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Construção civil foi setor que mais  demitiu em dezembro do ano passado | Daniel Derevecki/gazeta do Povo
Construção civil foi setor que mais demitiu em dezembro do ano passado| Foto: Daniel Derevecki/gazeta do Povo

Vale, Sadia e GM enfrentam protestos

A central sindical Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) divulgou uma nota em que critica a proposta de licença remunerada feita na quinta-feira pela mineradora Vale aos seus trabalhadores de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Segundo a Conlutas, o fato de a empresa ter anunciado ontem a distribuição de remuneração mínima de US$ 2,5 bilhões aos seus acionistas para 2009 é um desrespeito aos seus funcionários.

O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação de São Paulo, por sua vez, fez ontem um protesto contra demissões em frente à Sadia, na Vila Anastácio, na capital paulista. Na terça-feira, a empresa havia informado a demissão de 350 trabalhadores de setores administrativos.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos informou que o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região, de Campinas, decidiu ontem convocar a General Motors para uma audiência de conciliação. O encontro foi marcado para a próxima quarta-feira. Em nota, o sindicato explica que a decisão é o resultado de uma ação de dissídio coletivo que foi ajuizada na quinta-feira pedindo que as 802 demissões feitas pela montadora no último dia 12 sejam revertidas. A GM comunicou um novo período de férias coletivas na unidade. De acordo com o sindicato, as férias coletivas vão ocorrer entre os dias 9 de fevereiro e 1º de março e atingem cerca de 400 funcionários.

  • Recorde negativo

Cerca de 8,8 mil vagas de trabalho foram eliminadas em Curitiba no mês passado, o que representa um recuo de 1,5% no total de empregados do município. Por conta de fatores como o encerramento de contratos temporários, dezembro sempre apresenta queda no emprego, mas em 2008 o cenário foi pior que o de costume. A baixa registrada no mês, equivalente a mais de cinco vezes a vista em igual período de 2007, foi a maior da série histórica, iniciada em 1999. Até então, o pior resultado era o de dezembro de 2003, quando o saldo entre contratações e demissões ficou negativo em 6,1 mil vagas. Os dados são do Ministério do Trabalho.

Por conta da crise, Curitiba não conseguiu bater seu recorde anual de geração de empregos – foram criados 28,2 mil postos no ano passado, 7,8% a menos que em 2007 –, e começa 2009 com a rara perspectiva de eliminar mais vagas logo nos primeiros meses do ano. "Devemos registrar novas baixas em janeiro e fevereiro. Acreditamos que em março o emprego comece a se recuperar", disse ontem o secretário municipal do Trabalho e Emprego, Jorge Bernardi, em entrevista coletiva. A última vez em que o município fechou postos de trabalho no início do ano foi em março de 2003, quando o saldo de empregos ficou negativo em 1,7 mil.

Ainda assim, Bernardi demonstrou otimismo. Amparado por análises do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PR), o secretário diz crer que 2009 chegará ao fim com novo crescimento no emprego, embora menor que o do ano passado. "Se, na pior das hipóteses, a economia brasileira crescer 2%, o saldo de empregos deve aumentar em pelo menos 12 mil em Curitiba, em relação ao total de 580 mil empregados no mês passado."

Para a economista Lenina Formaggi, do Dieese-PR, a geração de emprego terá "aumento acentuado" no segundo semestre. "Nos últimos meses, os empresários não tinham qualquer sinalização sobre o futuro, não tinham como se planejar. Mas, recentemente, o dinheiro liberado pelo governo para o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] e a queda da taxa básica de juros [Selic], deram bons sinais", explicou.

Para a economista, como o emprego deve recuar no primeiro bimestre e há expectativa de que a economia cresça, em algum momento o mercado de trabalho terá de reagir. "A retomada deve ser mais forte a partir de meados do ano, quando a baixa da Selic começa a ter influência significativa sobre a economia."

Efeito psicológico

Fábio Tadeu Araújo, economista da Brain Consultoria, atribui a forte onda de demissões em dezembro a um efeito psicológico. "As empresas ficaram assustadas e se anteciparam à crise, diminuindo violentamente a força de trabalho. A economia vinha em ritmo forte demais para a geração de empregos no país ter caído, tão rapidamente, dos 2 milhões de novas vagas previstas para menos de 1,5 milhão."

Araújo se diz "menos pessimista" que a maioria dos colegas, mas lembra que, se a ideia do governo federal é recuperar o nível de emprego, terá de anunciar novas medidas de estímulo à construção civil. "É o setor que mais gera empregos quando há incentivo."

No acumulado de 2008, a construção foi o setor que, proporcionalmente, mais elevou seu quadro de pessoal em Curitiba – foram 3,4 mil novas vagas, com alta de 14,4% sobre 2007. Em compensação, foi o que mais fechou postos em dezembro (-4,4%). "Apesar da recente queda na compra de imóveis, temos que lembrar que, em 2008, foram lançadas 6 mil unidades habitacionais na cidade, 50% a mais que em 2007. Ainda que não houvesse um único lançamento em 2009, os prédios já lançados terão de ser construídos, e as construtoras terão de contratar", diz Araújo.

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