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Dado Borell e Ricardo Jamil, sócios da DSI: na mira de sete fundos de investimentos | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Dado Borell e Ricardo Jamil, sócios da DSI: na mira de sete fundos de investimentos| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

R$ 100 bilhões foi o total investido no ano passado no país em companhias brasileiras por meio de fundos de investimentos nacionais e estrangeiros, conforme a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP).

Interesse

De olho na expansão e na mira dos investidores

Dado Borell e o sócio, Ricardo Jamil Metri, da DSI, foram surpreendidos pelo interesse de gestoras de fundos de investimentos. Criada em 2005 e em atividade comercial desde 2007, a DSI (antes PDVcheck) já tinha passado por outras fases de financiamento, como o apoio de um investidor-anjo europeu, há três anos. A empresa desenvolve soluções em tecnologia para controle e monitoramento de pontos de venda e distribuição varejista. Em 2013, teve R$ 1,3 milhão de faturamento e deve crescer 30% neste ano.

A descoberta do mercado de capitais foi quase por acaso. O perfil da empresa, registrado na ABVCAP, chamou a atenção dos gestores, que convidaram os sócios para fóruns em que pleiteariam investimentos de fundos nacionais e estrangeiros. Foram sete gestoras interessadas na primeira oportunidade de exposição.

A DSI ainda não fechou com nenhum fundo, mas a oportunidade de entrar no mercado de venture capital fez os sócios olharem para o próprio negócio, como identificar novos clientes e observar a saúde financeira. "Entrar em um fundo é acelerar para crescer em dois anos o que faríamos em dez. Se não fecharmos com ninguém, já valeu a pena para calibrar o negócio no mercado", comemora Borell.

Obstáculo cultural

A gestão financeira por capitais de risco é uma antiga modalidade de financiamento empresarial nos Estados Unidos. Mas por aqui a cultura de capital empreendedor ainda está sendo desenvolvida entre o empresariado, que é reticente à entrada de um investidor. "Aos poucos, o empresário entende que os fundos não vão controlar a empresa, mas sim ajudá-lo a avaliar caminhos e tomar decisões que o levem à expansão, muito mais rapidamente do que ele iria por conta própria", aponta Ricardo Barcelos, do Núcleo de Capital Inovador do Senai.

Opinião

Captação de recursos: problema ou solução?

Vitor Roberto Tioqueta, diretor-superintendente do Sebrae/PR.

Abrir a participação de uma empresa, para a captação de recursos externos, não é novidade nos pequenos negócios. Muitos empreendimentos, ainda nascentes, receberam de investidores injeção de capital e deram novos rumos aos negócios. Foi assim com o Google, Apple e Facebook, clássicos que ganharam notoriedade pela "revolução" que provocaram. Parecem exemplos distantes, mas, se pensarmos como foram concebidos, nasceram pequenos, frutos de uma ideia.

Nessa onda, com maior ou menor intensidade, muitas ideias de negócios no Brasil têm prosperado também graças a investimentos externos, sejam de fundos, de bancos, ou de fontes alternativas de captação, como "anjos" investidores e "aceleradoras". Abrir a empresa à captação de recursos externos é uma boa solução, mas requer cuidados, por isso precisa ser pensada e projetada a longo prazo. Dinheiro não é tudo nos negócios.

Um aprendizado comum e unânime, entre os que se já arriscaram nessa seara, é que preparo é fundamental. Não basta apenas um bom planejamento, uma análise de riscos, é preciso desenvolver uma visão empresarial ampliada. Afinal, com o aporte externo, os empreendedores não terão mais o controle absoluto de seus negócios, bem como precisarão compartilhar mais, sobretudo na hora de decidir.

Os adeptos à captação de recursos também precisam ser perspicazes e acertar na escolha dos parceiros investidores. Isso é possível por meio de uma análise criteriosa de pontos positivos e de atenção. Investidores que não vestem a camisa das empresas, que não promovem networking, que não oferecem ativos intangíveis, o chamado smart money, podem virar um grande problema. No caso dos bancos e fundos, os investidores não podem se comportar apenas como repassadores de dinheiro. Cabe também aos empreendedores perceber isso.

Outra orientação aos empresários dispostos a abrir suas empresas ao capital externo é apostar em negócios inovadores e escaláveis, ou então com alto potencial de investimento. Inovação e escala, por exemplo, requisitos em empresas nascentes como as startups, são palavras-chave para essa equação. Características que vão garantir a relação do "ganha-ganha" entre os empreendedores, que não dispõem de recursos para dar "musculatura" aos negócios, e os investidores, que esperam um retorno.

Vender o carro, raspar as economias e fazer papagaio no banco são modelos tradicionais de financiamento de negócios que, aos poucos, vêm sendo substituídos por práticas mais modernas de capitalização, como o mercado de capitais. Grandes empresas do país estão mais familiarizadas com termos como private equaty, Ebitda, governança corporativa e dividendos. Fundos de investimentos nacionais e estrangeiros estão apostando nas companhias brasileiras e injetam recursos para vê-las crescer e participar de seus resultados. No ano passado, foram R$ 100 bilhões em capital comprometido no país, de acordo com a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP).

INFOGRÁFICO: Veja o perfil de cada modalidade de negócio

Para os pequenos, abrir a empresa para um sócio tem sido uma oportunidade para expandir e acelerar os negócios. Os fundos de investimentos são uma alternativa aos empréstimos bancários, cada vez mais caros e restritivos. Além de receber aporte financeiro, a participação de um fundo também se traduz em apoio e orientação para desenvolvimento da empresa. O grande desafio é preparar os empreendedores para defender o negócio e entenderem o mecanismo de funcionamento dos investidores, representados pelas gestoras.

São essas empresas que fazem a avaliação das candidatas a receber o dinheiro captado junto a bancos públicos, agências de fomento, fundos de pensão e investidores avulsos, em pessoa física ou jurídica. "A maior parte dos recursos, no entanto, é de grandes financiadores, como BNDES ou Finep, que lançam editais para aplicação no desenvolvimento empresarial", explica Augusto Muratori, representante da Inseed, gestora de recursos com sede em Belo Horizonte, recém chegada ao Paraná.

Seleção

A Inseed é a mais recente instalação do Hotel de Fundos, uma organização do Senai Centro Internacional de Inovação, da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), que reúne gestores de investimentos com interesse nas empresas do estado. Criado há dois anos, o Hotel reúne 12 gestoras, que recebem em primeira mão as empresas selecionadas e preparadas pela equipe do Senai, além de acesso a estudos produzidos pelos Observatórios das Indústrias.

A Inseed é a primeira a instalar-se fisicamente no ambiente, com um representante dedicado a prospecção de empresas na região Sul do país. A empresa tem interesse na área ambiental e atualmente trabalha com o Fundo de Inovação em Meio Ambiente (Fima), no valor total de R$ 165 milhões.

Parceria

Santo de casa também pode ajudar a fomentar negócios

Nos últimos cinco anos, a queda dos juros no mercado financeiro empurrou os investidores para buscar rentabilidade em outras fontes, fomentando a indústria de capital, especialmente venture, aporte de risco em empresas emergentes, e private equaty, dirigido a empresas maiores, com participação acionária fechada. "Estamos crescendo rápido, ainda que com atraso em relação a mercados mais tradicionais, como os Estados Unidos", diz Leonardo Jianoti, coordenador da área de novos negócios da CWB Capital, gestora de fundos de Curitiba.

A empresa de Jianoti trabalha com recursos de particulares e investe em dois negócios por ano, em média. Hoje são cinco empresas na carteira, com investimentos mínimos de R$ 10 milhões, por cinco a sete anos. O enfoque são empresas que tragam inovação a setores tradicionais da economia. "A participação em fundos profissionaliza o empresário. Ele aprende sobre o próprio negócio e entende os riscos que o parceiro capitalista assume quando investe", diz.

Apostar em novos negócios está no escopo da M3, empresa que Marcel Malczenski, fundador da Bematech, criou para gerir os próprios investimentos. Entre eles, a sociedade da M3 com a Trivèlla, outra gestora de recursos, com sede em São Paulo. Nessa parceria, a M3 Trivèlla lançou o primeiro fundo em 2011, de private equaty, no valor de R$ 10 milhões, aplicados em quatro empresas.

Neste ano, R$ 20 milhões foram captados até janeiro e outras quatro empresas devem receber os recursos até o fim do ano. A mudança no perfil do empreendedor está estimulando Malczenski a estudar o aporte em startups. Além dos três empreendimentos que receberam seu apoio, como investidor-anjo, o empresário tem outros três sendo avaliados, que receberão R$ 1 milhão, no total.

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