quando há incentivo."
No acumulado de 2008, a construção foi o setor que, proporcionalmente, mais elevou seu quadro de pessoal em Curitiba foram 3,4 mil novas vagas, com alta de 14,4% sobre 2007. Em compensação, foi o que mais fechou postos em dezembro (-4,4%). "Apesar da recente queda na compra de imóveis, temos que lembrar que, em 2008, foram lançadas 6 mil unidades habitacionais na cidade, 50% a mais que em 2007. Ainda que não houvesse um único lançamento em 2009, os prédios já lançados terão de ser construídos, e as construtoras terão de contratar", diz Araújo.
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