São Paulo A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) voltou a fechar com forte alta no pregão de ontem. Na ausência de más notícias sobre a crise dos "subprimes", os investidores voltaram às compras, praticamente recuperando as perdas da última terça-feira. Nos 21 pregões deste mês, a bolsa teve fechamento positivo em 13. O Ibovespa, seu principal índice, valorizou 2,11% e fechou o dia aos 52.735 pontos. O volume financeiro foi de R$ 3,83 bilhões. O dólar comercial foi negociado a R$ 1,967 para venda, com decréscimo de 1,74%. A taxa de risco-país, medida pelo indicador Embi+ (JP Morgan), marca 195 pontos, com recuo de 7,14%.
Os negócios na bolsa acompanham a cena externa, bastante volátil e movimentada dia a dia pelos indicadores econômicos dos Estados Unidos e notícias de "quebradeiras" por conta dos problemas no mercado de crédito imobiliário. As bolsas da Europa também fecharam em alta ontem. A elevação nas ações da Nokia e o dia positivo em Wall Street ajudaram os investidores europeus a reverterem os índices negativos de terça-feira.
De um lado, ainda há muita incerteza no mercado sobre a extensão das perdas dos bancos e fundos de investimentos com os chamados "créditos subprime" (de alto risco). Por outro lado, há um relativo otimismo de analistas e investidores de que o Federal Reserve (banco central dos EUA) vá cortar os juros básicos dos EUA em sua próxima reunião.
Entre as principais notícias de ontem, o banco francês BNP Paribas descongelou os saques em dois dos três fundos que havia congelado no último dia 9 devido aos investimentos desses fundos ligados ao mercado americano de hipotecas de risco.
No início do mês, quando bloqueou os saques dos três fundos, o banco francês provocou uma derrocada generalizada nas bolsas. Na data, analistas interpretaram a medida da instituição financeira, uma das maiores da Europa, como o sinal de que a crise dos "subprimes" havia ultrapassado as fronteiras dos EUA.
Para muitos economistas, o afrouxamento da política monetária da maior economia do planeta pode ser a "saída" mais rápida para apressar o fim da crise financeira que arrasta as bolsas mundiais há semanas. Entre alguns economistas, no entanto, não é consenso que o "Fed" realmente deva reduzir os juros, apesar da pressão do mercado.
"Uma ação do Fed sobre a taxa básica do juro só se justificaria caso a volatilidade ameaçasse as perspectivas de crescimento e inflação", afirma Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
O economista-chefe da Sul América Investimentos, Elson Telles, tem opinião semelhante. "Não acho tão certo assim [como o mercado avalia] de que Fed realmente vai cortar os juros. E se cortar, é porque tem informações [que o restante dos analistas não têm] de que a situação está grave mesmo."



