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Nelson Hübner vai levar uma operação de montagem para o Paraguai: mais com­petitividade | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Nelson Hübner vai levar uma operação de montagem para o Paraguai: mais com­petitividade| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Gol de placa

Desde a olimpíada de Sidney, em 2000, a Austrália percebeu o potencial econômico que eventos esportivos têm para os negócios. Missões comerciais são organizadas para visitação de países-sede de grandes competições internacionais. Em 14 anos, foram 320 eventos, que movimentaram 40 mil empresários. A estimativa é que os negócios estimulados por esses contatos tenham gerado exportações na ordem de US$ 1,7 bilhão para o país.

Diplomatas e agências de desenvolvimento australianas já organizaram visitas ao Paraná em três ocasiões diferentes, desde que a seleção foi sorteada para jogar em Curitiba. As missões também estão percorrendo Cuiabá e Porto Alegre, outras sedes dos jogos da equipe. Agronegócios, gás e energia, educação e tecnologia da informação são as áreas de maior interesse dos empresários australianos.

Artigo

Exportar é fundamental para o país

Felipe Couto, coordenador do Senai Centro Internacional de Inovação

Os dados da balança comercial dos países servem como indicador para demonstrar vocações, forças e fraquezas dos seus setores produtivos. Em 2013, o Brasil teve o pior resultado da balança comercial em mais de uma década, com uma redução de 90% do superávit em relação à 2012. Sob a ótica das exportações, é necessário analisar os dados setoriais para compreender a redução de 1% em relação a 2012. Houve perdas nas commoditites, semimanufaturados e manufaturados. A Protec – associação civil que promove a inovação tecnológica – desenvolveu outro indicador ainda mais desafiador, ao apontar que em setores de alta e média tecnologia, o déficit em 2013 foi de US$ 93 bilhões. Ou seja, a indústria brasileira, além de não conseguir competir no mercado externo, tem perdido mercado internamente.

Apesar de condições macroeconômicas desfavoráveis, é necessário que as empresas busquem também a diversificação de seus mercados. É comum, no meio empresarial, a crença de que o mercado interno é muito grande e é preciso primeiramente consolidar a posição nacional. Ocorre que, ano após ano, tal afirmação oculta a incapacidade gerencial e comercial de atuar externamente.

Ou seja, se o foco das reivindicações pela melhoria da competitividade externa passa pela adoção de políticas públicas, o empresariado, por sua vez, não pode se isentar de seu papel de protagonista de superar as barreiras da concorrência ou mesmo as impostas pelo governo, com diferenciação nos produtos e/ou serviços e abertura de novos canais.

Australianos, iranianos, russos, espanhóis, argelinos, nigerianos, hondurenhos e equatorianos estão atentos aos resultados dentro e fora de campo nos jogos que serão disputados em Curitiba, antes mesmo de o Mundial começar. Nos últimos seis meses, a movimentação de empresários desses países no Paraná cresceu, aumentando a troca de informações sobre infraestrutura, serviços, apoio logístico e possibilidades de negócios com parceiros locais. Por outro lado, a investigação sobre possíveis novos mercados para paranaenses também foi intensificada. "A equipe de inteligência de mercado identifica segmentos promissores e países mais interessantes. Isso dá suporte ao empresário daqui na hora de avaliar as propostas", explica Janet Castanho Pacheco, gerente do Centro de Internacionalização de Negócios (CIN), da Fiep.

A ideia é aproveitar o interesse de estrangeiros no estado e investir nas relações comerciais, identificando oportunidades. "Foi esse movimento que mostrou as possibilidades de exportação para o Irã, comprador da China e da Índia. Podemos fazer bons negócios com eles", diz Janet. Os segmentos mais promissores são os de alimentos e bebidas, automotivo, metal-mecânico e de tecnologia.

A internacionalização das empresas tem sido uma alternativa para crescer e ganhar mais mercado. Na opinião do gerente de relações internacionais e de negócio exterior do Sistema Fiep, Reinaldo Tockus, sair do país é uma quase uma atividade compulsória na rotina empresarial. "Todo empresário deve pensar em internacionalização, independente de fechar ou não negócios no exterior. Olhar para fora ajuda a avaliar o mercado, pesquisar tecnologias e conhecer a concorrência. Se não fizer isso, vai ser engolido pelo estrangeiro", diz.

Rumos diferentes

O processo de internacionalizar a empresa não é instantâneo e pode ocorrer em diferentes formatos. A pesquisa de tecnologia, por exemplo, pode levar o empresário local a importar máquinas e equipamentos para aprimorar sua produção. Outro nível é a exportação dos produtos para novos mercados. "Esse processo é mais demorado, exige avaliação do mercado, adequação de produto e questões burocráticas. Os resultados não são imediatos, mas aparecem. E, apesar das dificuldades burocráticas, tem muito estrangeiro interessado no nosso mercado", diz Janet.

Outro aspecto é a transferência de parte da produção da empresa para países parceiros. O Grupo Hübner, do setor de metal-mecânica, vai instalar no Paraguai uma unidade de montagem de estruturas metálicas. A primeira operação da indústria fora do país deve funcionar a partir de 2015, em um investimento de R$ 3 milhões, assumido pelo sócio paraguaio. "Os custos operacionais podem ser até 30% mais baratos, dependendo do produto. Isso aumenta a competitividade da empresa, que pode vender do Paraguai para todo o mundo, inclusive para o Brasil", explica Nelson Hübner, presidente do grupo.

Começo

Embaixadas dão pontapé inicial

A transferência da operação da Hübner para o Paraguai é um dos resultados concretos de uma missão comercial articulada com o apoio da embaixada daquele país. A ação é comum nas representações diplomáticas internacionais. Muitos dos primeiros contatos comerciais das empresas que desejam sair de seus países de origem são feitos via embaixada. "O apoio é institucional, menos na área técnica e mais na orientação geral", explica o gerente de relações internacionais e de negócio exterior do Sistema Fiep, Reinaldo Tockus.

Quando contatados, os serviços de promoção comercial estrangeiros encaminham as demandas para instituições formalizadas no país de interesse do empresário. A partir daí, eles serão informados sobre mercado, exigências, burocracia e agendamento de contatos. Em 2013, dos 1.670 atendimentos registrados no Centro de Internacionalização (CIN), da Fiep, por exemplo, 30% foram encaminhados via representação diplomática.

O Itamaraty também mantém setores de promoção comercial (Secom) em consulados e embaixadas. No total, 102 escritórios funcionam no mundo, para apoio a empresários brasileiros que buscam mercado externo e também indicação da produção nacional para a importação por países interessados em negócios.

Os Secoms elaboram estudos comerciais, emitem relatórios de oportunidades de investimentos, ficam atentos aos processos licitatórios internacionais e prestam suporte, como o agendamento de negócios nos países onde atuam. É o pontapé inicial para o empresário brasileiro lá fora, que pode acionar os serviços individualmente ou organizado em missões comerciais.

Vitrine

O Ministério das Relações Exteriores também alimenta o portal Brasil Globalnet (www.brasilglobalnet.com), com informações preliminares sobre o país, empresas exportadoras e uma vitrine de produtos. "A ideia é abrir as portas para o empresário brasileiro, especialmente os pequenos, e para isso o contato via embaixada com muitos governos é fundamental. O acesso é mais fácil", explica o ministro Rodrigo Azeredo, diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério das Relações Exteriores.

Entre os segmentos e mercados mais relevantes que o Itamaraty identifica, o ministro destaca o agronegócio no Oriente Médio e os projetos de infraestrutura nos parceiros tradicionais, como Estados Unidos e Europa. O Itamaraty não tem controle sobre o volume de negócios fechados com a participação dos Secoms, mas é confiante nos resultados. "Desde a instalação de embaixadas na África, em 2003, as exportações para lá cresceram 200%", diz Azeredo.

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