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Supervisão global e regulação para bancos e outros atores financeiros, até pouco tempo atrás vistos com pouca simpatia por pensadores mais liberais, voltaram a ser o tema da moda nas discussões entre políticos reunidos no Fórum Econômico Mundial, que será encerrado hoje, em Davos, na Suíça.

Personalidades responsáveis pela regulação admitem que cometeram erros na maneira como lidaram com o setor bancário até começar a pior crise financeira desde a Grande Depressão, nos anos 30. Juntamente com outros políticos, eles cada vez mais tendem a defender uma arquitetura financeira global rigorosa e forte o suficiente para absorver choques no futuro.

"Independentemente de como essa crise evolua, uma nova filosofia sobre supervisão precisa emergir", disse o presidente da Suíça, Hans-Rudolf Merz, que também é ministro das finanças de seu país. "Regras globais precisam ser criadas para a supervisão de atores globais. Cooperação deve ser a norma", completou o presidente, conhecido por sua simpatia pelo mundo dos negócios e pelo pensamento liberal.

Os países atingidos pela crise têm agido de maneira descoordenada para apagar incêndios que aparecem diariamente no setor bancário. Assim, os próprios banqueiros afirmaram em Davos que receberiam bem uma resposta que estabelecesse novas regras. Jamie Dimon, executivo-chefe do JP Morgan, admitiu que os bancos fizeram "coisas realmente estúpidas", mas ele também bateu nos responsáveis pela regulação dos mercados. "Eu ainda não vi todas as pessoas certas se reunirem em uma sala, fecharem a maldita porta e só sairem com uma solução", disse.

Adair Turner, conselheiro da Autoridade de Serviços Financeiros do Reino Unido, disse que ele já trabalha com outras autoridades para melhorar as atuais regras sobre o movimento de capitais. A ideia é introduzir um mecanismo anticíclico que permitiria a reserva de recursos durante os períodos de bonança, para serem usados como um "colchão" durante as retrações. As novas regras poderiam introduzir um limite para a alavancagem dos bancos. "O ideal é que a proposta seja adotada internacionalmente. E este é o maior desafio para grupos como o Fórum para a Estabilidade Financeira ou o Comitê de Supervisão Bancária da Basileia", declarou.

Nem na União Europeia existe um sistema assim. Lá, interesses nacionais impediram qualquer movimento na direção de uma supervisão internacional do sistema bancário, mas a crise mostrou que existe a necessidade de um monitoramento comum, feito por uma instituição supranacional, opina Charlie McCreevy, comissário da União Europeia para o mercado interno. "Acho que o sistema atual de supervisão não faz sentido, não está alinhado com a ideia de um mercado comum na Europa."

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