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A comemoração dos dez anos do sistema de metas de inflação, neste ano, marca também uma guinada no foco da política monetária brasileira. Na opinião de economistas, o Comitê de Política Monetária (Copom) está colocando, a partir de ontem, a inflação em segundo plano para se concentrar na difícil missão de evitar que o país caminhe para uma recessão nos próximos meses.

"O foco agora mudou, o Copom não tem de se preocupar no momento com a inflação, tem de deixar a economia funcionar. A meta (de inflação) já está garantida para este ano", alerta o ex-diretor de política monetária do Banco Central e chefe do departamento de economia da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas.

O economista Braulio Borges, da LCA Consultores, também ressalta o importante papel que o BC vai desempenhar para amenizar os efeitos das turbulências internacionais no país. "A crise é de confiança e quem tem o poder de reverter as expectativas é a política monetária", avalia. Ele avalia que o corte agressivo da Selic "poderá ter o efeito de recuperar a confiança dos empresários e investidores e levar a uma recuperação dos investimentos a partir do segundo trimestre."

Para o analista Neil Dougall, do Dresdner Kleinwort, o BC precisou responder de maneira agressiva à rápida mudança de tendência para o crescimento econômico e a inflação. Ele acertou na projeção de corte de 1 ponto porcentual, e acredita que, no final de 2009, a Selic estará em 10,5%.

Preços altos

No ano de 2008, que registrou até setembro forte aquecimento na economia, no emprego e na produção industrial, a política monetária esteve integralmente voltada para o combate à inflação, que até julho ameaçava ultrapassar o teto (6,5%) da meta inflacionária. A Selic iniciou o ano em 11,25% e chegou a dezembro em 13,75%, com quatro elevações nos juros definidas pelo Copom ao longo do período.

A história a ser contada em 2009 promete ser muito diferente. O ano começou com a taxa em 13,75%, reduzida ontem para 12,75% e, segundo as projeções divulgadas no relatório Focus desta semana, a estimativa da taxa Selic no final de 2009 caiu de 11,75%, do relatório anterior, para 11,25%. Se confirmada, a taxa chegará ao final deste ano exatamente no mesmo patamar em que fechou 2007, quando abriu espaço para o bom desempenho econômico registrado no ano passado.

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