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Celso Zanardine, da Irmãos Abage: mudança para o bairro transformou o perfil da clientela | Antônio More / Gazeta do Povo
Celso Zanardine, da Irmãos Abage: mudança para o bairro transformou o perfil da clientela| Foto: Antônio More / Gazeta do Povo

Razões

Consumidores destacam a comodidade do comércio local e evitam o Centro

Comprar no comércio dos bairros é prático para os consumidores. Morador do Bacacheri, Cleyton Soares precisou de cabos e outros itens de elétrica e foi até a loja da Irmãos Abage, do Hauer. "Não costumo fazer compras no Centro. É difícil estacionar e as lojas não são tão grandes, não têm tanta variedade. Aqui é um pouco longe, mas prefiro mesmo assim", conta.

Já a aposentada Marli Schwartz mora na região e diz que encontra a maioria das coisas que necessita no bairro ou em regiões próximas. "Acho muito mais fácil porque é perto e tem quase tudo que a gente precisa", afirma.

Em alguns casos, a comodidade do comércio de bairro chega a ser invejada por quem mora no Centro. O advogado Eduardo Ferreira trabalha na região central e mora no Centro Cívico. Ele diz que gostaria que algumas lojas não fossem tão afastadas. "Nem sempre é fácil comprar materiais de construção ou de iluminação na região central e não temos muitas opções de loja. Temos que ir para outros bairros por causa disso. Preferia ter mais opções no Centro, com certeza."

A localização de uma empresa pode ser determinante para o sucesso do negócio. Estar perto do consumidor e oferecer facilidades para quem mora em uma determinada região é uma das principais características de lojas que dominam os bairros de uma grande cidade, como Curitiba. Muitas ganham musculatura e, além de garantir o atendimento da vizinhança, atraem consumidores de outras áreas. Com mais espaço para variedade e muitas vezes preços mais competitivos, esses estabelecimentos descentralizam o comércio, fidelizam clientes e garantem espaço no mercado.

Para o presidente da Associação Comercial do Paraná, Antônio Miguel Espolador Neto, a descentralização do comércio é um fenômeno natural, principalmente em cidades grandes, em que é cada vez menos prático ir para o centro da metrópole. Além disso, comércios mais antigos se tornam referência para os consumidores locais. "Os primeiros clientes dessas lojas eram os vizinhos. Elas ajudaram a desenvolver o bairro e ambos cresceram juntos, tornando-se uma referência da região", comenta.

Um dos exemplos é a Irmãos Abage, loja de materiais hidráulicos e elétricos. A empresa abriu as portas em 1925, na Lapa, e só em 1947 chegou à capital. Como boa parte das vendas atendia o setor corporativo, em 1981 a empresa decidiu deixar o Centro e se transferir para um bairro mais afastado, o Hauer, facilitando a logística e o trânsito de caminhões.

A loja tem hoje o mesmo tamanho que tinha quando foi aberta, mas mudou a forma de operação. Inicialmente, o atendimento era feito em um pequeno balcão e o restante do espaço era para o estoque. Em 1996, os administradores decidiram expor alguns produtos sem giro em uma área para autoatendimento. Com o sucesso do formato, ampliaram esse setor até que ele ocupasse a maior parte das instalações.

"A mudança transformou o perfil do nosso público. Antes, a frequência maior era de eletricistas e dos pais de família, que pediam os itens no balcão enquanto a mulher e os filhos esperavam no carro. Agora todos entram na loja. As mulheres gostam de vir aqui. Aumentamos também a variedade de produtos", explica o diretor comercial Celso Zanardine.

A Irmãos Abage tem outras duas unidades, uma no Campina do Siqueira e outra no Novo Mundo. A empresa atende consumidores da cidade inteira. "A gente percebe que a loja virou uma referência do setor, muita gente vem de outros bairros para comprar aqui", conta Zanardine.

Propaganda boca a boca faz diferença

A loja de confecções Marely Modas foi aberta em 1976, quando Marely Favoretto Ferreira mudou-se de São Paulo para Curitiba. No início, montou o negócio em um imóvel de 35 m², na Vila Izabel, em Curitiba. "Na época não existia muito comércio fora do centro da cidade, os supermercados não vendiam roupas e não existia muitos shoppings. A loja atraiu muitos clientes", conta a filha Mayra Favoretto Ferreira Pazin.

Inicialmente, a maior parte dos clientes era do próprio bairro e, com o tempo, Marely abriu outras duas lojas: no Água Verde e no Portão. A fundadora diz que nunca pensou em ir para o Centro, por causa do preço do aluguel maior. Ainda assim, os clientes não são mais tão locais como antigamente. "Temos clientes de vários bairros hoje. Em parte, porque os primeiros tiveram filhos, que moram em outros lugares mas continuam vindo aqui. Mas muito também foi propaganda boca a boca e a coisa foi se espalhando", conta Mayra.

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