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O avanço do Itaú Unibanco como potência seguradora, em parceria com a Porto Seguro, colocou mais uma vez em xeque a supremacia do Bradesco em serviços financeiros no país, segundo analistas.

Após lances agressivos dos principais concorrentes no tabuleiro do varejo bancário, que culminaram com a perda da ponta no ranking das instituições privadas no país, justamente pela fusão entre Itaú e Unibanco, o Bradesco assistiu seu maior rival lhe tirar da boca um acordo que parecia certo com a Porto Seguros.

O Itaú Unibanco assinou no domingo acordo com a Porto Seguro para assumir o equivalente a 30 por cento de um grupo mais amplo de seguros. O negócio foi anunciado nesta segunda-feira.

Embora ainda encabece o setor segurador como um todo, o Bradesco deve sofrer novo ataque em breve, de parte do Banco do Brasil.

O banco estatal, que recentemente voltou a ser primeiro em ativos no país, está prestes a concluir uma reestruturação em seguros, com vistas a dobrar sua fatia de mercado no segmento nos próximos cinco anos.

"A mítica do líder absoluto ficou para trás", disse o economista João Augusto Frota Salles, da consultoria Lopes Filho.

Segundo o especialista, o episódio envolvendo a Porto Seguro acirra o processo de competição no setor bancário do país, que nos próximos meses e anos deve se espalhar para outros segmentos, como administração de recursos e cartões de crédito.

"O cenário mudou. A disputa pela liderança agora vai ficar mais equilibrada", afirmou Frota Salles.

Para o presidente da consultoria EFC, Carlos Daniel Coradi, o capítulo reflete os resultados de uma política de menor agressividade do Bradesco nos últimos anos, que pode fazer o banco ainda perder mais espaço no curto e médio prazos.

"O Bradesco estava perdendo espaço por falta de visão estratégica", disse.

A situação poderia ter começado a mudar com a substituição, em março, de Márcio Cypriano por Luiz Carlos Trabuco na presidência do Bradesco, segundo especialistas.

Egresso do comando da Bradesco Seguros, setor que conduziu o forte crescimento e que hoje responde por 35 por cento dos resultados totais do conglomerado, Trabuco vinha sendo apontado como líder de uma era de maior agressividade do banco.

No entanto, foi justamente em sua especialidade que o grupo sofreu seu mais recentemente revés.

Um final de semana após ter fechado sem sucesso conversas para uma parceria com o Bradesco, que já se arrastavam por semanas, a Porto Seguro acertou com o Itaú, levando para este a liderança no ramo de automóveis e uma participação expressiva no seguro de residências.

Para analistas, o posicionamento em seguros --segmento com penetração ainda baixa na economia e com elevado potencial de crescimento-- vem ganhando importância, enquanto as instituições buscam ampliar a oferta de serviços financeiros e pulverizar as fontes de receitas, empurradas por margens financeiras menores com crédito, devido ao processo de queda de juros.

Detalhe: a atividade seguradora é, no Itaú Unibanco, a mais rentável da instituição, à frente das áreas de crédito e de cartões, segundo Coradi, da consultoria EFC.

Em relatório, a corretora Ativa destacou que "uma exposição no setor de seguros é positiva para os bancos em geral", na medida em que acaba contribuindo para a manutenção dos resultados em um cenário de contração de spreads.

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