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Lúcio Novaki, da Copycity começou a participar de licitações ainda no início do negócio, há 23 anos | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Lúcio Novaki, da Copycity começou a participar de licitações ainda no início do negócio, há 23 anos| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Opinião

Made ou Designed in Curitiba

Felipe Couto, coordenador do Senai Centro Internacional de Inovação

A atual administração do município de Curitiba atende a uma demanda ao apresentar o projeto de lei voltado às empresas de pequeno porte e empreendedores. Por outro lado, nós cidadãos de Curitiba não podemos simplesmente esperar que a legislação nos torne uma cidade mais empreendedora. Todo o processo de mudança sustentável implica numa evolução e aumento gradual de seus impactos. Ainda que não seja plenamente suficiente em si, o envio do projeto de Lei à Câmara de Municipal de Curitiba é um marco e deve ser comemorado por nos permitir ter uma visão da sociedade que nossa cidade deseja ser.

A visão que devemos perseguir deve ser dentro de um horizonte de 5 a 10 anos, ter casos de sucesso de empresas e empreendedores que são líderes em seus mercados de atuação. Devemos sonhar com um produto, solução ou serviço curitibano sendo comprado ou utilizado por brasileiros de outros estados e também moradores de cidades de outros países.

Esta visão nos confronta hoje à realidade de que a maioria dos produtos ou serviços de alto valor agregado não são "Made ou Designed in Curitiba", ou até mesmo Paraná. Não devemos ter uma compreensão bairrista e limitada ante a complexa realidade dos mercados, mas podemos, e precisamos almejar, que tenhamos alguns casos de empresas líderes mundiais, nascidas ou sediadas em nossa cidade. No dia em que pudermos identificar uma empresa curitibana líder em seu mercado ou com presença global, daí sim, poderemos ter a convicção de que a lei apresentada hoje realmente saiu do papel. Para que este sonho seja vivenciado, precisaremos de políticas públicas efetivas e iniciativa de empreendedores com real diferencial competitivo.

Como até que isso ocorra teremos mais de um partido na administração municipal, é fundamental que a sociedade curitibana se comprometa com esta visão, demandando, e até mesmo exigindo dos governantes do Executivo e Legislativo, o cumprimento dos objetivos de nossa cidade. O sonho é grande bem como as dificuldades a serem superadas, mas depois de 321 anos temos experiência e recursos suficientes para ser a cidade que quisermos ser.

Cadastro

Veja como incluir a empresa no cadastro de compras da prefeitura de Curitiba:

• Documentação

Certifique-se de que possui todos os documentos exigidos para a habilitação como fornecedor. A lista de 16 itens está no site www.e-compras.curitiba.pr.gov.br, no menu "certificado de registro de habilitação".

• Senha e login

No mesmo site, o novo usuário cria o cadastro no item "cadastre sua empresa/usuário", onde também preenche os dados da empresa e anexa os documentos exigidos.

• Análise

A documentação será verificada em até 48 horas. Em caso de documentação incorreta, a empresa é reprovada temporariamente até a regularização.

• Suporte

Informações pelo e-mail ecompras@curitiba.pr.gov.br ou nos fones 3350-9033 e 3350-9020.

Quase metade dos R$ 176 milhões que a prefeitura de Curitiba gastou em compras em 2013 foi para pagamento de fornecedores representados pelas micro e pequenas empresas (MPEs) do município. De material para escritório a serviços mecânicos, foram mais de 13 mil itens, negociados com 2.260 MPEs que venceram 1.216 dos 1.252 processos homologados no ano passado. No total, essas empresas receberam R$ 85 milhões. Agora, o esforço do poder público em incluir a MPE nos processos licitatórios de compras passará a ser exigido por lei.

O projeto de lei complementar n.º 002.00018.2013, de autoria do Executivo, aguarda sanção do prefeito Gustavo Fruet para entrar em vigor. Até o início de junho, as empresas públicas subordinadas à administração municipal deverão incluir as MPEs em suas licitações de bens divisíveis nos processos de até R$ 80 mil, como material de expediente, por exemplo. "A participação das MPEs na rotina administrativa do município é indispensável. Como fornecedoras, elas podem demonstrar a qualidade superior do seu trabalho, tanto em produto, como em serviço, atendimento e respeito aos prazos", observa Juarez Varallo Pont, superintendente da Secretaria Municipal de Administração de Curitiba.

Entre outros benefícios garantidos pela lei está a flexibilização burocrática para participação do edital – a documentação completa será exigida na assinatura do contrato – e a terceirização de até 30% para as pequenas no montante contratado pelas grandes empresas. "Agora temos que investir na capacitação dos empreendedores para participarem dos certames, aumentando a presença das MPEs nos editais e no cadastro dos fornecedores da prefeitura", diz a presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento, Gina Paladino.

Com postos de atendimento para o micro e pequeno empreendedor instalados nas regionais até o final de 2015, a Agência pretende ser a ponte entre o fornecedor e o cliente governamental, auxiliando na formalização do negócio e nas questões burocráticas. Hoje, 6.050 MPEs estão cadastradas e aptas a vender para a administração pública de Curitiba. Em todo o município, 148 mil empresas são classificadas como micro e pequenos empreendimentos.

Além da Agência Curitiba, os empreendedores da capital também podem recorrer ao Sebrae, que mantém na capital – e em mais 113 municípios do estado – o programa Cidade Empreendedora, que tem como objetivo criar acesso aos mercados e apresentar oportunidades. "No pequeno município, o estímulo gira a economia: a prefeitura compra do pequeno empreendedor, que devolve parte em impostos e investimentos", explica o consultor Vinícius Milani, do programa Compra Curitiba.

Em Londrina, negócios giram R$ 1 bi por ano

Ter uma empresa pública como cliente é um desafio ao micro e pequeno empreendedor. Exige formalização da empresa, além de planejamento estratégico de produção e administração financeira do negócio. "Vender para o poder público tem suas peculiaridades. Além da documentação em dia, o empresário precisa estar pronto para fazer a entrega e ter capital de giro para esperar os prazos de pagamento", diz o consultor do Sebrae Vinicius Milani, responsável pelo programa Compra Curitiba.

Criado para capacitar o empresário para as compras públicas, o programa reuniu 500 empresas no primeiro curso, promovido em março. "Mais de 80% dos participantes nunca tinham participado de licitações, grande parte por desinformação ou falta de capacidade", comenta Milani.

Mas o mercado tem potencial. Só em Londrina, no Norte do estado, uma pesquisa do Sebrae apurou o valor negociado entre as MPEs e 60 empresas públicas locais: R$ 1 bilhão por ano. Levantamento semelhante está sendo feito em outras 14 cidades do estado e até o fim do ano serão conhecidos os perfis dos compradores públicos, com as características dos produtos consumidos, quantidades e periodicidade.

Boa experiência

Há dez anos, cartões de visita, apostilas, banners e muitos produtos de impressão digital que o Sebrae-PR utiliza são fornecidos pela Copycity, gráfica rápida instalada no bairro Portão, em Curitiba. Com 20 funcionários, a empresa de Lúcio Novaki tem 23 anos de atividade e outros compradores públicos na sua carteira.

Novaki começou a participar de licitações ainda no início dos negócios, logo depois de perder um grande cliente. "Passei a estudar as licitações e atuar no segmento. Mas é preciso ter tudo em dia, não ter pendências jurídicas e pagar os impostos e taxas exigidos", explica. Hoje, o faturamento da Copycit é igualmente dividido entre os clientes das empresas públicas, da rede privada e no atendimento do balcão.

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