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Movelaria Paranista pretende aplicar tecnologia eletroquímica na indústria moveleira | Arquivo/ Gazeta do Povo
Movelaria Paranista pretende aplicar tecnologia eletroquímica na indústria moveleira| Foto: Arquivo/ Gazeta do Povo

PR é estado com mais projetos aprovados em edital do Senai

A busca por fundos para projetos de inovação aumentou no Paraná. Como resultado, o estado foi o líder em projetos aprovados no edital Senai Sesi de Inovação. Dos 112 projetos selecionados, 21, ou 18,7%, são ideias de empreendedores paranaenses. Ao todo, são R$ 30,5 milhões para projetos desenvolvidos em parceria com o Senai (R$ 20 milhões) ou com o Sesi (R$ 7,5 milhões), e em bolsas de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial (R$ 3 milhões), oferecidas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O aporte de recursos por projeto pode chegar até R$ 300 mil.

O programa é dirigido às empresas que desejam desenvolver e implementar um projeto inovador em produtos, processos, serviços ou tecnologias sociais. É o caso da curitibana Imunova, que realiza análises biológicas. "Com este recurso poderemos acelerar a execução de alguns projetos", afirma um dos sócios da empresa, Max Ingberman. Eles desenvolveram um método mais eficaz de diagnóstico dos efeitos de vacinas em aves e suínos.

Cuidados com o meio ambiente também foram valorizados na escolha do Edital de Inovação. Em Curitiba, a Movelaria Paranista, que produz móveis de madeira maciça ecológica, pretende aplicar tecnologia eletroquímica na indústria moveleira. O projeto consiste em diminuir o impacto ambiental dos resíduos de pré e pós-fabricação – ou seja, os materiais descartados no momento de fabricar uma peça e o produto em si, anos depois de ser adquirido pelo cliente.

"O que iria para a natureza pode se transformar em outro produto ou apenas ter o impacto de poluição diminuído, mediante o uso de determinadas tecnologias que serão desenvolvidas com o projeto", explica o diretor da Movelaria Paranista e desenvolvedor da ideia, Aurélio Sant ‘Ana.

Pedro Brodbeck, Gesli Franco, de Maringá, e Telma Elorza, de Londrina

Entendimento

"Adquirir máquinas não é inovação", alerta especialista

Pouco mais de um terço das indústrias brasileiras pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirmam ter realizado algum processo ou produto inovador. No entanto, 46,9% destas empresas alegam que a inovação que introduziram no seu modo de produção é a aquisição de uma máquina nova. "Isto não é inovação. Um dos problemas para a expansão da inovação é acreditar que ao comprar uma máquina para a indústria você está inovando", afirma o gerente de inovação do Senai no Paraná, Filipe Cassapo.

Um alento é a queda de 5% no índice entre a pesquisa feita em 2008 e 2011 e o aumento no número de empresários que afirmam ter incrementado os gastos em atividades internas de pesquisa e desenvolvimento – em 2008 o índice era de 24,5% e três anos mais tarde ficou em 29,8%.

  • Sócios da Imunova, que recebeu aporte, esperam acelerar projetos na área de análises biológicas

A inovação no Brasil está estagnada. De acordo com a última Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (Pintec), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a proporção de indústrias que introduziram pelo menos um produto ou processo inovador caiu de 38,1% em 2008 para 35,6% em 2011. O resultado é reflexo da crise econômica que assolou o mundo inteiro dois anos antes, mas o excesso de burocracia para empreender e a falta de capilaridade dos investimentos e subvenções indicam que pouco mudou de lá para cá.

De acordo com empresários e especialistas do setor, a dificuldade começa quando um empreendedor tenta abrir uma startup (empresa tecnológica em estágio inicial), contratar funcionários e ter acesso a fundos públicos e privados de financiamento. "Este é um dos mais elementares motivos para o modesto índice de inovação registrado no Brasil", afirma Carlos Eduardo Calmanovici, presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadores (Anpei).

Segundo ele, um dos exemplos que evidencia essa morosidade é o número de patentes aguardando análise no Instituto Nacional de Patentes Industriais (Inpi): 160 mil. "Além do mais, é muito difícil contratar o pesquisador sem que ele se desligue de uma universidade, onde leva sua pesquisa. Falta segurança jurídica", explica.

Concentrado

A falta de capilaridade dos recursos é outro ponto que tem travado a inovação no país. No Paraná, por exemplo, apenas 442 empresas realizam projetos internos de pesquisa de desenvolvimento (P&D). "É muito pouco. É preciso expandir e garantir que a inovação chegue a mais empreendimentos", afirma o gerente de inovação do Senai no Paraná, Filipe Cassapo.

No entanto, ele acredita que aos poucos os fundos de inovação estão capilarizando suas atuações, o que pode ter impacto positivo para os próximos anos. "Alguns programas específicos para regiões menos favorecidas foram criados nos últimos meses porque a concentração estava muito flagrante", explica Cassapo. Um deles é o Tecnova, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que lançou em julho um projeto de subvenção de R$ 190 milhões em todo o Brasil, mas com recursos mínimos destinados para cada estado.

Regulamentação

Uma ação que eliminaria boa parte dos entraves burocráticos existentes hoje e, consequentemente, levaria a inovação a um maior número de empresas é a regulamentação da Lei de Inovação. Aprovada no Paraná na metade do ano, o texto ainda não define quais os métodos de subvenção econômica e abatimento tributário para as empresas inovadoras. "É preciso regulamentar a lei o quanto antes. Só com uma regra clara que poderemos mudar de patamar", observa Cassapo.

Gastos em pesquisa crescem em três anos

A queda da taxa de inovação contrasta com indicadores da Pintec que apontam um aumento das atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) das empresas brasileiras. O investimento total das empresas em atividades inovadoras em 2011 foi de R$ 64,9 bilhões – ou 0,71% da receita líquida de vendas das indústrias em pesquisa e desenvolvimento, percentual acima dos 0,62% registrados em 2008.

A relação destes investimentos com o Produto Interno Bruto (PIB) do país, no entanto, ainda deixa o Brasil bastante abaixo de outras nações. Enquanto por aqui o índice está em 0,59%, a China gasta 1,38% e nos Estados Unidos a proporção está em 1,83%.

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